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Saiba quando o prazer de comprar vira obsessão

As compulsões são hábitos que acontecem quase que automaticamente - Getty Images
As compulsões são hábitos que acontecem quase que automaticamente
Imagem: Getty Images

WILSON DELL'ISOLA <BR> Colaboração para o UOL

26/04/2010 13h20

Para atender a tudo o que nos predispomos a fazer diariamente, o dia deveria ter, pelo menos, 40 horas. Acordamos com o pensamento de trabalhar, fazer uma alimentação saudável, realizar atividades físicas, estudar, se divertir, cuidar dos afazeres domésticos, dos filhos, dar atenção aos amigos e, claro, namorar. Como não é possível aumentar as horas, fazemos tudo correndo, o que nem sempre permite que as experimentações sejam executadas com excelência. Reduzimos o lazer, o afeto, o repouso, a saúde e as convivências. Assim, as pessoas tendem a buscar fugas para assegurar o seu prazer, que podem se manifestar de diferentes formas. Entre elas, mais comum do que se pensa, está o transtorno compulsivo por compras, difícil de identificar e que requer muita força de vontade para superá-lo.

 

As compulsões e os comportamentos compulsivos, de maneira geral, são hábitos que acontecem quase que automaticamente e trazem alguma gratificação emocional - normalmente um alívio de ansiedade e/ou de angústia. Para Adriana Rúbio, professora de psicologia da Universidade Metodista de São Paulo, estas ações têm como objetivo proporcionar alívio às tensões e, até por oferecer um relaxamento apenas paliativo, se tornam frequentes e excessivas. “A recompensa momentânea que a pessoa obtém reforça o seu desejo de repetir o ato. Com o tempo, entretanto, depois de fazer as compras impensadas, o compulsivo tem uma sensação negativa por não ter resistido. Porém, a gratificação inicial é mais forte que a culpa”, explica.


Complicações

É muito difícil estabelecer quais são as premissas que podem ocasionar um comportamento compulsivo por compras. Hoje em dia, em uma sociedade com caráter capitalista, os apelos que levam uma pessoa ao consumo são variados: necessidade, manutenção do padrão de vida, vontade de adquirir poder ou projeção, puro modismo, apelo do marketing, influência do grupo de convívio. Mesmo com estes incentivos, a pessoa que é tomada por esse tipo de dependência normalmente tem certa vulnerabilidade e predisposição, seja pela extrema insegurança, seja por motivos individuais relacionados às vivências do passado e ao dinamismo do cotidiano.

 

“Comportamentos desta natureza são enfrentamentos e trazem consequências físicas, sociais e psicológicas graves. Essas pessoas costumam comprar compulsivamente, sem levar em conta – inclusive - o saldo bancário, o que certamente lhe trará complicações financeiras”, afirma Rúbio.

 

A repetição das compras e o aumento gradual da frequência caracterizam o processo de dependência. Por isso, esteja muito atento. Normalmente quem sofre com esse problema sente desconforto emocional se não fizer compras, apresentam grande angústia ou ansiedade na ausência ou na impossibilidade em realizar a atividade compulsiva.

 

Entretanto, é fundamental estabelecer a diferença entre uma compra impulsiva daquelas compulsivas. "Os hábitos de consumo são mais emocionais que racionais. Comprar por impulso é adquirir um bem por sentir uma atração pelo produto. Para o compulsivo, o produto, às vezes, não faz a menor diferença”, explica a psicóloga.


Ajuda

O primeiro passo é identificar o problema, e, em seguida, procurar vencê-lo. Se apenas a força de vontade não for suficiente para que a compulsão seja controlada, especialistas recomendam buscar ajuda em grupos específicos. O mais famoso deles é o Devedores Anônimos (www.devedoresanonimos-sp.com.br), que funciona nos moldes dos outros grupos de autoajuda para dependentes.

 

O tratamento é feito a partir de reuniões em que literaturas que abordam a doença são colocadas em discussão, seguidas de depoimentos e relatos das experiências de cada um.


Dicas para lidar com a compulsão

  • Saia de casa apenas com o dinheiro necessário
  • Evite andar com o talão de cheques inteiro. Uma ou duas folhas já estão de bom tamanho
  • Evite levar o cartão de crédito ou de débito sem necessidade (se possível, nem tenha cartão de crédito)
  • Faça mentalmente o caminho que irá percorrer até o local desejado. Assim você evita passar por outros lugares tentadores
  • Se estiver entusiasmado ou angustiado, evite visitar lojas
  • Se tiver algum dinheiro extra, invista em aplicações que penalizem com alguma perda caso você retire o dinheiro antes do tempo predefinido


 


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