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Elementos "das antigas" cabem no décor clássico e até moderno; veja

No espaço projetado por Ivan Wodzinsky, as boiseries enfatizam o tema clássico da ambientação - Divulgação
No espaço projetado por Ivan Wodzinsky, as boiseries enfatizam o tema clássico da ambientação Imagem: Divulgação

Karine Serezuella

Do UOL, em São Paulo

02/01/2013 07h03

Boiseries, passamanes, dosséis. Talvez seja complicado identificar pelos nomes o que são estes elementos decorativos. Porém tais adornos e acessórios usados em séculos passados continuam em voga na decoração de estilo clássico ou até mesmo em projetos mais contemporâneos, combinados com elementos modernos.

O UOL Casa e Decoração conversou com arquitetos e designers de interiores que apresentam os objetos “das antigas” e dão dicas de como aplicá-los sem medo de errar.

Antiguinhos: conheça os elementos decorativos

1.    Boiseries

Pronuncia-se "boaserrí". O nome que pode soar estranho, mas provavelmente você já viu em alguma decoração este acabamento criado na França do século 17. Na época, a pequena e sinuosa moldura nas paredes era fabricada somente em madeira e deixava os ambientes mais suntuosos e sofisticados. O arquiteto Pedro Scalise explica que hoje o elemento é feito principalmente de gesso ou polipropileno (um tipo de plástico) e é colado na parede.

2.    Passamanes

  • Elementos decorativos antigos como borlas nas cortinas deixam o ambiente suntuoso

As designers de interiores Fabiana Visacro e Laura Santos, da VS Design, contam que o passamane, uma classe de acessórios entre os quais estão os galões e entretecidos, surgiu na Idade Média, quando os cordões trançados eram usados em cintos. A denominada passamanaria é o local onde se fabrica estas fitas, cordões ou bordados hoje aplicados, em geral, para adornar cortinas, barrados de sofás e almofadas.

3.    Pompons e borlas

O pompom e a borla (tufo de onde pendem os fios) são itens feitos de linha ou lã que servem normalmente como puxadores de cortinas, acompanhados de pendão (o chumaço de fios) e franja. Mas também são usados para enfeitar almofadas.

4.    Dosséis e mosquiteiros

O dossel é o conjunto de hastes e traves que é colocado sobre as camas ou berços para dar suporte ao tecido do conhecido mosquiteiro. “Surgiu com a função de proteger as pessoas de insetos durante o sono, mas hoje tem apelo estético”, explica a arquiteta Estela Netto. Para a confecção dos dosséis, são utilizados diferentes materiais como madeira, ferro e bambu.

5.    Revestimento capitonado

Este acabamento dado ao estofamento de sofás e poltronas apresenta depressões feitas em intervalos regulares obtidas pela costura do revestimento na estrutura da peça. Entre as depressões, em geral arrematadas por um botão, formam-se volumes quadrados, retangulares ou losangulares. Esse trabalho pode ser usado em qualquer tipo de superfície estofada, como em cabeceira de cama e pufes.

  • O dossel sem mosquiteiro, no quarto assinado por Alexandre Lobo e Fábio Cardoso, tem ar moderno

Como usá-los sem errar

Apesar de terem sido criados para dar suntuosidade e peso à decoração das residências, palacetes e palácios antigos, esses elementos ainda podem ser aplicados em diferentes ambientes ou estilos. “São recursos sempre bem-vindos porque, além de bonitos, possuem apelo cultural, contam uma história”, diz Netto.

Mas vale mesmo em decorações modernas? Para Scalise, tudo depende do material de que estes itens são feitos. “Por exemplo, uma peça capitonada em jacquard [um tipo de tecido] fica clássica, porém, se a mesma for estofada em material vinílico ou metalizado, ganha aspecto contemporâneo”, esclarece.

  • Para não pesar na decoração, experimente usar
    os pompons no mesmo tom da cortina

Visacro ensina outro jeito de aplicar um material inusitado em uma peça com este tipo de acabamento: “Uma poltrona capitonada, por exemplo, pode ganhar estampa de chita e ser disposta no ambiente sobre um tapete de sisal. Assim há uma releitura do processo e estilo e agrega-se valor ao espaço, antes mais simples”.

Outra forma de usar os "antiguinhos" continua a ser nos cortinados. Em áreas de passagem, por exemplo, você pode colocar um cortina feita de pompons em cores alternadas, fixados em fios de náilon, criando uma divisão sutil e divertida entre os ambientes.

Mas se para o seu gosto cortinas com borlas e franjas pesam demais, pense outra vez: uma paleta monocromática permite que os ornamentos sejam usados com leveza e sofisticação.

Com as boiseries, é fácil inventar diferentes arranjos e aplicações. As molduras nas paredes podem receber uma coloração diferente ou mesmo ser valorizadas pelo efeito da luz focada de arandelas. No interior da moldura, vale instalar um papel de parede ousado ou ainda fazer neste espaço uma composição de pequenos quadros.

Mas atenção! Não exagere: por serem marcantes e caracterizarem uma época definida, muitos elementos decorativos de estilos diferentes em um único ambiente podem revelar desorganização e poluição visual, por isso o conselho é usar estes recursos pontualmente e com parcimônia.

“O que torna qualquer decoração 'over' ou brega é usar coisas que não tenham nada a ver com o repertório estético do morador. Nunca use elementos com os quais você não dialoga", lembra Netto.