Topo

Após pesar 29kg, mulher supera anorexia e inspira com sua história na web

Do UOL, em São Paulo

08/02/2017 17h11

Após muito tempo acreditando que não era ninguém além da "menina anoréxica", Megan Jayne Crabbe venceu a doença ao descobrir a positividade do corpo, ou "bopo", um movimento que rejeita a contagem de calorias obsessiva, regimes para esculpir corpos inalcançáveis ??e aversão por si mesmo.

Megan na época em que pesava 25kg - Reprodução/Instagram - Reprodução/Instagram
Megan na época em que pesava 25kg
Imagem: Reprodução/Instagram

Há dois anos, ela criou uma conta no Instagram na tentativa de buscar um espaço para lidar com seus problemas de imagem corporal. Agora, Megan possui mais de meio milhão de seguidores e é uma porta-voz do movimento.

"Positividade do corpo é a única coisa que sempre me permitiu curar meu relacionamento com a comida, aprender a comer intuitivamente e parar de me torturar pela forma que meu corpo parece. Agora, percebo que sou muito mais do que quantas calorias como ou quanto peso posso perder", explica.

Sua página é cheias de fotos dela irradiando confiança, além de mostrar seu ganho de peso e recuperação. A ideia é que as imagens ajudem a combater a vergonha que muitas mulheres e meninas sentem de seu corpo. Ela, inclusive, afirma receber milhares de respostas positivas de pessoas dizendo como o movimento mudou suas vidas.

"Um comentário que sempre lembro foi o de uma adolescente que lutava contra distúrbios alimentares há anos e que me disse que, graças à positividade do corpo, este ano vai ter bolo em seu aniversário pela primeira vez. Ela me enviou uma foto do bolo também, parecia incrível!", contou.

Criança triste

Seus problemas com o corpo começaram quando ela era pré-adolescente - Reprodução/Instagram - Reprodução/Instagram
Seus problemas com o corpo começaram quando ela era pré-adolescente
Imagem: Reprodução/Instagram

Megan começou a odiar seu corpo quando tinha apenas cinco anos. "Lembro-me de pensar que todos os meus colegas de classe eram muito mais bonitos e magros do que eu, e idolatrava todas as representações populares da beleza ao meu redor naquele momento", contou.

Ela ressalta que Barbie, princesas da Disney, estrelas do pop dos anos 90 e atrizes famosas tinham uma coisa em comum: eram magras. "Aprendi rápido que, se quisesse ser bonita também, então eu não era magra o suficiente." Com 10 anos, ela restringiu a ingestão de comida cada vez mais obsessivamente. Aos 14, acabou diagnosticada com anorexia nervosa, chegando a pesar apenas 29 quilos e a se alimentar por meio de tubos no hospital.

"Foram necessários dois anos de visitas a unidades psiquiátricas antes que eu começasse a sair dessa situação", conta a jovem, atualmente com 24 anos. Hoje, ela mora em Essex, na Inglaterra, e trabalha em tempo integral.

No entanto, sua anorexia logo se transformou em transtorno de compulsão alimentar, uma condição menos conhecida, mas igualmente debilitante. "Depois de quase triplicar meu peso em um ano, comecei um ciclo de dietas de fome e episódios de compulsão alimentar por muito tempo", conta. Durante esses anos, a identidade de Megan se tornou vinculada em sua doença mental.

"Quando se está nas profundezas de um transtorno alimentar, você perde cada parte de quem pensou que era. Estava convencida de que o meu único propósito na vida era perder peso, nada mais importava", diz.

No Instagram, Megan tenta ser honesta com seus seguidores, admitindo que ainda tem "dias ruins" enquanto tenta desaprender "uma vida de lições negativas sobre nossos corpos". "O que ajuda muito é cercar-se de pessoas que estão na mesma viagem de amor próprio", diz ela, antes de completar. "Desaprender essas lições é difícil, mas vale a pena."