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Cirurgias íntimas: aumenta quantidade de consultas para embelezar genitais

Victoria De Masi

Do Clarín, na Argentina

17/05/2014 13h22

Que homem não deseja um pênis maior e eficaz? Que mulher, depois de ter tido vários filhos ou que já tem várias décadas, não deseja una vagina de quinze anos? 

O mundo da estética – o legal e o informal – amplia seu cardápio de opções e cada vez mais pessoas fazem consultas sobre procedimentos para diminuir a vagina e aumentar a espessura ou alongar o pênis. É o que dizem os médicos de hospitais públicos e especialistas de clínicas privadas. 
 
E é o que as estatísticas comprovam: na última década, segundo a Sociedade Argentina de Cirurgia Plástica, quintuplicaram-se as consultas por este tipo de intervenção em mulheres de 20 a 60 anos. 
 

Cuidado

Mas os próprios profissionais pedem cautela e afirmam que, por enquanto, são poucos os que chegam à sala de cirurgia porque, entre outros riscos, estes retoques podem afetar o prazer sexual. E nesse caso, é um ponto sem retorno.
 
As novas propostas para elas têm uma palavra-chave: ponto G, zona que culturalmente é definida como centro do gozo. 
 
A intervenção para estreitar o canal vaginal consiste em injetar ácido hialurônico – substância de uso cosmético –, colágeno ou a própria gordura no introito, localizado a cerca de quatro centímetros do orifício vaginal. Uma vez aplicado, o tecido engrossa e assim a entrada da vagina se estreita. 
 
A ginecologista Claudia Marchitelli, responsável pelo setor de Patologia Vulvar do Hospital Italiano, explica as desvantagens deste tipo de tratamento: “A princípio ainda está em debate a localização e inclusive a existência do Ponto G, o que complica na hora de aplicar a substância. Por outro lado, a gordura ou o colágeno são reabsorvidos pelo corpo e perderiam efeito no curto prazo. O ácido hialurônico ‘desaparece’ de três a seis meses após ser aplicado”. 
 

Perfil 

O perfil das pacientes é variado, mas existe uma constante: “Elas dizem que não chegam ao orgasmo e que leram em algum lugar que podiam colocar alguma coisa ‘ali’. 
 
A anorgasmia não se resolve dessa maneira”, diz. O cirurgião plástico Jorge Patané também adverte: “Pode ser uma faca de dois gumes porque pode alterar a sensação de prazer”.
 

Homens

Os homens são tentados a ‘engordar’ seu membro. O engrossamento peniano é uma intervenção perigosa e leva várias horas de cirurgia. 
 
Consiste em extrair com uma seringa a gordura alojada no abdômen ou nos flancos do homem e deixá-la repousar para depois transferi-la aos corpos cavernosos do pênis. Não alonga, mas aumenta a espessura. 
 
Isto melhora o desempenho sexual? “Não. Não torna o pênis mais funcional. Chegar a essa prática é só uma questão estética ou psicológica”, diz Juan Carlos Rodríguez, presidente da Sociedade de Cirurgia Plástica de Buenos Aires, onde desaconselham essa intervenção. 
 
“Que fique mais ‘gordo’ não significa que seja mais sólido. Termina sendo um pênis para ver, mas não para usar. Mas além desse tipo de cirurgia pode produzir lesões que deformam o membro”, diz Graciela Aguirre, cirurgiã plástica e diretora médica do centro de estética Layras. 
 
Em questões de “embelezamento genital” há patologias que mantêm em vigência as cirurgias clássicas. No caso das mulheres, a redução dos lábios menores – que ocasionam muito desconforto e, além disso, afetam a autoestima – continua no primeiro lugar da lista.
 
E as próteses penianas e os implantes de silicone continuam sendo colocados quando o caso é irreversível, por exemplo, em caso de um acidente que tenha lesionado o membro gravemente.
 
É que quando se trata de fins terapêuticos mais do que de recuperação do prazer – algo mais relacionado à psique do que ao físico –, a questão muda. 
 

Estética e plano de saúde 

Por exemplo, Liliana G., professora, conta que depois de seu segundo parto teve que se submeter a um rejuvenescimento estético vaginal.
 
“Na verdade, eu tinha problemas de retenção e precisava fazer uma reconstrução da bexiga. Mas por conselho dos próprios médicos também aceitei o rejuvenescimento do canal vaginal. Meu plano de saúde cobriu tudo e eu não poderia explicá-lo claramente, mas posso afirmar que recuperei boa parte da sensibilidade que tinha perdido e me senti muito mais jovem”, diz.