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Criança deve se proteger do sol não só em praia e piscina

Até 50% da radiação ultravioleta que uma pessoa recebe durante toda a vida ocorre até os 21 anos - Thinkstock
Até 50% da radiação ultravioleta que uma pessoa recebe durante toda a vida ocorre até os 21 anos Imagem: Thinkstock

Catarina Arimatéia

Do UOL, em São Paulo

22/09/2013 08h05

Uma tarde na praia, aulas de educação física por volta das 11 h ou mesmo uma caminhada com as crianças depois do almoço, sob o sol, podem ter consequências graves 30, 40, 50 anos depois.

Até 50% da radiação ultravioleta que uma pessoa recebe durante toda a vida ocorre até os 21 anos, segundo Paulo Ricardo Criado, presidente da Sociedade Brasileira de Dermatologia, regional do Estado de São Paulo (SBD/SP). Como consequência, já que o efeito é cumulativo, a exposição solar sem os cuidados necessários –uso de filtro solar apropriado (a partir de seis meses) e exposição até as 10h e depois das 16h– é um dos principais fatores para o desenvolvimento do câncer de pele na vida adulta.

Para reverter o quadro e diminuir o número de casos, a Assembleia Legislativa de São Paulo oficializou por meio de lei a Semana de Educação à Exposição Solar Infantil Preventiva ao Câncer de Pele – Sol Amigo da Infância, criada pela SBD/SP, com o apoio do cartunista Maurício de Souza. A campanha, que foi lançada no final de 2012, a partir deste ano, será realizada anualmente, na última semana de setembro.

A explicação para o alto número de radiações entre a infância e a adolescência é simples: esse é o período na vida em que há mais atividades ao ar livre, em ambientes abertos. Sem falar nos fins de semana na praia ou na piscina, muitas vezes acompanhados pelo desejo de adquirir um bronzeado perfeito. Uma armadilha que costuma cobrar um preço alto.

“A cada queimadura solar com formação de bolhas, a criança duplica o risco de ter um melanoma maligno na vida adulta, o tipo de câncer de pele mais grave, que pode levar à morte”, diz Criado.

Prevenção

A prevenção é o caminho para evitar problemas futuros. E há medidas preventivas que dependem dos pais, outras das escolas. Os primeiros, nos momentos de lazer, devem procurar respeitar os melhores horários para a exposição solar, não descuidar da aplicação do filtro (e da reaplicação a cada uma hora e meia e sempre que a criança se molhar, seja entrando no mar, na piscina ou suando) e, paralelamente, conscientizar o filho da importância desses cuidados.

Já em relação às instituições de ensino, uma das medidas mais importantes, de acordo com o presidente regional da Sociedade Brasileira de Dermatologia, é programar as atividades de educação física fora dos horários críticos da emissão de raios ultravioletas, que ocorre entre 10h e 16h.

Também é importante ensinar à criança que a utilização de protetor solar, apesar de indispensável, não garante 100% de proteção nos horários considerados proibidos. “Por mais que se aplique protetor solar, nunca a pele será completamente protegida, milímetro por milímetro, pois existirão minúsculas ‘ilhas’ que receberão os raios de sol”, afirma o dermatologista Paulo Ricardo Criado.

Para o médico oncologista Ricardo Caponero, da Clinonco (Clínica de Oncologia Médica), em São Paulo, há um longo caminho a ser percorrido até os adultos se tornarem mais conscientes sobre o tema.

“Apenas uma minoria toma os cuidados apropriados. As crianças costumam acordar tarde e os pais vão à praia ou à piscina, exatamente, nos horários mais impróprios. Basta passar em um clube ao meio dia para ver quantas pessoas estão ali, expondo-se de forma nociva”, diz.