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Peso e hidratação influenciam na aparência dos seios no pós-parto

Qualquer procedimento ou creme para estrias e flacidez precisa de liberação médica - Getty Images
Qualquer procedimento ou creme para estrias e flacidez precisa de liberação médica Imagem: Getty Images

Catarina Arimatéia

Do UOL, em São Paulo

07/10/2014 07h15

Durante a gestação, o organismo se prepara não somente para gerar e dar à luz o bebê, mas também para cuidar das necessidades básicas da criança, entre elas a amamentação. Intensamente exigidos nessa fase, os seios começam a sofrer transformações mesmo antes do nascimento, necessitando de cuidados especiais. 

Apesar de ainda não existirem cremes ou óleos capazes de acabar com estrias e flacidez, tão comuns nesse período, hidratar a pele com cremes específicos, e aprovados pelo ginecologista e obstetra, pode reduzir a possibilidade de os dois problemas aparecerem.  Outro ponto determinante para a aparência dos seios é o ganho de peso na gravidez. Quanto menos a mulher engordar, menor será a possibilidade de a pele ficar flácida e estriada.

“Prevenir ainda é o melhor remédio, por isso, em primeiro lugar, deve-se evitar o aumento excessivo de peso durante a gestação. O ideal é a mulher engordar, no máximo, de nove a 12 quilos. Ao evitar o efeito sanfona, previne-se a distensão da pele em demasia”, declara o dermatologista Jorge Mariz.

Aumento dos seios

Com a alteração hormonal que ocorre no período de gestação, as mamas se preparam para a produção do leite. Hormônios como a prolactina, o estrogênio e a progesterona passam a provocar uma hipertrofia da glândula mamária –ou seja, os seios crescem. Com o parto, tem início a amamentação.

Todo esse processo tem reflexo na aparência dos seios. “Como consequência de seu aumento, podem ocorrer a saliência e o ressecamento dos mamilos e o aparecimento de estrias, ocasionadas pelo rompimento das fibras de colágeno e de elastina. Nos últimos meses de gravidez, o busto pode pesar cerca de 600 gramas além do normal, por isso é importante a utilização de sutiãs adequados para garantir sustentação”, diz a ginecologista e obstetra Rosane Rodrigues.


Como consequência do aumento das mamas, a pele precisa se distender para comportar o novo tamanho e pode ficar flácida quando a amamentação terminar. “Tudo o que estica muito e depois volta ao normal gera flacidez. O que acontece com a pele da barriga durante a gravidez também ocorre com os seios, o processo é parecido”, afirma Rosane.

Além do processo normal de distensão da pele, outros fatores também influenciam na flacidez dos seios, como a idade da mulher, o tamanho prévio das mamas e a falta de exercício físico.

No caso de mulheres acima de 30 anos, a diminuição da capacidade de produção de colágeno, substância que dá sustentação à pele, joga contra a beleza dos seios, colaborando para a queda das mamas, processo chamado de ptose pelos médicos.

Hidratação na medida

A aplicação de cremes e/ou óleos ajuda a melhorar o aspecto da pele, mas não faz com que os problemas desapareçam. Os produtos atuam na hidratação da região, proporcionando mais elasticidade à pele e ativando a circulação local.

“Após o parto, o organismo leva cerca de seis semanas para que o útero retorne ao tamanho normal e os hormônios se estabilizem. A partir de então, pode-se iniciar o uso de cremes já liberados na gestação. Uma pele bem hidratada, além de bonita, sofrerá um risco menor de formação de estrias”, fala Jorge Mariz.

Mas nem toda substância presente em cremes pode ser utilizada pelas mulheres nesse período. Segundo o dermatologista Mariz, os produtos seguros são aqueles que contêm germe de trigo, óleo de prímula, óleo de amêndoas doces, óleo de macadâmia, óleo de avelã e ceramidas, ativos hidratantes.

Segundo o especialista, os mais eficientes são produzidos com nanotecnologia, que leva os princípios ativos às camadas mais profundas da pele. “São 30% superiores em termos de hidratação”, afirma o especialista.

Assim como na gestação, durante a amamentação, produtos com alguns ingredientes são contraindicados por oferecerem risco à saúde do bebê. Na lista das substâncias a serem evitadas está a ureia, a despeito de seu alto poder hidratante. Mariz não recomenda às suas pacientes nem mesmo os cremes com menos de 3% dela em sua composição, patamar considerado seguro pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).

Mesmo os cremes e óleos hidratantes teoricamente liberados devem contar com o aval do médico que atende a mãe e o bebê. Importante também é tomar algumas precauções na hora de aplicá-los. Nunca se deve passá-los na aréola ou nos mamilos, regiões em que o bebê tem contato direto, e sim ao longo dos seios.

Fim da amamentação

Se, apesar de todo o cuidado com hidratação e peso, as estrias apareceram, com o fim da amamentação, a mulher pode se submeter a sessões de laser não ablativo. "Antes de parar de amamentar, não faz sentido querer fazer um procedimento do tipo, porque os seios podem aumentar ou diminuir de acordo com a produção de leite da mãe", fala o ginecologista e obstetra Fúlvio Basso Filho, que atua na unidade do Itaim Bibi do Hospital e Maternidade São Luiz, em São Paulo.

De acordo com o dermatologista Mariz, outro tratamento indicado é o laser de gás carbônico fracionado em sessões com intervalos de três semanas, aliado à aplicação de um gel creme cicatrizante nanotecnológico, três vezes por dia. A duração do tratamento é variável, depende do tipo de estrias, mas, em geral, é de cerca de três meses.

Já para reverter a flacidez dos seios, o recurso mais eficiente é a cirurgia plástica. “Dependendo de quantos quilos a mulher engordou durante a gravidez, a recuperação se torna mais lenta e difícil. Nesse caso, a cirurgia plástica ajuda na recuperação da autoestima e do contorno corporal”, diz o cirurgião plástico André Eyler, membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica e da Sociedade Americana de Cirurgiões Plásticos.

O ideal, diz Mariz, é que a mulher realize a operação, pelo menos, seis meses após encerrar a amamentação. “Depois desse período, o corpo já está mais equilibrado em relação às alterações hormonais ocorridas durante a gravidez. Mas, se a paciente ainda estiver acima do peso, é indicado fazer um programa de recuperação da forma física com acompanhamento nutricional e endocrinológico, além de praticar atividade física”, diz ele. Portanto, a cirurgia plástica é a última etapa, já que os melhores resultados só serão alcançados quando o peso estiver próximo ao ideal.