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Arbusto é resistente ao calor e pode formar cerca viva; veja como cultivar

A clusia (Clusia fluminensis) é um arbusto com folhas "gordinhas" que pode alcançar sete metros de altura - Divulgação
A clusia (Clusia fluminensis) é um arbusto com folhas "gordinhas" que pode alcançar sete metros de altura Imagem: Divulgação

Simone Sayegh

Do UOL, em São Paulo

20/02/2014 07h03

A Clusia fluminensis, como o nome diz, é uma planta arbustiva muito comum no Rio de Janeiro, principalmente nas áreas de restingas (solos arenosos e salinos). Capaz de atingir sete metros de altura, a arvoreta é encontrada com facilidade junto às praias e é uma planta chamada pioneira, criadora de um ambiente ideal para que outros vegetais se desenvolvam, trazendo sombra e verde aos ambientes de areia nua.

Paisagismo e cultivo
 
A espécie é ornamental e muito utilizada em jardins ou varandas bem iluminadas. De sol pleno e meia sombra, a clusia forma renques e cercas vivas com sucesso, além de ser usada para compor pequenos maciços em meio ao jardim. Quando plantada em vasos, exige recipientes com, no mínimo, 60 cm de diâmetro, variáveis segundo o tamanho da muda. 
Todavia, segundo o biólogo Ricardo Reis, coordenador da Coleção Viva do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, as raízes aéreas da clusia são agressivas e “espalham-se” por buracos e nichos em busca de água. Assim, “é recomendável plantá-la longe de fontes de água ou ralos, tanto em vasos como em jardins”, explica. Além disso, se utilizada dentro de casa, sem iluminação suficiente, suas folhas tendem a cair com facilidade, deixando o exemplar pouco vistoso. 
 
  • André Guimarães/ Divulgação

    A flor da clusia é branca e delicada e dá na ponta dos ramos nos períodos de calor

Para a bióloga e paisagista Heloiza Rodrigues, o solo ideal para o cultivo de plantas suculentas como a clusia são os bem drenados. A paisagista ressalta que tal providência evita que as raízes fiquem encharcadas e mais propícias aos ataques de fungos, muitas vezes, fatais. “Todas as plantas que têm as folhas ‘gordinhas’ precisam de solo bem drenado e não toleram muita água”, adverte. 
 
Tal intolerância pode ser observada até em uma pequena violeta, que fica com as folhas "moles" e apodrece com facilidade se recebe regas excessivas. “Aliás, as plantas em vasos morrem mais facilmente pelo excesso do que pela falta de água”, conclui a paisagista. Dessa forma, a rega deve ser regulada: uma vez por semana já é suficiente. Já com relação a adubação, vale a regra normal de se adubar os solos de vasos, ou mesmo de jardim, a cada quatro meses.  
 
A clusia é natural de regiões quentes, então o plantio deve ser comedido em locais muito frios. A planta sofre com as geadas, que podem até matar brotos e mudas pequenas. “Quando se trata de um exemplar maior, em caso de geada é importante podar as folhas queimadas e, em seguida, adubá-lo para que possa brotar no início da primavera, recuperando-se dos danos causados”, explica Rodrigues.   

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De maneira geral, a clusia aceita bem a poda, que deve ser realizada após o inverno. A planta toma com facilidade o formato que o paisagista deseja dar, pois suas folhas são rígidas e grandes. Além dos cuidados com rega e poda, o biólogo e professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), André Luis Guimarães, destaca que o cultivo demanda cuidados de manipulação. Como a clusia armazena um látex viscoso, quando um pedaço da folha é partido, deixa minar uma substância leitosa que mancha roupas de maneira irremediável. 
 
O líquido também pode grudar na pele e exigir muita água e sabão para ser retirado: “Já joguei muita roupa fora ao coletar espécies na mata”, conta o biólogo. Ricardo Reis também recomenda cuidado no manejo: “O liquido amarelado é acido e pode ser causticante”.
 
  • Divulgação

    A clusia vai bem em vasos ao sol, mas o diâmetro mínimo do recipiente é de 60 cm

Características
 
Da família Clusiaceae, a planta é uma suculenta e latescente (suas folhas ovais e brilhantes armazenam água e látex), o que a torna extremamente adaptável a solos secos. Suas folhas também nascem de forma oposta e cruzada, ou seja, cada par brota na perpendicular em relação ao anterior. 
 
Muito decorativa, a clusia apresenta flores brancas que aparecem em pequena quantidade na ponta dos ramos, entre a primavera e o verão. Logo depois, as plantas frutificam e seus frutos ovais e verdes abrem-se e expõem inúmeras sementes pequenas, muito apreciadas por pássaros. 
 
Segundo o professor da UFRJ, André Luis Guimarães, as clusias são dioicas, (exemplar unissexual, masculino ou feminino) o que facilita a variabilidade genética. A reprodução natural é por sementes, mas é comum a aplicação de técnicas como a alporquia/ alporque (em que um ramo, depois de colocado em terra preparada para criar raízes e brotos, é cortado como nova planta) ou estaquia (enraizamento de porções de caules e ramos ou de folhas (suculentas)).