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Mulheres veem chance de mudança em Hollywood com caso de assédio

Ashley Judd, uma das assediadas por Harvey Weinstein, durante a Marcha das Mulheres, em março - Getty Images
Ashley Judd, uma das assediadas por Harvey Weinstein, durante a Marcha das Mulheres, em março Imagem: Getty Images

Anousha Sakoui e Christopher Palmeri

da Bloomberg

09/10/2017 12h58

O surgimento das acusações de assédio sexual contra o produtor Harvey Weinstein pode se tornar um momento decisivo para Hollywood por oferecer uma nova oportunidade de acabar com a imagem do "teste do sofá", de acordo com defensores das mulheres no local de trabalho.

As acusações feitas por mulheres, como as atrizes Ashley Judd e Rose McGowan, contra um líder da indústria proeminente e bem-sucedido pode encorajar mais mulheres a revelar suas próprias histórias e forçar os homens no poder a refletir sobre seu próprio comportamento, disseram cineastas e ativistas. O escândalo de Weinstein também deve aumentar a pressão sobre os estúdios para colocar mais mulheres em papéis de liderança e melhorar a paridade na contratação e na remuneração, disseram.

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"Esse problema é predominante em Hollywood", disse Maria Giese, cineasta e ativista. "Para uma mulher jovem, sem conexões nem experiência, a contrapartida solicitada para avançar é muitas vezes sexual, e isso acontece no setor que produz o produto de exportação cultural mais influente dos EUA."

Giese disse que passou pela situação de esperarem que ela fizesse sexo com executivos em troca de ajuda na realização de seus primeiros filmes — ofertas que ela recusou. Ela não identificou os indivíduos. Cansada de sua falta de progressão na carreira, ela ajudou a convencer a União Americana de Liberdades Civis a abrir uma investigação em 2015 sobre as práticas de contratação da indústria cinematográfica, que chamou a atenção da Comissão de Oportunidades de Contratação Igualitárias.

O caso de Weinstein atinge o cerne do problema do avanço das mulheres em Hollywood, porque a indústria depende da reciprocidade — trocas de favores, inclusive sexuais, disse Giese.

Weinstein, conhecido pelas campanhas agressivas que levaram aos prêmios Oscar filmes como "Shakespeare Apaixonado", pediu licença na quinta-feira da companhia que ele fundou com seu irmão. O New York Times informou que Weinstein havia pago a pelo menos oito mulheres para resolver acusações de assédio sexual. Weinstein negou muitas das acusações e disse ao New York Post que a reportagem foi injusta. Três membros da diretoria de sua empresa, a Weinstein Co., pediram demissão na sexta-feira, de acordo com o Deadline, e os diretores restantes contrataram advogados externos para investigar as acusações.

A advogada Lisa Bloom disse no sábado no Twitter que também pediu demissão do cargo de assessora de Weinstein. "Meu entendimento é que o Sr. Weinstein e seu conselho estão caminhando para um acordo", disse ela no tweet.

O acontecimento sacudiu um setor que praticamente excluiu as mulheres de cargos proeminentes atrás das câmeras e de uma representação igualitária na frente das câmeras. Uma pesquisa realizada pela Universidade do Sul da Califórnia concluiu que a porcentagem de personagens femininas com falas em filmes foi de pouco mais de 30 por cento nos últimos dez anos. E, atrás das câmeras, apenas 4,2 por cento dos diretores, 13,2 por cento dos roteiristas e 20,7 por cento dos produtores eram mulheres em 2016, embora as mulheres representem cerca de metade da população.

Parte do desafio para as mulheres é o medo de repercussões na carreira por falar. Megan Ellison, filha do fundador da Oracle, Larry Ellison, que criou a produtora Annapurna Pictures, tuitou com simpatia a reportagem do New York Times. "As mulheres enfrentam repercussões graves por falar de suas experiências e merecem nosso total apoio", disse ela. "Eu admiro a coragem dessas mulheres."