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Ícones kitsch, flores artificiais decoram a casa sem deixá-la brega

Para o lavabo, a arquiteta Marília Caetano escolheu a planta artificial que imita a espécie dinheiro-em-penca  - Divulgação
Para o lavabo, a arquiteta Marília Caetano escolheu a planta artificial que imita a espécie dinheiro-em-penca Imagem: Divulgação

Simone Sayegh

Do UOL, em São Paulo

22/04/2013 07h00

As plantas artificiais, ao contrário do que se pensa, podem proporcionar frescor e beleza aos ambientes da casa. Bem diferentes daquelas flores permanentes vendidas em décadas passadas, elas hoje são produzidas com cuidado e delicadeza e se aproximam bastante da aparência das verdadeiras. Veja as dicas dos profissionais e deixe sua casa mais bonita com a facilidade de não precisar conhecer o modo de cultivo da planta ou a durabilidade da flor.

Parece mas não é

Hoje em dia há quem não consiga diferenciar a falsa da verdadeira. “Cheguei a tocar em um copo de leite e duvidar que era falso”, conta o arquiteto Gustavo Calazans. Além da visível melhoria na qualidade, para garantir a aceitação desse tipo de produto no Brasil, os fabricantes e importadores têm tentado mudar a visão dos consumidores. Uma das estratégias foi alterar a designação de artificial para permanente exatamente para fugir da artificialidade grosseira de décadas atrás e tirar partido da maior qualidade do produto, a durabilidade.

“Com muito cuidado, sutileza e bom gosto podemos decorar com flores artificiais”, acredita a arquiteta mineira Giselle Madeira. Para ela, os arranjos naturais são bonitos somente no dia que são montados, depois perdem a vida e deixam a casa com cara mal cuidada. “As flores artificiais não têm esse tipo de problema, se bem escolhidas vão deixar o ambiente sempre alegre e bonito”, diz.

Além disso, como não necessitam de luz, estes produtos podem ser a solução perfeita quando se quer enfeitar um canto escuro ou sem ventilação. Para a arquiteta Flávia Soares, as flores, plantas e frutas artificiais só devem ser especificadas em projetos em que não há nenhum tipo de iluminação natural. “Soma-se a falta de tempo do proprietário de cuidar de uma planta verdadeira”, completa.

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    Para o arquiteto Calazans, vale usar arranjos artificiais em todos os locais desejados, como mostra no ambiente

Assim como Madeira, a arquiteta Marília Caetano opta por colocar esse tipo de produto afastado do toque humano, em locais de difícil acesso, em estantes ou canto de livings. “Prefiro que ainda fique a dúvida se a planta é artificial ou não”, explica. Caetano também indica a utilização de plantas naturais com detalhes artificiais, que deem suporte, como a utilização de musgos permanentes em vasos de orquídeas.

Calazans discorda das colegas. Para ele, nenhuma visita vai tocar em uma planta ou flor dentro da casa de alguém, portanto vale colocar estes arranjos artificiais em todos os locais desejados, inclusive em centros de mesa, lavabos, aparadores ou mesas laterais. “É muito mais fácil as pessoas tocarem nas flores em eventos ou lojas, onde a circulação de pessoas é maior e há menos limites”, acredita.          

Quase naturais

Apesar das novas possibilidades de uso na decoração, ainda resta a pergunta: como fazer para o arranjo não ficar “brega” ou “kitsch”? A resposta está na quantidade e qualidade: quando se busca naturalidade e elegância, o ideal é não mesclar muitos tipos de flores, nem muitas cores.

“Se usar algo com cor em algum arranjo de destaque, o ideal é que as outras flores sejam brancas ou neutras, ou da mesma cor e tipo da flor que já foi usada”, explica a arquiteta Paula Ferraz. A função dos arranjos florais é trazer delicadeza, cor e frescor para o ambiente ou ainda destacar um móvel diferente.

“Como servem para adornar e garantir um diferencial, espalhá-las pela casa toda causa um efeito contrário”, explica. Na hora de montar o arranjo, Ferraz recomenda que se pense na possibilidade de vê-lo de vários ângulos, para evitar que se evidencie um pedaço pobre ou mal elaborado. 

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    As orquídeas artificiais possuem detalhes que as deixam bem parecidas com as naturais

Madeira concorda que o excesso e a escolha de cores extravagantes e fora da realidade contribuem para o aspecto artificial do arranjo. “Fazer um arranjo permanente é como fazer um natural, deve-se ter muita sutileza ao escolher tamanho, cores e texturas”, explica. É importante comparar as dimensões das flores com o vaso e a superfície onde será colocado o vaso, para criar um espaço harmonioso e valorizado. 

Uma dica básica é evitar arranjos muito altos no centro das mesas de jantar ou almoço. Outro grande erro é achar que elas duram para sempre e simplesmente “esquecê-las” como parte do mobiliário da casa. “Sempre que possível é bom renovar a decoração da casa e mudar os arranjos de flores. Elas são permanentes, mas não para sempre”, salienta.

Na hora de escolher as espécies, é importante adquirir cópias nativas da região ou que estão na estação de floração, para se adequar à temporada.  “Escolher uma espécie que só sobrevive no sul do país e sua casa é no nordeste é um certificado que sua decoração é artificial”, explica.  

As flores devem ser as mais naturais possíveis, com folhas macias e espinhos que conferem autenticidade à peça, assim como as folhagens que devem apresentar um tom de verde mais real possível. “Algumas flores como lírio ou orquídea são muito parecidas e quando plantadas em vasos podem passar a impressão de verdadeiras”, indica a arquiteta Giselle Madeira que recomenda as plantas artificiais feitas de silicone, que são mais próximas das naturais. Tenha cuidado redobrado se optar pelas de plástico.  

A duração dos arranjos depende basicamente da qualidade do produto e do local em que será usado. Quando não expostas ao sol, as flores permanentes duram muito mais tempo, por isso não são indicadas para áreas externas da casa como o quintal. “Mas é muito importante ficar atenta às cores, quando elas começarem a perder a vida e desbotar já está na hora de trocar”, aconselha Madeira.

Para limpar as flores com acúmulo de poeira, o ideal é lavá-las com detergente neutro e colocá-las para secar com a cabeça para baixo, em um local sombreado.