Umidade na base da parede pode enfraquecer a estrutura; trate
Se a pintura na base de uma parede começa a ficar com uma coloração diferente, pode haver algum problema de umidade ali. Depois, não necessariamente nessa ordem, vêm o bolor, o escurecimento do revestimento (do amarelado ao preto), bolhas e descascamento da tinta, e o aspecto úmido ao ponto de você tocar e sentir a área molhada.
Há quem adie a identificação da causa dessa umidade ascendente e deixe para depois o tratamento, entretanto, especialistas desaprovam esta atitude. “Sem o uso de um impermeabilizante, a água que se infiltrou é absorvida no interior da parede. Esse movimento de ‘sugar e secar’ vai deixando o concreto pulverulento [que se reduz a pó] e a estrutura fragilizada”, explica a gerente técnica da empresa Vedacit/Otto Baumgart, Eliene Ventura.
Segundo o engenheiro civil, Antonio Donizete Augusto, se deixada sem tratamento a infiltração pode corroer o baldrame [tipo de fundação comum em pequenas construções, composta por uma viga de alvenaria, concreto simples ou armado construída diretamente sobre o terreno] e, até mesmo, comprometer a estrutura. O primeiro passo para sanar o problema é consultar um engenheiro civil para avaliação das marcas e bolhas.
Mas de onde vem essa água?
Para as manchas na base da parede, é muito provável que a umidade ascendente decorra da água presente no solo. Essa água pode vir dos temporais que encharcam a terra, da chuva que bate diretamente na parede externa ou, então, do lençol freático, caso ele se encontre próximo à estrutura. Augusto recomenda que em locais onde o lençol freático é muito superficial, a casa ou prédio sejam elevados do nível do terreno para evitar problemas futuros.
A água presente no solo pode chegar às paredes porque os materiais da estrutura (concreto, tijolo, areia) são porosos. Por isso, deve-se pensar previamente na impermeabilização da fundação, do contrapiso e, claro, das paredes em si.
Em casas, o aparecimento de manchas de umidade na base da parede pode sinalizar que a impermeabilização da fundação não foi feita de maneira correta. “Este problema é mais difícil de consertar, porque, depois de pronto, você tem acesso limitado às fundações”, salienta o arquiteto da Souza Lima Construtora, Pedro da Silva Prado.
A aplicação da argamassa polimérica deve ser feita diretamente sobre os tijolos ou blocos
Para conter esta água que vem do solo e que não encontrou a barreira impermeável na fundação, existem tratamentos paliativos que prometem barrar essa umidade excessiva, como a cristalização da parede e a argamassa polimérica.
A cristalização é um processo de estaqueamento, um tipo de impermeabilizante que reage com a água e forma cristais é injetado na base da parede. De acordo com Prado, o serviço é caro, precisa ser feito por profissionais habilitados e não garante totalmente de que a umidade não volte.
Já a argamassa polimérica é composta de um pó (cimento, aditivos especiais e agregados minerais) e um líquido (polímeros acrílicos). A aplicação, com brocha ou trincha, deve ser feita diretamente sobre os tijolos ou blocos. Portanto, é preciso remover todo o revestimento, o reboco e o chapisco da parede. “Apesar de ser trabalhoso, o uso da argamassa polimérica é bastante eficaz para conter a umidade”, afirma Eliene Ventura.
Ventura acrescenta que é importante aplicar a argamassa por toda a largura da parede afetada até um metro de altura, e em pelo menos 50 centímetros das paredes laterais e no rodapé do piso. “Se você aplica apenas naquele ponto onde há marcas, acaba por criar uma barreira, mas a água pode desviar e continuar infiltrando”, explica.
Previna-se
Para não ter problemas decorrentes de umidade no rodapé das paredes, invista na prevenção ao construir sua residência e tome certas precauções:
- Antes de comprar um terreno ou uma casa, converse com os vizinhos sobre possíveis problemas de umidade e pesquise sobre a profundidade do lençol freático (esta dica vale também para compra de apartamentos na planta).
- Avise o engenheiro responsável pela obra caso, durante a escavação, o terreno apresente umidade excessiva a menos de um metro de profundidade.
- Para evitar manchas nos rodapés, é preciso impermeabilizar a fundação, o contrapiso e as paredes externas e internas.
- Ao levantar a parede, para firmar as juntas verticais e as fiadas de tijolos, use argamassa de assentamento hidrófuga [que contém aditivo impermeabilizante].
- Misture algum produto impermeabilizante na argamassa do reboco [a última camada aplicada à parede antes da pintura]. Este aditivo hidrófugo deve atender os parâmetros da ABNT NBR 16072 - Argamassa Impermeável. A norma estabelece os critérios mínimos para a mistura de cimento, areia, água e aditivo.
Contudo, não acrescente aditivos hidrófugos à massa do chapisco [primeira camada irregular e grosseira do revestimento], porque a substância impermeável pode prejudicar a aderência do reboco, feito em seguida.
- A manta asfáltica [material impermeabilizante pré-moldado à base de asfalto] é bastante indicada para uso em lajes, telhados e contrapisos. Em paredes, pode até ser usada, porém, deve ser aplicada após o assentamento dos blocos e a aplicação do chapisco e de uma camada de reboco mais fino. Depois de colada a manta, uma nova camada de chapisco e reboco deve ser feita, o que encarece o custo da construção.
- O caimento das lajes de cobertura precisa direcionar a água aos ralos a fim de evitar empoçamento.
- Comparados aos tijolos de cerâmica, os blocos de concreto absorvem menos umidade.
Fontes consultadas: Antonio Donizete Augusto, engenheiro civil; Eliene Ventura, gerente técnica da empresa Vedacit/Otto Baumgart e Pedro da Silva Prado, arquiteto da Souza Lima Construtora.
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