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"Aprendi mais sobre o meu corpo vendo filme pornô"

Chef de cozinha descobriu como receber e dar prazer assistindo filmes pornôs - Getty Images
Chef de cozinha descobriu como receber e dar prazer assistindo filmes pornôs Imagem: Getty Images

Amanda Serra

Do UOL

03/07/2017 15h38

Apesar do cinema pornô ainda ser majoritariamente dominado por homens e feito para homens, algumas mulheres encontram brechas nessa pornografia e fazem dos filmes seus aliados no prazer e também na descoberta do corpo feminino.

“Vendo esses filmes aprendi mais sobre o meu corpo e também como deixar os homens mais excitados, quebrou aquilo de isso não pode e aquilo pode. Aquele tabu de papai e mamãe”, conta a chef de cozinha paulistana S. H., 39, ao UOL.

Espectadora assídua de filmografias sobre swing (troca de casais) e longas que costumam mostrar cenas de sexo entre duas mulheres e um homem, S. H. começou a consumir pornôs aos 18 anos com um namorado e a intenção inicial era imitar as posições sexuais. Atualmente, duas vezes por semana, ela e o atual marido assistem aos filmes juntos, mas mantêm o hábito em segredo.

A libertação

"Não sentíamos [eu e o namorado] vergonha e com o tempo passamos a ver mais e mais filmes. Além de prazeroso e gostoso era como se estivéssemos com um professor. Foi ótimo me libertar e saber que poderia ter orgasmos sozinha.

Apesar de ser um cinema machista, feito para homens, ninguém imaginava que nós mulheres iríamos gostar tanto. Vivemos em uma sociedade que acha que é só chegar e fazer sexo. Precisamos [mulheres] de preparo para ser prazeroso.

Visão marginalizada do pornô

Ninguém sabe que eu e o meu marido assistimos. Vemos escondido e evitamos falar em público sobre isso. Ainda há preconceito. Mas as pessoas são hipócritas, muitos dizem que não assistem, mas sabemos que todo mundo é um pouco voyeur (prazer em observar atos sexuais ou íntimos de outras pessoas).

Ver filmes assim sempre ajudou em nosso relacionamento, pois contribui para o nosso prazer. Os filmes me ajudaram a aceitar, a entender que o corpo feminino é uma máquina, que precisa ser aquecida. Em nenhuma sociedade isso é dito. A mulher sempre foi usada como objeto de prazer e nunca foi dito que ela precisa ser aquecida. Nos filmes sempre ensinam a dar prazer primeiro para nós, mulheres. Mesmo que o conteúdo, ainda, seja feito para homens.

No entanto, só gosto de ver com o meu marido. Porque aí já fico excitada e é melhor ter alguém para apagar o fogo [risos]".