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Para alívio dos homens, impotência sexual raramente não tem solução

Além de medicamentos, existem outras opções para driblar disfunções eréteis - Getty Images
Além de medicamentos, existem outras opções para driblar disfunções eréteis Imagem: Getty Images

Heloísa Noronha

Do UOL, em São Paulo

20/02/2015 07h57

Seja de origem psicológica ou orgânica, a impotência sexual é um dos principais temores dos homens, problema que acaba afetando outras esferas da vida –carreira, família, finanças. Para o homem, a ereção é a maior prova da virilidade e masculinidade, por isso, o abala tanto. Hoje, no entanto, existe solução para a maioria dos casos.

A definição de disfunção erétil é a incapacidade de obter ou manter uma ereção com rigidez peniana suficiente para uma atividade sexual satisfatória. Segundo Celso Dantas, membro da SBU (Sociedade Brasileira de Urologia) e coordenador da equipe de Urologia do Hospital Badim, no Rio de Janeiro (RJ), o problema pode ter diversas causas, como fatores vasculares, neurológicos e endócrinos.

"O uso de anti-hipertensivos, diuréticos e drogas que atuam no sistema nervoso central, como os antidepressivos, antipsicóticos e anticonvulsivantes, além das usadas para dislipidemias [alterações nos níveis de colesterol], também podem levar à perda de ereção", explica o médico.

A disfunção erétil é mais frequente a partir dos 40 anos, mas a idade nem sempre é o fator decisivo para o problema. "A dificuldade de ereção pode ocorrer em qualquer idade, e quase sempre terá uma forma de ser tratada", diz Oswaldo Martins Rodrigues Jr., terapeuta sexual e diretor do Inpasex (Instituto Paulista de Sexualidade). "O que torna concreta a sua superação é compreender a causa e seguir o caminho correto de tratamento", afirma o especialista. 

Fatores psicológicos costumam estar presentes na maior parte dos casos de disfunção erétil, podendo até ser a causa do problema. E a disfunção pode ser de grau leve, moderado ou severo, por isso é importante um tratamento personalizado e, em algumas circunstâncias, multidisciplinar.

Os medicamentos existentes para facilitar a ereção costumam ser os mais lembrados quando se pensa no problema, mas nem todo mundo pode usá-los, como, por exemplo, pessoas que usam remédios para males do coração ou apresentam arritmias cardíacas, havendo risco de morte.

Existem aparelhos de constrição a vácuo, popularmente conhecidos como bombas penianas. Trata-se de um cilindro acrílico que é colocado no pênis e bombeado, ajudando a manter a ereção. Mas o método costuma causar constrangimento em seus usuários e muitos médicos não o aprovam.

Há recursos mais eficientes. Além dos medicamentos de uso oral, outras alternativas são as injeções de substâncias como papaverina, prostaglandina e fentolamina, isoladas ou associadas.

Já o implante de prótese peniana é usado nos casos em que o tratamento clínico não funciona ou o paciente não pode usar medicamentos. Ele se parece com uma caneta feita de silicone e é colocado em cada dos dois corpos cavernosos do pênis, sob a pele. A desvantagem: o membro fica constantemente rígido.

Há, ainda, a opção de prótese inflável. São implantados dois cilindros, uma bomba e um reservatório. Na hora do sexo, o paciente pressiona a bomba colocada no escroto, que transfere o líquido do reservatório para os cilindros e deixa o pênis ereto. Após a relação, o homem esvazia os cilindros, usando a mesma bomba.

Segundo especialistas, embora o método ainda seja alvo de medo e preconceito, não há razão para temê-lo. Em 2013, um levantamento feito na capital paulista pelo Centro de Referência em Saúde do Homem em parceria com a SPDM (Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina), apontou que 82% das parceiras de homens que fizeram implante peniano mostraram satisfação com o resultado das próteses. Entre os 99 pacientes entrevistados, 75% afirmaram se sentir realizados com a técnica.

De acordo com Oswaldo Rodrigues, lidar com a questão de maneira equilibrada, realista e contar com o apoio da parceira são fundamentais para que a cirurgia possa proporcionar melhor qualidade de vida. "Homens que assumem sozinhos um tratamento desse tipo, sem compartilhar a decisão com a mulher, provavelmente, terão problemas", diz o terapeuta.

Em 2011, na Faculdade de Medicina da Unesp (Universidade Estadual de Paulista) de Botucatu (SP), foi realizada a primeira cirurgia de reinervação peniana no Brasil, indicada especialmente para homens que perderam a ereção após o câncer da próstata.

"A operação para retirada da próstata costuma lesionar vários nervos. Por esse método, é possível enxertar nervos do fêmur nos lesionados, criando novas fibras", conta o urologista José Carlos Souza Trindade, criador da técnica, que ainda está em fase experimental. "Felizmente, temos obtido bons resultados com os dez pacientes que se submeteram ao método", diz. As novas fibras crescem de 0,5 cm a 4 cm por mês, em média, permitindo ao paciente que se recupere em um ano.

Segundo o urologista Celso Dantas, mesmo quando a disfunção erétil é irreversível, o paciente pode ter relações sexuais normais com uso dos recursos já citados. "Pode-se dizer que, hoje, não existe mais homens com impossibilidade de ter relações sexuais por não conseguir ereção", afirma. Mas há relatos de casos de rejeição de próteses, por exemplo, mas são raros.

A melhor opção, porém, continua sendo a prevenção: ter um estilo de vida saudável, com alimentação equilibrada e prática de atividades físicas, evitar bebidas alcoólicas, tabaco, controlar o colesterol e evitar hábitos que possam levar a doenças como a hipertensão, diabetes, alterações do colesterol etc.