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Afogamento mata mais crianças do que tuberculose ou sarampo, alerta OMS

A maior parte das mortes está concentradas nos países menos desenvolvidos - BBC
A maior parte das mortes está concentradas nos países menos desenvolvidos Imagem: BBC

19/11/2014 11h33

O afogamento mata mais crianças abaixo de 15 anos por ano do que o sarampo ou a tuberculose, alertou um novo relatório da OMS (Organização Mundial da Saúde). Segundo o órgão da ONU, a asfixia debaixo d’água está entre as dez principais causas de óbito de crianças e jovens em todo o mundo. De acordo com estimativas da OMS, 372 mil pessoas morreram afogadas em 2012. Mais da metade delas tinha menos de 25 anos.

No grupo de pessoas com menos de 15 anos, essa foi a causa de morte de mais de 140 mil meninos e meninas, duas vezes mais que o número de mortes por tuberculose (quase 70 mil).
O sarampo, em comparação, matou 145 mil pessoas, em todos os grupos etários, em 2013, segundo a OMS.

O órgão da ONU informou que a maior parte das mortes por afogamento em 2012 (cerca de 90%) está concentrada em países menos desenvolvidos, especialmente na África, no sul da Ásia e nas regiões do Pacífico ocidental.

Os homens têm o dobro de chance de ser vítimas de afogamento que as mulheres, acrescentou o relatório.
Brasil

No Brasil, 3,3 pessoas em cada 100 mil morreram afogadas em 2011 - o último dado disponível. A taxa é inferior à de países como Belarus (8) ou Belize (10), mas está acima da de vizinhos sul-americanos como Argentina (1,7), Colômbia (2,4) e Venezuela (2,1).

Foi a primeira vez que a OMS fez um levantamento exclusivamente sobre o número de mortes provocadas por afogamento no mundo.
"Esforços para reduzir a mortalidade infantil trouxeram ganhos expressivos nas últimas décadas, mas também revelaram outros assassinos ocultos na infância", afirmou Margaret Chan, diretora-geral da OMS.

"O afogamento é um deles ? e pode ser evitado. Governos locais e federais devem reconhecer esse problema e tomar as medidas cabíveis articuladas pela OMS", acrescentou.

Riscos

Uma das principais conclusões do relatório diz respeito à idade das vítimas. Quanto mais jovens, mais suscetíveis a morrer afogadas. Em 48 dos 85 países analisados, por exemplo, o afogamento estava entre as cinco principais causas de morte de crianças de até 15 anos.

Segundo a OMS, outro fator de risco é o grau de exposição do indivíduo à água. Pessoas que vivem da pesca ou pescam para comer estão mais propensas a morrer afogadas. O mesmo ocorre com crianças que moram nas proximidades de canais, valas, piscinas ou lagoas.

O afogamento responde por 75% das mortes em inundações, cada vez mais frequentes devido ao aquecimento global, acrescenta o órgão da ONU.

Segundo a OMS, os riscos de afogamento são maiores em países de classe baixa ou média, onde mais pessoas vivem em áreas sujeitas à inundação. Muitas vezes, por causa da falta de desenvolvimento nesses locais, a mobilidade dos moradores é limitada em eventuais desastres naturais.

Há também outros fatores de risco como: crianças brincando perto d'água sem supervisão de adultos, condições médicas, como epilepsia, e ingestão de álcool.

Nos Estados Unidos, afirma a OMS, os custos diretos e indiretos das mortes por afogamento somam cerca de US$ 273 milhões (cerca de R$ 710 milhões) por ano. No Canadá e na Austrália, a cifra é de US$ 173 milhões (R$ 450 milhões) e US$ 85,5 (R$ 222 milhões), respectivamente.

Prevenção

O relatório da OMS recomenda a construção de barreiras como forma de reduzir as mortes por afogamento.

As medidas incluem tapar bueiros, cercar piscinas e usar travas nas portas para restringir a movimentação, sobretudo de crianças nas proximidades de áreas com abundância de água.

Outra sugestão do órgão é sempre manter os mais jovens sob supervisão de um adulto e, quando possível, ensiná-los não só a nadar, mas também a tomar medidas de seguranças em regiões onde o risco de afogamento é maior.

A OMS também chama atenção para a criação e o fortalecimento de políticas efetivas e legislações sobre o tema, além da prevenção contra alagamentos e enchentes, como sirenes e um planejamento urbano adequado.