Topo

Festa de divórcio dá lugar ao humor para superar a fase

RENATA RODE<BR>Colaboração para o UOL

15/09/2010 14h37

O divórcio costuma ser um momento triste na vida. Mas, como defesa natural, algumas pessoas descobrem o poder do humor para curar a dor. Essa é a explicação para o número crescente de festas de descasamento. Isso mesmo, você não leu errado: são as chamadas comemorações de bodas rasgadas. “No início, meus amigos reagiram com muito espanto, não acreditavam. Depois, acharam a ideia o máximo. Nunca haviam visto uma festa com este tema e muito menos haviam participado de uma. Foi muito boa, tanto que neste ano realizei a segunda edição do evento”, diz a assessora de imprensa Meg Sousa, que se separou e investiu em uma balada própria para celebrar a "solteirice" novamente.

Veja opções para os descasados

Com direito a decoração especial e até jogo de dardos com o rosto do ex ou da ex, essas festas vêm crescendo e já viraram sensação nos Estados Unidos. Lá, empresas especializadas disputam um mercado que aceita melhor a brincadeira. E o Brasil, onde essa tendência ainda está engatinhando, entra na onda.

Para a empresária Luana Safire, diretora da Lisibrasil Eventos, esse é um mercado em constante crescimento nacional. “Desde 2008 notamos crescimento na procura e passamos a investir na formatação desse tipo de evento. Sinto que alguns clientes parecem mais felizes e decididos em gastar com a comemoração de descasamento do que a de união. É como uma necessidade de mostrar à sociedade: ‘estou aqui e vou ficar bem’”, afirma.

Quando me casei realizei uma megafesta para comemorar o meu futuro ao lado de uma pessoa, a construção de uma família e a felicidade conjugal. E, quando me divorciei, me perguntei: por que não comemorar o início da minha nova vida, o recomeço em busca de novos objetivos, sonhos e realizações?

Meg Sousa, que já fez duas festas de divórcio

Um dos diferenciais da empresa é o mix de ações de entretenimento que podem envolver a noite de celebração. “O dia da divorciada ou do divorciado, por exemplo, começa como um dia de noiva ou noivo, porém cercada por belos modelos para abanar, dar frutas na boca e outros mimos”, diz Safire. Em uma das performances contratadas, o separado ou separada chega como noivo ou noiva e, ao subir ao altar, rasga a roupa de cima como um ritual, em que todos aplaudem. Outras atividades são shows de strippers, brincadeiras em piscina de espuma e festa à fantasia temática.

Para Sousa, que já repetiu a festa e diz que quer fazer uma a cada ano, essa é uma espécie de defesa contra o sofrimento. “A dor é um sentimento causado pela tristeza e infelicidade, pessoas mal humoradas são infelizes e sempre serão. Por experiência própria, digo com toda propriedade que o bom humor é a pitada certa para curar a dor. O divórcio não deve ser doloroso, triste e cansativo - pelo contrário. Não adianta nada o casamento se não há felicidade, companheirismo e respeito, por isso melhor descasada feliz do que casada sofrendo”, relata.

Análise da questão

Para o blogueiro e escritor Marcelo Vitorino, do blog Pergunte ao Urso, há aspectos verdadeiramente hilários ao analisar a comemoração do divórcio. “O que diferencia o grau de saturação entre os divórcios é o tempo que se leva para mandar o garçom fechar a conta. Se a relação não vai bem, quanto mais você espera, mais bravo fica. E isso se reflete no resto.”

Porém, nem tudo são flores. O consultor de relacionamentos alerta para o aspecto emocional que se esconde por trás de tanta euforia depois do fim do relacionamento. “Transformar a dor em humor é sempre uma saída viável, já que todo mundo pode chorar o leite derramado, mas isso não resolve. Por outro lado, rir como uma hiena também é surreal. Toda separação causa um estranhamento, e deixar de ‘curtir’ o término pode te deixar preso a uma situação mal resolvida. É assim que elas nascem”. Então, um brinde ao bom humor!