Topo

Maioria dos divórcios acontece após os 40; conheça 6 histórias

O relações-públicas Marcus Vinicius de Araujo, 59, divorciou-se aos 54, após 24 anos de casamento - Lucas Lima/UOL
O relações-públicas Marcus Vinicius de Araujo, 59, divorciou-se aos 54, após 24 anos de casamento Imagem: Lucas Lima/UOL

Do UOL

17/11/2016 07h25

A maior parte dos divórcios no Brasil acontece com indivíduos na chamada meia-idade, acima dos 40 anos. Segundo o documento "Estatísticas do Registro Civil 2014", divulgado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), em novembro de 2015, a idade média do homem ao se divorciar é 43 anos. Já a das mulheres é 40.

O UOL conversou com algumas das pessoas que compõem essa faixa da população. Elas narram, abaixo, os motivos que levaram à separação e contam como estão encarando a vida após a mudança de estado civil.

Marcus Vinicius de Araujo, 59, relações públicas

“Tinha 54 anos quando saí de casa, após 24 de casado. A relação estava desgastada. A nossa convivência era boa, aliás, continua sendo até hoje, mas, de repente, não éramos mais do que dois amigos. Não fizemos nada apressadamente, pensamos bem sobre o assunto. Saí de casa em setembro de 2010 e assinamos o divórcio em novembro. Ninguém reagiu mal à nossa decisão, nem mesmo meu filho, na época com 19 anos. Acredito que hoje em dia as pessoas aceitam melhor essa decisão, diferentemente de antes. Meus pais, por exemplo, eram divorciados e minha mãe sofreu durante muito tempo com o julgamento das pessoas. Um ano e meio depois de ter saído de casa, fui viver com outra mulher, que está comigo até hoje.” 

Vandercy Soares de Lacerda, 49, escrevente e psicóloga

“Nos últimos dez anos de casada, tinha convicção de que meu relacionamento não fluía mais. Naquele momento, não havia recursos para sair da relação, tínhamos muitas coisas para resolver: filhos, dívidas e estudo. Protelamos, embora a gente sempre conversasse sobre separação. Quando me aposentei, vi que era a chance de tomar uma atitude. Teria um dinheiro extra para me sustentar. Então, aluguei uma casa, mobiliei e me mudei para lá com meu filho caçula, na época com 16 anos. Foi em 2014, quando completamos 27 anos de casados. Meu 'ex' reagiu bem, somos amigos ainda, mas, na comunidade religiosa da qual fazia parte, muitas pessoas deixaram de falar comigo. Meus dois filhos se entristeceram muito, mas aceitaram. Desde outubro de 2015, namoro e é muito bom namorar na meia-idade, porque não temos mais os tabus que tínhamos quando éramos jovens. Digo que sou outra pessoa, como se tivesse nascido de novo. É um novo ciclo.” 

Mauricio Falsetti, 45, administrador de empresas

“Foram 14 anos de casado até que, em 2011, quando tinha 41, o casamento acabou. O relacionamento se desgastou muito depois do nascimento das nossas filhas, no final de 2004. A gente tinha um relacionamento de pais, não de marido e mulher. Já estava pensando em me divorciar há pelo menos uns três anos, mas só falava sobre isso na terapia. Tinha decidido não tomar nenhuma decisão, porque achei que essa fase passaria, embora estivesse sofrendo. Foi então que a minha ex-mulher pediu o divórcio. Na época, fui contra. Só que hoje vejo que foi melhor. Reconstruí a minha vida bem e iniciei uma nova relação três meses depois. Desde 2014, estou casado novamente.” 

A cabeleireira Vânia da Silva divorciou-se aos 42 anos de idade - Junior Lago/UOL - Junior Lago/UOL
A cabeleireira Vânia da Silva divorciou-se aos 42 anos de idade
Imagem: Junior Lago/UOL

Vânia da Silva, 44, cabeleireira

“Foram 23 anos de relacionamento, mas, por cerca de 12, as coisas permaneceram ruins entre a gente. Eu era muito insegura, queria lutar pelo casamento a qualquer custo. Também não trabalhava e tinha três crianças pequenas para cuidar. Se eu saísse de casa, não teria como sustentá-las. Então, quando os meus filhos chegaram a uma idade em que podiam ficar sozinhos, fui fazer um curso de cabeleireira e comecei a trabalhar em um salão. Isso abriu um leque de possibilidades na minha frente, vi a vida lá fora e percebi que conseguiria me virar sem o meu 'ex'. Na época, já começávamos a perder o respeito um pelo outro. Em junho de 2013, aos 42 anos, dei meu grito de libertação. Meus filhos mais novos já estavam com 15 e 19 anos. Tive de sair de casa para perceber que tinha autonomia. Antes, não sabia entrar em um banco, porque ele não me deixava ter conta corrente. Mas, em três anos que estou separada, até conquistei casa própria. Hoje, para alguém estar do meu lado, precisa ser companheiro.” 

Valquiria Ferreira da Silva, 49, economista

“O principal motivo da minha separação foi que meu ex-marido era alcoólatra. Estávamos casados há quase 20 anos quando percebi que ele não pararia de beber. Por um tempo, achei que ele deixaria o vício, mas a situação só piorou. Então, tomei coragem e, com o apoio da minha família, pedi o divórcio. Tive muito medo de enfrentar a vida sozinha depois de tantos anos casada. Minha filha tinha 17 anos na época. Também tinha receio de não me adaptar à nova realidade. Hoje, continuo solteira e acredito que, se não estamos felizes no casamento, independentemente da idade, devemos nos separar, porque nunca é tarde para tentar ser feliz de novo.” 

Rosiane Soares, 43, gerente comercial

“Depois de dez anos de casados, acabou o amor. Simples assim. Demorou um ano até a gente decidir se separar, mas, quando aconteceu, rolou com tranquilidade e maturidade. Pensamos muito sobre o assunto, porque trabalhamos na mesma empresa, mas seguimos em frente com a decisão. O começo é difícil porque gera impacto. Os familiares e os colegas de trabalho tinham uma curiosidade natural para saber o motivo da separação. No início, não respondia nada. Depois de uns dois meses, já estava pronta para contar que tínhamos seguido caminhos diferentes. Ainda trabalhamos juntos e permanecemos amigos. Casamento sem amor é sofrimento, quando me separei senti uma leveza tremenda. Existe um mundo muito mais colorido fora de uma relação ruim.”