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Se era só pegação, por que dói tanto quando acaba?

Na hora do rim, não importa se a relação tinha nome ou não. Dói - Getty Images
Na hora do rim, não importa se a relação tinha nome ou não. Dói Imagem: Getty Images

Carolina Prado

Colaboração para o UOL

12/09/2017 04h00

Durante dois anos, Larissa, 24 anos, saiu com um cara que sempre deixou claro que não queria nada sério. Os dois ficavam esporadicamente. A Larissa até lidava bem com a situação, mas isso mudou. “Fiquei brava quando ele não me deu ‘parabéns’ no meu aniversário, embora ele tenha dito que não fez de propósito”, conta. Um tempo depois, o rapaz contou que estava com outra pessoa. “Fiquei triste. Parece que ele só estava passando um tempo comigo, até achar alguém que de fato servisse para ele. Mas, se não tinha compromisso, por que dói?

Todo fim pode machucar

É absolutamente humano sofrer com o fim de uma relação que nem sequer tinha virado namoro. “O nome que se dá para o envolvimento com outra pessoa pouco importa em um término. O que realmente faz diferença é a intensidade do que foi vivido”, fala o psicólogo Ghoeber Morales.

Não importa que nao era oficial

Na nossa cultura, ainda é muito forte a ideia de o sofrimento só ter razão de ser quando o relacionamento é oficializado. Mas isso não é real. O fato de não ser uma relação bem definida torna a coisa confusa, tanto no início quanto no fim. É como se a gente perdesse um pouco o controle da própria vida amorosa.

Por que a gente sofre?

Expectativa. Se a expectativa for grande e não correspondida, a frustração aparece. “Alguns outros fatores também interferem na dor do término, como o momento da vida em que ele ocorre. Se a pessoa acabou de ter outra perda relevante ou se estava infeliz em outras áreas da vida, o término pesa mais”, explica Ghoeber Morales.

Medo de julgamento

O sentimento de culpa por sofrer por algo que nunca aconteceu, aos olhos dos outros, torna a dor do fim mais intensa. “O medo de julgamento alheio cria uma briga interna em alguém que já está sensibilizado. Mas só a gente mesmo pode medir a própria dor”, diz o psicólogo Yuri Busin. Em resumo: se os outros têm um problema com o seu sofrimento, o problema é deles e não seu. Entender isso tira um peso das costas.

Chora, que faz bem!

Permitir-se sofrer por um rolo? Por que não? “Quanto mais tentamos fugir do sentimento, mais ele cresce”, diz Morales. E o psicólogo Fernando Elias José acrescenta que não há razão para querer estar radiante horas depois do ponto final. Pressa não combina com esse momento. Caso o sofrimento comece a atrapalhar outros setores da vida, bloqueando novos relacionamentos e impedindo de planejar o futuro, ponha um limite na fossa. E se não conseguir por conta própria, busque ajuda.