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Da ideia às lojas, saiba como é o processo de criação de brinquedos

Andrezza Czech

Do UOL, em East Aurora, Nova York

05/07/2013 07h42

Uma ideia e alguns rabiscos no papel. É assim, de uma maneira simples, que começa a criação de um brinquedo na Fisher-Price.

Segundo a pesquisadora infantil Kathleen Alfano, diretora sênior do Departamento de Pesquisa Infantil da Fisher-Price, o processo completo de criação de um brinquedo, desde a ideia até a ida às lojas, dura de dez meses a um ano e meio, dependendo de quão complexo ele é.

De acordo com o diretor sênior de design de produtos Gary Weber, são mais de 5 mil brinquedos (e 5 mil ideias) produzidos a cada ano na Fisher.

A inspiração vem de diversas formas: reuniões, opiniões de pais e, principalmente, da observação de como as crianças brincam e quais suas necessidades e vontades. O comportamento de bebês e crianças é observado tanto em suas casas por profissionais da Fisher quanto nos laboratórios de testes e de pesquisas da empresa, em East Aurora, no estado de Nova York.

Muitos dos rascunhos iniciais feitos por designers são feitos à mão e levados ao julgamento de alguns pais participantes do processo de pesquisa. A maioria dos modelos iniciais é feita em softwares especializados, capazes de projetar o futuro brinquedo em três dimensões. Segundo Weber, o programa é capaz de simular até como uma criança poderá brincar com o produto.

Passada essa etapa, os designers levam até dois dias para produzir modelos brutos, que têm o objetivo de mostrar o mecanismo do produto e não sua imagem final. “São modelos ainda muito frágeis, mas que as crianças já podem testar brincando, supervisionadas”, diz Kathleen.

Os protótipos são ainda precários. Segundo ela, são colados com fitas, feitos com cabo de telefone e até copos de café. “Eles usam apenas o conceito. Se a criança gostar e os pais também, começam a fazer um modelo melhor”, diz ela.

Se aprovado por pais e filhos, é hora do trabalho dos engenheiros começar, transformando a ideia em algo concreto. E isso é só o começo. Até ser finalizado, o brinquedo passa por dezenas de ajustes no design e muitos testes de segurança, refeitos a cada pequena alteração no brinquedo. 

Testes de segurança

A função da equipe de segurança do produto é antecipar todas as formas como o brinquedo pode ser usado de maneira errada pelas crianças.

“Os designers levam o modelo para a equipe de segurança, que garante que cada um seja seguro para passar para a próxima etapa de evolução”, diz Joel Taft, gerente de segurança .

A quantidade de vezes que um produto passa por testes varia de acordo com seus detalhes. Cada observação de erro é anotada no sistema para que não se repita.

Há uma grande lista de testes a serem cumpridos para cada brinquedo. Cada um passa por procedimentos de segurança específicos, todos seguindo padrões internacionais de segurança. “Temos um documento com todos os testes que devem ser feitos para cada produto. São várias páginas com tudo que é exigido, os testes mecânicos, químicos, tudo que for necessário. Para ser aprovado, ele precisa passar em todos”, diz Taft.

No caso de um andador, por exemplo, é preciso ver se não há possibilidade de a criança colocar a cabeça em algum espaço aberto ou de prender o maxilar no lugar em que apoia as mãos. 

  • Divulgação Fisher-Price

    Com 9,5 kg, aparelho puxa e pressiona o brinquedo na vertical e na horizontal. O objetivo é verificar que as peças não se soltam

Um dos testes que é aplicado em todos os brinquedos é simples: trata-se de uma corrente usada para ver se o brinquedo poderia enganchar na roupa da criança. Há também a avaliação de queda, na qual o brinquedo é arremessado ao chão para ver se pequenas partes podem se desprender.

Checar se nenhuma peça se quebra ou se solta é algo básico em qualquer teste –um pequeno pedaço solto pode fazer a criança colocá-lo na boca e se engasgar.

Para saber se o brinquedo é aprovado nesse quesito, um aparelho com o peso de 9,5 kg é usado para puxar e pressionar o produto na vertical e na horizontal.

Quando o brinquedo estiver totalmente seguro, é hora das embalagens. E o serviço novamente é dos designers. “Eles são responsáveis para saber quanto o brinquedo vai custar, como ele vai caber em uma caixa, se vai ser montado ou não, e como fazer para que ele não quebre ao ser transportado”, diz Weber.

*A jornalista viajou a convite da Fisher-Price.