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Por que algumas pessoas sentem ciúme mesmo quando não há motivo?

casal ciúme olhando celular - Getty Images
casal ciúme olhando celular Imagem: Getty Images

Heloísa Noronha

Colaboração para o UOL

07/10/2017 04h00

Há quem, ainda que de forma inconsciente, adore inventar pretextos para sentir ciúme. Funciona até como uma espécie de combustível para a relação. Mesmo que não haja um rival em potencial rondando o relacionamento, essas pessoas inventam um terceiro imaginário para alimentar o drama. O resultado? Sofrem e fazem o par sofrer sem motivo. Para enfrentar essa mania e viver um romance saudável, o primeiro passo é tentar investigar o que existe por trás dela. Veja algumas hipóteses:

Medo de fazer papel de trouxa

O receio de se tornar alvo de uma traição e, assim, sofrer uma humilhação pública é um dos grandes temores dos ciumentos. O pavor de levar chifre é tamanho que a pessoa não dá trégua ao par: vive controlando cada passo, quer saber com quem falou, como foi o dia, quem viu ou deixou de ver, etc. Mais do que amor, é o orgulho e a honra que estão em jogo.

Baixa autoestima

Quem não consegue gostar de si costuma acreditar que os outros também não são capazes de fazer o mesmo. Assim, ser trocado por alguém "melhor" - mesmo que esse ser só exista num plano imaginário - vira o fantasma da relação. Em vez de dar assas à imaginação, que tal usar a criatividade para trazer as próprias qualidades à tona?

Competição afrodisíaca

Esse é um fator bastante comum. A necessidade de incluir um terceiro na relação funciona como um estímulo. Ao imaginar que o par é alvo de olhares, cantadas e tentações na rua, a pessoa, inconscientemente, o vê como alguém mais interessante. Seu objeto de desejo, na verdade, atrai o desejo de outros também, mas é você quem o tem. Mais do que servir como um componente afrodisíaco, essa ânsia em triangular a relação pode acabar por envenená-la, pois ninguém quer se ver na mira de cobranças e ciúmes por motivos inexistentes.

Vontade de chamar a atenção

A cada demonstração de ciúme, é como se a pessoa gritasse: "Ei, eu existo! Olhe para mim! Eu sou mais interessante do que qualquer um por aí!".

Necessidade de provas de amor

Ciúme não é sinônimo de amor, paixão, cuidado. Muitas pessoas gostam de armar uma cena só para marcar território ou mostrar ao par que se preocupam com a relação, nem que seja às custas de um rival inexistente. Testar os sentimentos alheios o tempo todo só vai cansa e afastar quem você ama.

Mente fantasiosa

Lembre-se: o que você pensa a respeito de traição é problema seu, assim como a insegurança ou medo que sente também são de sua alçada. Não jogue questões suas nas costas do par, achando que a pessoa vai agir ou pensar como você. Aprenda a discernir fatos concretos de viagens da sua imaginação.

Fantasmas da infância

Carências não supridas no relacionamento com os pais ou com os cuidadores na época de criança costumam vir à tona na idade adulta na forma de crises de ciúme. Reflita se o seu medo de ser alvo de enganação, substituição ou abandono não são, na. verdade, ecos do passado.

Projeção da vontade de trair

É como se você estivesse diante de um espelho, embora se julgue diante de uma vidraça. Explicando melhor: você se recusa a reconhecer a própria vontade ou tendência de trair (e até de encontrar um terceiro imaginário para sacudir a SUA vida) e, por isso, a atribui ao par.

Inveja velada

Em muitos casos, a inveja costuma se entrelaçar ao ciúme. Isso ocorre, por exemplo, quando alguém introvertido ou inseguro se ressente da personalidade cativante e divertida do par. Inventar um rival imaginário para intoxicar a relação é uma forma de enredar o outro, que provavelmente vai se esforçar para provar sua fidelidade, e minguar tudo o que ele tem de interessante aos olhos alheios.

 

FONTES: Alexandre Bez, psicólogo especializado em relacionamentos e autor do livro "Inveja – O inimigo oculto" (Ed. Juruá), e Iara Camaratta Anton, psicóloga, terapeuta de casais e autora do livro "Homem e mulher - Seus vínculos secretos" (Ed. Artmed)