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Dá para ser só amiga do ex?

Antes de tomar qualquer iniciativa, é legal entender por que você quer manter amizade com o ex - Getty Images
Antes de tomar qualquer iniciativa, é legal entender por que você quer manter amizade com o ex Imagem: Getty Images

Carolina Prado e Gabriela Guimarães

Colaboração para o UOL

08/11/2017 04h00

Já avisamos de cara: amizade com ex não é lenda, nem papinho daquela sua amiga que diz que tem o ex como “irmão”. É possível, sim, transformar o amor do relacionamento anterior em uma amizade sincera. Mas, para que isso aconteça, os dois precisam ter maturidade para deixar de lado as questões que levaram ao término, além de querer manter contato, claro.

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“Um relacionamento pautado no respeito e parceria, quando acaba, deixa boas intenções para com o outro. É razoável continuar com a amizade, pois há admiração, ainda que como casal a relação não tenha sido tão bem-sucedida”, conta a psicóloga Rita Costa. Por outro lado, com um fim de relacionamento em que houve desrespeito, em que a convivência era tóxica, é pouco provável que a amizade perdure.

O perigo das “segundas intenções”

Antes de tudo, é legal entender por que você quer manter amizade com o ex. Vocês sempre se deram bem, a pessoa é legal, porque o que viveram foi ótimo, enfim. Algum sentimento positivo está envolvido nisso. Mas, às vezes, uma das partes se esforça para manter a amizade porque não desapegou. É o caso da auxiliar de faturamento Beatriz Aparecida, 23 anos. “Namoramos por 5 meses. Assim que terminamos, eu não queria perder contato com ele, pois ainda tinha esperança de voltarmos. Continuei mandando mensagens todos os dias, até que ele começou a sair com outras meninas, e aquilo começou a me irritar muito. Um mês depois, ele já estava namorando outra garota”, conta Beatriz. E a situação ficou ainda pior. “Mandei mensagem falando um monte e ele, claro, me ignorou. Aí, um dia, fuçando no Instagram, vi o perfil da ex-namorada dele e mostrei para uma amiga, que acabou curtindo a foto da menina sem querer. Depois de 5 minutos, ele me bloqueou de tudo. Mandou SMS, dizendo que se eu estava stalkeando a vida da ex dele, imagina a dele. Depois disso, não tive mais contato”.

Desapego é fundamental!

Se manter a amizade com o ex é, pra você, uma forma de se apegar ao passado que foi bom, melhor repensar essa escolha. “É melhor manter distância se você ainda não sabe quem o outro é na sua vida. Há uma ‘prova tácita’ que podemos usar neste caso: imagine seu ex ficando com alguém. Você se sente mal? Se sim, mantenha distância. Porque ficamos felizes quando nossos amigos se dão bem”, conta o psicólogo Akim Rohula Neto.

Quando não é possível

Segundo o psicólogo Rafael Oliveira Gomes da Silva, as brigas e mágoas não saradas, a possibilidade de reaver a relação para uma das partes e até mesmo o ciúme do novo companheiro pode inviabilizar esse bom relacionamento com ex. O auxiliar de cobrança jurídica Leandro Pires, 26 anos, teve este problema. Ele namorou por pouco tempo uma garota, mas, segundo ele, a relação era muito boa. “O término não foi bom pra nenhum dos dois, mas como a gente sempre frequentava o mesmo ambiente, decidiu numa boa tentar amizade. Quando a gente se via, conversava, mas nunca sobre outros relacionamentos. Só nos afastamos porque comecei a namorar outra menina que não gostava que ela curtisse fotos, tinha ciúme. Aí, por respeitar e zelar pelo meu relacionamento, resolvi excluir minha ex das redes sociais.” Mas é importante, de qualquer maneira, conversar com o atual parceiro, caso você queira manter a amizade. “Ceder a um ciúme excessivo ou desejo de controle do cônjuge atual pode ser pior do que enfrentar isso”, alerta Rafael.

Quando há filhos envolvidos

A importância de manter uma boa relação com o ex é ainda maior quando se tem filhos envolvidos. Claro que há casos em que isso é inviável. Segundo a psicóloga e pedagoga Juliana Pintor Furlanetto, muitas vezes há desgaste, principalmente, quando há disputas de guarda ou pensão, necessidade em prejudicar o outro. “As duas partes sempre se sentem injustiçadas, ninguém se dispõe a ceder e acabam se esquecendo dos maiores prejudicados na relação, os próprios filhos. Felizmente, há casais que conseguem, sim, olhar para as necessidades dos filhos como prioridade e resolver tudo de forma amigável”, explica. É o caso de Marcilene Luiza, 31 anos, técnica administrativa. Ela foi casada por 5 anos e teve um filho. Mas o relacionamento caiu na rotina e os dois viviam como amigos. Quando ela resolveu sair de casa, foi complicado no início, pois o ex não aceitou por causa da criança. “Mas não coloquei barreiras para visitas, então, vimos que podíamos, sim, ser amigos. Temos um filho e queremos o melhor pra ele. Hoje meu ex é casado com outra pessoa e eu também. Mantivemos o mesmo círculo de amizades e sempre frequentamos os mesmos lugares, a ponto de ele me ligar quando precisa ou eu também ligar caso precise.”

O “segredo” do sucesso

Veja as 6 dicas dos especialistas para quem quer manter a amizade com o ex numa boa:

* Aceitar o término.

* Não carregar mágoas.

* Não alimentar esperanças de voltar, nem no outro, nem em você.

* Saber a hora de manter a distância (quando alguma situação causa dor, por exemplo).

* Não controlar os relacionamentos que venham depois de você, nem exigir satisfações sobre a vida dele.

* Perdoar.

Fontes: Rita Costa, psicóloga da Doctoralia. Rafael Oliveira Gomes da Silva, psicólogo. Akim Rohula Neto, psicólogo. Juliana Pintor Furlanetto, psicóloga e pedagoga.