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Cirurgias íntimas dão um "up" à sexualidade feminina

HELOÍSA NORONHA<BR>Colaboração para o UOL

28/09/2010 13h42

Quando se fala em cirurgia estética feminina, logo pensamos em lifting, lipoaspiração, aumento de seios com implante silicone. No entanto, existe outro tipo de operação que tem melhorado a qualidade de vida, a sexualidade e a autoimagem de muitas mulheres: a cirurgia íntima. Realizada na região genital, serve para corrigir esteticamente problemas decorrentes de lacerações durante o parto normal na região do períneo (área entre a vagina e o ânus) e flacidez ou hipertrofia dos lábios, entre outros.

“Em pesquisa realizada na Universidade de São Paulo (USP) e no meu consultório particular, constatei que 75% das cirurgias são realizadas na região dos pequenos lábios. Entre as principais causas citadas pelas pacientes que buscam a cirurgia, merece destaque a hipertrofia (aumento) associada à flacidez dos pequenos lábios e as assimetrias (diferença entre um lábio e outro)”, comenta Alexandre Mendonça Munhoz, cirurgião plástico com mestrado e doutorado pela USP e integrante do corpo clínico do Hospital Sírio-Libanês. “Há ainda, porém em menor freqüência, a insuficiência de volume dos lábios pequenos e a flacidez na região pubiana”, completa.

Existem vários motivos que levam a paciente a procurar a cirurgia íntima. Entre os principais, e que respondem por aproximadamente 80% dos casos, podemos citar as razões estéticas, como a insuficiência de volume devido à atrofia local e a flacidez cutânea por causa do envelhecimento ou perda de peso intensa. “Outras razões são relacionadas à queixa funcional, como dificuldade de praticar exercícios, ao uso de roupas mais justas em que o excesso de volume na região promove certo incômodo e à dificuldade de relação sexual com o parceiro”, atesta Alexandre Mendonça Munhoz.

A sexualidade, aliás, fica muito comprometida com esses problemas, pois podem ocorrer dificuldades de penetração para o homem por causa do excesso de volume, e dor para a mulher – muitas, preocupadas com a disfunção, não conseguem relaxar. Alterações estéticas locais podem levar a inibição e alterações psicológicas e, assim, afetar a relação, com diminuição da libido ou mesmo do prazer. “A parte emocional é extremamente afetada, porque esta região é muito importante para a segurança, a confiança e a autoestima da mulher”, comenta o cirurgião plástico Wagner Montenegro, de São Paulo.

De acordo com a ginecologista Flávia Fairbanks, de São Paulo, as cirurgias íntimas têm rápida recuperação, podem ser feitas com anestesia do tipo bloqueio e sedação e, normalmente, a paciente recebe alta no mesmo dia. “A vida sexual é retomada em 30 dias”, ressalta. “Em geral, o pós-operatório é tranquilo e sem dor”, informa a cirurgiã plástica Luciana Pepino de São Paulo. Durante o período de recuperação podem surgir edema (inchaço), equimoses e hematomas na região, que tendem a diminuir gradativamente durante os primeiros 15 dias. Pode ocorrer também redução na sensibilidade do local durante o mesmo período. “A sensibilidade do clitóris fica intacta, portanto o prazer sexual não será prejudicado”, destaca Montenegro. Assim que o período de recuperação termina, a sensação de bem-estar surge. “Sentir-se mais à vontade com seu corpo deixa a paciente mais à vontade no relacionamento com outras pessoas, seja ele íntimo ou não”, destaca Luciana Pepino.

Os principais procedimentos

Ninfoplastia (ou labioplastia): cirurgia realizada nos pequenos lábios da vulva, onde parte da pele excedente é retirada. “A redução dos pequenos lábios é relativamente simples, com uma recuperação favorável, pois a área é uma mucosa, levando mais ou menos um mês para retomar a vida sexual”, comenta a cirurgiã plástica Débora Cristiam Galvão, do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo. É possível fazer o mesmo com os grandes lábios.

Lipoaspiração de púbis (ou do monte de Vênus): o excesso de gordura dos lábios é retirado por meio da lipoaspiração, reduzindo o volume da região do púbis.

Perineoplastia: realizada por ginecologistas, visa sanar um problema que acontece em pacientes multíparas (vários partos) que tiveram seus filhos por parto normal. Elas podem ter um relaxamento da musculatura do canal vaginal com alargamento deste. A perineoplastia, então, reduz o diâmetro do canal vaginal.

Himenoplastia: conhecida como a técnica que “recupera a virgindade”, tem como intuito reconstituir a membrana que recobre a entrada do canal vaginal, ou seja, o famoso hímen. Nem todos os profissionais aceitam realizá-la. “Na verdade, há a simulação de um novo hímen. Os parceiros vão sentir, no contato sexual, uma nova barreira a ser transposta, como na primeira relação”, explica a ginecologista Flávia Fairbanks.

Bioplastia: é indicada para corrigir o “murchamento” vaginal e, em geral, feita em mulheres mais maduras. “A correção é realizada enxertando-se biomateriais ou gordura da própria paciente, restaurando o volume dos lábios e recuperando a anatomia da região”, conta o cirurgião plástico Alexandre Barbosa, de São Paulo.

Transplante de pelo: parece um absurdo para quem sofre com a depilação, mas há mulheres com poucos pelos ou falhas – principalmente após os 60 anos – que recorrem à técnica para “embelezar” a região. Para isso, retira-se um pequeno pedaço do couro cabeludo da paciente e separa-se fio por fio para implantá-los na área genital. O procedimento requer anestesia local e dura cerca de três horas. Após dois ou três meses, os pelos começam a nascer, mas é preciso apará-los sempre, já que costumam crescer mais que os pubianos.

Peeling: a técnica é usada para combater o escurecimento da virilha, seja pela depilação crônica com cera, seja pela queda hormonal após os 50 anos. Os peelings são diluídos, portanto mais suaves, e a aplicação local é feita no consultório médico. O produto é retirado após alguns minutos, e a paciente pode voltar às atividades normais em seguida. A descamação ocorre por volta do terceiro dia, o que possibilita o surgimento de uma pele renovada e mais clara.