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Ensaio de casamento 'diferentão' é lindo, mas não é pra todo mundo

Colaboração para o UOL, em São Paulo

23/05/2016 07h02

Tendência entre os noivos há algum tempo, o "engagement session", um ensaio fotográfico descontraído, assim como o "trash the dress", em que a noiva destrói o próprio vestido em locações radicais, custam, além do investimento financeiro, paciência e muita disposição.

Assim, o primeiro passo para realizar essa empreitada é o casal realmente querer fazer as fotos, estar confortável e se divertir no processo. São, geralmente, três dias de sessões e se um dos noivos não está afim, a experiência já começa com um problema. O segundo requisito é estar ciente de que a alegria e a química vistas no site do casamento, em porta-retratos ou nos telões da festa, podem ter outra cara nos bastidores.

Fontes: Claiton Luiz da Silva, fotógrafo do Studio Manara, e Guilherme Correia, fotógrafo da Correia Fotografia.

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  • Getty Images

    Respeite o planejamento

    Os preparativos do ensaio começam dias antes, quando a equipe de apoio e os noivos recebem do fotografo-chefe as orientações. Se a locação envolve uma viagem, por exemplo, na noite anterior ou pela manhã o casal parte para o destino, que pode ser uma cidade histórica nas montanhas um uma praia paradisíaca, entre outras locações. Os profissionais costumam ir à frente, discutindo a parte artística do trabalho, como o tema e possíveis locais para as fotos. Se o planejamento é cumprido, a chegada não é improvisada, mas requer soluções rápidas para questões emergenciais, como no caso de os noivos sofrerem "assédio" de turistas. "Uma vez, enquanto realizávamos um ensaio no Rio de Janeiro, uma excursão de chineses se aglomerou ao redor dos noivos confundindo-os com artistas", conta o fotógrafo Claiton Luiz. Gentilmente, como orienta Claiton, é preciso limitar a aproximação, mas também procurar evitar os pontos turísticos na alta temporada ou aos fins de semana.

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    Hora do figurino

    No local das fotos ficam, pelo menos, cinco pessoas: fotógrafo, maquiador, cabeleireiro, produtor e assistente e os noivos geralmente são submetidos a uma maratona de trocas de roupas, adereços, maquiagem e, até, sujeira 'de verdade' no vestido (para o "trash the dress"). Mas, apesar dos preparativos, algumas vezes a produção do casal ocorre em locais improvisados. "Aconteceu comigo: na estrada congestionada, fiz meu noivo parar o carro para eu ajeitar o penteado com algumas flores que colhi perto do acostamento", conta a administradora de empresas Luana Lumasini, que se casou em abril.

  • Manara Studio/ Divulgação

    Aceite o clima

    "Nunca esperamos a luz ou o tempo perfeitos. Costumamos nos adaptar às situações e convencemos nossos clientes a fazer o mesmo", esclarece o fotógrafo Claiton Luiz. Por isso, esteja ciente de que nem a chuva é capaz de atrapalhar o que foi planejado: o "fator real" pode ser admitido pela equipe abrigada em longas capas de chuva e o ensaio segue. Se o dia estiver ensolarado, as cores quentes, como amarelados e avermelhados, são as exploradas, mas também há incômodos como o calor e o suor. A experiência da então noiva Luana Lumasini, foi em um dia de sol: "Tivemos sorte, o dia estava lindo. Mas com o calor que fazia, eu e meu noivo não conseguíamos ficar descalços por muito tempo e as fotos tiveram de ser feitas com a gente correndo ou pulando". Em épocas nubladas, as sombras suaves e a coloração cinzenta são aproveitados para criar uma atmosfera aconchegante.

  • Studio Manara/ Divulgação

    Emoção e resistência

    Se para os noivos é grande a emoção ao escutar o primeiro "digam X" em meio à natureza, também deve ser imensa a paciência para repetir as poses (fotografadas de vários ângulos), às vezes, desconfortáveis. Também é preciso ter resistência: se uma sessão de fotos em estúdio é longa e cansativa, um ensaio em locação externa gera mais estresse, porque a chance de imprevistos é maior. "Eu e minha equipe andamos horas em uma trilha pedregosa com o equipamento nas costas para chegar à cachoeira onde foi gravado o filme 'Crepúsculo', porque era um sonho da noiva ser fotografada lá", lembra o fotógrafo Claiton Luiz. Neste tipo de situação, é recomendável usar tênis com solado antiderrapante ou botas de caminhada. E é necessário um pouco de preparo, repelente contra insetos e um bom filtro solar. "Fiz meu ensaio fotográfico em Ilhabela, no litoral paulista, e por lá os mosquitos são cruéis", alerta a administradora de empresas Luana Lumasini, que também escalou rochas escorregadias e atravessou arbustos espinhosos no dia de fazer as fotos.

  • Getty Images

    Photoshop?

    Um fotógrafo faz, em média, 1.500 fotos por ensaio. Após a primeira edição, as imagens são enviadas para o estúdio para a seleção final que será apresentada aos noivos. Alguns contratos podem ter uma "cláusula de aprovação", que dá ao casal o direito de conferir todas as fotografias. A equipe de arte faz o tratamento das imagens eleitas pelos pombinhos, mas, geralmente, a ferramenta Photoshop serve apenas para corrigir detalhes de cor e pequenas imperfeições. "Nós só removemos uma cicatriz, um machucado, uma espinha que nasceu naquele dia. Os noivos não são celebridades, então procuramos deixá-los bem naturais", afirma o fotógrafo Guilherme Correia. Há, porém, versões de ensaios que pedem tratamentos de imagem extremos, a fim de criar uma atmosfera irreal, como na foto que ilustra este tópico.

  • Getty Images

    E quanto custa?

    Os ensaios de casamento fora da cerimônia custam a partir de R$ 1.500. O valor, todavia, está sujeito a variações por conta do tipo de tratamento de imagem, número de fotos ou locação escolhida. Pode haver, também, acréscimos devido aos custos de deslocamento da equipe, passagens aéreas, hospedagem, combustível etc.. Além das fotografias, alguns profissionais fazem vídeos durante as sessões, nos quais os casais relembram um pouco sua história. "Tudo é uma oportunidade para entendermos como é o relacionamento deles", explica o fotógrafo Guilherme Correia, que cobra, só pelo vídeo, R$ 1.000.