Topo

Quando casal está preparado, swing fortalece a relação e melhora o sexo

Marina e Marcio (nomes fictícios), casados há 15 anos, praticam swing há dez - Arquivo Pessoal
Marina e Marcio (nomes fictícios), casados há 15 anos, praticam swing há dez Imagem: Arquivo Pessoal

Yannik D´Elboux

Colaboração para o UOL

05/11/2015 07h25

Para Marina* (nome fictício), 35, que mantém o blog “Swing Marina & Marcio”, no qual narra suas experiências, a prática –que envolve a troca de casais-- tornou a relação ainda melhor. “Ficamos mais cúmplices, unidos e sinceros”, diz ela, casada há 15 anos e praticante de swing há dez. A percepção dela é confirmada por algumas pesquisas nacionais e internacionais.

Veja também:

Porém, para que isso aconteça, o casal precisa ter uma boa ligação afetiva e amadurecer bem a ideia antes de colocar a fantasia em prática.

Em um estudo com 704 homens e 319 mulheres adeptos, realizado pelos sociólogos Curtis Bergstrand e Jennifer Sinsk, nos Estados Unidos, 62% dos entrevistados consideraram que o casamento ficou mais feliz após a prática. Menos de 3% dos homens e das mulheres afirmaram que o relacionamento piorou por causa do swing. E para 35% o grau de felicidade manteve-se igual.

A maior cumplicidade na cama, na opinião de Marina, também se reflete em outros aspectos. “Passamos a enxergar os problemas da vida como mais simples, já que passamos a dividir nossos mais íntimos desejos e fantasias”, conta.

Segundo a antropóloga Maria Silvério, investigadora do Cria (Centro em Rede de Investigação em Antropologia), do ISCTE-IUL (Instituto Universitário de Lisboa), em Portugal, autora do livro "Swing: Eu, Tu... Eles", a maioria das pesquisas sobre o swing ressalta benefícios para a vida conjugal.

Maria, que entrevistou casais em 14 festas de swing em Portugal e no Brasil, entre 2012 e 2014, diz que as alegações mais comuns são que esse estilo de vida fortalece o casamento, aproximando os casais, e eleva a percepção da qualidade da relação. “Também melhora a vida sexual, aumenta o desejo pelo parceiro e propicia uma comunicação mais aberta e honesta”, fala.

A psicóloga Andréa Oliveira, autora de uma tese de mestrado sobre a prática do swing pela Unifor (Universidade de Fortaleza), chegou a conclusões semelhantes. Para os casais entrevistados em sua pesquisa qualitativa, a experiência acarretou maior união e fidelidade emocional. “O swing costuma ser positivo quando é feito em consenso, em todos os seus aspectos, e quando o casal respeita os próprios limites”, declara.

Não salva relação

Apesar de parecer bom para o relacionamento, o swing exige muita conversa antes de se tornar realidade. O maior erro é buscar a fantasia como forma de salvar a relação ou esquentar as coisas.

“Se a relação estiver fria, um terceiro ou quarto elemento não vai melhorar, irá deixá-la ainda mais fragilizada”, diz o psicólogo e professor Arnaldo Risman, integrante do Cepcos (Centro de Pesquisa do Comportamento e Sexualidade).

Segundo Risman, é fundamental amadurecer bastante a ideia. O psicólogo orienta sobre a importância de pensar, principalmente, sobre: como o casal irá lidar com o ciúme, vendo o parceiro se relacionar com outro; autoestima, avaliando como cada um vai reagir se o outro for mais bonito ou dotado que o cônjuge; e insegurança, se os dois estão prontos para ver o parceiro tendo prazer com outra pessoa.

Antes de viver a experiência, também devem ser combinados todos os limites, ou seja, o que vale ou não na hora do sexo. Mesmo assim, Andréa Oliveira lembra que no calor do momento um dos parceiros pode perder o controle. “Alguns casais relatam que nem todas as situações são previsíveis.”

Geralmente, segundo as pesquisas, os casais que fazem do swing um estilo de vida possuem uma relação bastante forte e estabelecida. Além disso, ao contrário do que se pensa, ampliar o repertório sexual não diminui o ritmo do casal. “A prática faz com que a gente transe mais”, conta Marina, que se considera feliz no casamento em todos os aspectos.

Iniciativa masculina

Na maior parte das vezes, a proposta para experimentar a troca de casais parte dos homens. Com receio de perder o companheiro, algumas mulheres acabam cedendo. Porém, quando a fantasia não é compartilhada por ambos, a chance de acarretar problemas aumenta.

A variedade de experiências e parceiros está entre as razões mais comuns para o interesse pelo swing. Alguns casais também recorrem à prática como forma de evitar a traição, o que não costuma ser a melhor motivação. “Se essa for a única razão, o casal não consegue se manter no swing”, afirma Andréa Oliveira.

  • 48595
  • true
  • http://mulher.uol.com.br/comportamento/enquetes/2015/11/04/voce-ja-pensou-em-experimentar-troca-de-casais.js