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Nova geração de idosos: Ieda tem 70 anos do jeito que você quer ter

Aos 70 anos, Ieda tem vitalidade e quer ser tratada de igual para igual - Reprodução/TV Globo
Aos 70 anos, Ieda tem vitalidade e quer ser tratada de igual para igual Imagem: Reprodução/TV Globo

Thamires Andrade

Do UOL

21/03/2017 19h30

Ieda, 70, é a participante mais velha de todas as edições do BBB, mas isso não quer dizer que é a menos ativa. Ela dança durante as festas, gosta de se maquiar e não gosta do rótulo de ‘mama’.

A sister já fez um belo discurso no programa sobre o terceira idade e sobre o por que quis ir ao BBB: “Vim aqui para mostrar para algumas pessoas mais velhas o quanto elas podem fazer por elas mesmas, sabe? Não se acomodarem, não ficar só cuidando de neto ou limpando casa pra filho. Muitas vezes os filhos fazem as mães de escravas, né. E que elas podem sim ter uma vida agradável ainda”. Ela também já abordou sobre a necessidade de ser tratada de igual para igual pelos outros participantes da atração.

Na opinião de Marilene Kehdi, psicóloga com aprimoramento em geriatria e gerontologia, a participação de uma mulher como Ieda mostra a diferença entre os idosos de hoje e os de 50 anos atrás. "Os idosos contemporâneos são completamente diferentes dos de antigamente. Eles têm uma determinação e vontade de acrescentar nesse mundo, de demonstrar todo o conhecimento e experiência que já adquiriram e que pode ajudar não só aos jovens como a eles mesmos", afirma.

Para Marilene, entrar em realitys, voltar a estudar, se manter trabalhando, entre outras atitudes, é a maneira de comrpovar a diferença entre essa "nova leva" de idosos e os velhinhos de antigamente. “Eles têm conseguido mostrar essa diferença com muita determinação. Os idosos hoje buscam independência e isso é muito saudável para eles, principalmente o fato de terem várias possibilidades e não só se aposentarem e ficarem sem fazer”, fala.

Tratamento diferenciado é sinal de preconceito

Marilene acredita que, às vezes, o idoso precisa se impor, como Ieda faz na casa, para mostrar que as coisas mudaram de figura e que ele quer ser tratado de igual para igual. “Ela se coloca e, ao fazer isso, mostra que não é igual ao idoso de 40 anos atrás que não tinha 1/3 das expectativas e qualidade de vida disponíveis hoje”, fala.

Já para Cristiane Pomeranz, arte terapeuta e mestranda em gerontologia pela PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo), essa mudança no tratamento com idoso é um puro preconceito, já que a velhice é alvo de uma série de estigmas.

“Quando a pessoa pensa em ‘velho’ já remete a doente, ficar em casa, fraqueza e por aí vai. As pessoas rotulam a velhice com um olhar que não faz mais sentido nos dias de hoje. A velhice é múltipla. Há os idosos ativos e os velhos que são doentes. Não dá para colocar todo mundo no mesmo cesto”, fala.

Cristiane acredita que compreender e respeitar a velhice, independentemente de seu tipo, é muito importante, já que excluir os idosos é deixar de lado uma pessoa que carrega uma história e tem muito a acrescentar. “Não temos que infantilizar o idoso. Temos que respeitar sempre a pessoa. Quando Ieda diz que quer ser tratada de igual para igual é por que os idosos merecem isso dos jovens e dos adultos e muita gente não está disposta a isso. Prefere rotular os mais velhos de gaga, rabugento, cai nesse grande erro”, fala.

As lições da terceira idade

Para a arte terapeuta o envelhecimento deve ser encarado com mais naturalidade, bem como os problemas da velhice que, na sua opinião, aparecem no caminho como os vários outros ao longo da vida. “A vida toda é cheia de coisas difíceis que aprendemos a lidar e o mesmo acontece com os desafios que aparecem na velhice”, fala.

“Tem velho que sabe encarar os problemas e dá uma lição nos mais jovens. A sociedade tem que se esforçar para olhar para eles e aprender tudo isso. Incluir os idosos na nossa vida traz muitos ganhos”, fala.