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Fofoca não é coisa de gente rasa, é uma habilidade social

Descobrir em quem podemos confiar é um dos benefícios da fofoca - Getty Images
Descobrir em quem podemos confiar é um dos benefícios da fofoca Imagem: Getty Images

Carolina Prado e Gabriela Guimarães

Colaboração para o UOL

25/11/2017 04h00

Falar da vida alheia é tão antigo quanto a própria humanidade. Não por acaso. Precisamos de informações detalhadas sobre as pessoas que conviverão conosco para saber com quem podemos contar. “Fofocar também é um meio de fugir dos próprios problemas e da rotina. A vida do outro, às vezes, acaba sendo mais interessante do que a nossa”, diz a psicóloga Camila Cardoso.

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Dois estudos conduzidos na Universidade de Staffordshire, Inglaterra, revelam que fazer fofoca sem maldade traz alguns benefícios. Nas pesquisas, depois de uma rodada de comentários sobre a vida alheia, as emoções negativas dos voluntários diminuíram em 6% enquanto as positivas aumentaram 3% e a autoestima cresceu em 5%. Até mesmo quando a fofoca tinha uma dose de veneno, ela foi boa aos voluntários, porque os fazia sentir-se menos sozinhos.

Bons fofoqueiros são populares

Compartilhar segredos é uma forma das pessoas se conectarem. Quem domina a arte da fofoca é bem informado com o que acontece no meio em que está inserido. Por outro lado, recusar-se a participar de uma fofoca é pedir para ser isolado pelo grupo em algum momento. Tem mais: saber que podemos virar alvo de fofoca nos ajuda a sermos melhores pessoas.

Teste de confiança

O fuxico ajuda a descobrir em quem podemos confiar. “Qualquer pessoa pode fazer alguma fofoca sobre o outro em algum momento da vida. O que irá diferenciar é como o fofoqueiro transmitirá as informações”, diz Carla. Se na fofoca forem acrescentadas informações falsas, é sinal de mau-caratismo. “Há pessoas que se sentem em uma posição de maior controle e poder espalhando
rumores, porque é como se elas soubessem mais sobre os outros, ainda que as informações sejam infundadas”, fala o psicólogo Lucas Bianchi.

Fofoca on-line

As avaliações de satisfação no ambiente digital, as curtidas, comentários e compartilhamentos são formas modernas de fofocar. Pense em uma página de comércio on-line. Quando um vendedor recebe comentários de insatisfação por um péssimo serviço prestado, não sentimos confiança para fechar uma compra com ele. Mas na rede também se propagam muitas informações falsas. Uma fofoca, com apenas alguns cliques, pode fazer um enorme estrago na reputação de alguém. Por isso, avisam os especialistas, pense bem antes de compartilhar qualquer coisa.

Em busca da verdade

A especulação que gera a fofoca é um meio de levantar informações relevantes. Mas é preciso ter cuidado com informações que vêm com a intenção de prejudicar alguém. É importante analisar os fatos com atenção, antes de aceitar o que se ouve como verdade. “Quem faz fofoca precisa se responsabilizar pelo que diz. E saber que informações erradas geram consequências. Liberdade de expressão é garantida por lei, mas pode ferir”, avisa a psicóloga Carla Ribeiro.

Futrica saudável

É quando serve para enaltecer outra pessoa ou alertar o interlocutor para um problema. Um diz que diz pode até aproximar fofoqueiro do alvo da fofoca. Se um amigo diz a outra que um terceiro do grupo está com esse ou aquele problema, a fofoca pode ser um meio de somar esforços para ajudar quem está precisando de um ombro ou de uma mão amiga, por exemplo.

Na empresa não é legal

Se existe um lugar em que uma fofoca pode causar um baita prejuízo é no ambiente de trabalho, onde, em geral, não faltam competições e inseguranças de parte das pessoas que passam juntas a maior parte do dia. Daí, atenção para as notícias veiculadas pela “rádio peão”. Não raro, elas geram muitos transtornos às empresas e aos indivíduos que convivem nesse ambiente.