Transar dormindo é um distúrbio do sono e tem nome: "sexsomnia"

Se você já pegou seu parceiro se masturbando enquanto dorme, ele pode sofrer de “sexsomnia”. O distúrbio, que não tem ligação com a conhecida ereção noturna, faz a pessoa ter vontade de transar durante o sono. A frase foi direcionada para quem pode presenciar o fato porque, neste caso, a desordem gera amnésia e só pode ser identificada pelo outro. Por conta disso, há poucos registros.

Há cerca de um ano, Joaquim*, 30, descobriu que tinha a parassonia sexual quando a namorada perguntou se o sexo da noite anterior tinha sido bom e ele não se lembrava de nada. Sim, a pessoa que tem o problema pode chegar a, de fato, ter a relação sexual.

“Fui ler sobre o assunto e quando descobri que era um distúrbio, procurei um médico especialista. Passei constrangimentos ao me masturbar na frente dela, mas não lembrar de nada. Hoje me trato com medicamentos para controlar.”

Como é feito o diagnóstico

Segundo o psiquiatra Carlos Schenck, pesquisador em medicina do sono do Centro Regional de Distúrbios do Sono de Minnesota, EUA, além do relato, o diagnóstico é feito com exames clínicos detalhados com avaliação laboratorial do sono, a polissonografia.

“Em outros casos, observações durante a noite, junto com a história clínica do paciente, que pode ter outros distúrbios do sono associados, é suficiente para descobrir.”
Schenk afirma que trata-se de uma desordem fisiológica e “não reflete a personalidade da pessoa acordada ou insatisfação na vida sexual.”

Para tentar confirmar a “sexsomnia” enquanto estiver com a pessoa na cama, segundo Shigueo Yonekura, neurologista do Instituto de Medicina e Sono de Campinas e Piracicaba, em São Paulo, um dos pontos é confusão diante de um despertar abrupto.

“Pode ser que a pessoa demonstre uma consciência limitada e não responda aos estímulos externos durante o ato, além da falta de memória ao acordar.”

O que causa

A falta da higiene do sono, que consiste em evitar tomar café, consumir álcool e outras drogas quaisquer, dormir em um local silencioso e escuro e aconchegante e sempre no mesmo horário, pode desencadear os episódios. Além de estresse e privação do sono.

Entretanto, Monica Levy Andersen, professora livre-docente do Departamento de Psicobiologia e chefe da disciplina de Medicina e Biologia do Sono da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), salienta que se trata de um distúrbio, e não de algo que acontecerá isoladamente, como um pesadelo.

“Geralmente aquele adolescente que assaltava a geladeira de madrugada e não se lembrava de nada, na vida adulta vai manifestar a parossonia sexual.”

Incidência maior em homens

De acordo com Schenck, quase 80% dos casos relatados na literatura médica são de homens. Porém, também pode acometer mulheres, com ações mais restritas ao palavreado sexual e à masturbação. Não há cura. Mas o psiquiatra diz que, felizmente, a maioria dos casos pode ser resolvida com terapia.

Além disso, Monica reforça que manter a higiene do sono adequada pode ajudar. “Existem medicações para acompanhar, mas cada caso é bastante particular. Por isso, diante de sinais do distúrbio, procure um médico especialista em sono e no tema.”