Topo

Mulher engravida de gêmeos após câncer de tireoide; veja mais histórias

Larissa teve gêmeos, apesar do câncer - Arquivo Pessoal
Larissa teve gêmeos, apesar do câncer Imagem: Arquivo Pessoal

Melissa Diniz

Do UOL, em São Paulo

05/01/2016 07h15

 

Engravidar de gêmeos contrariando o prognóstico de infertilidade, ter um parto normal já tendo agendado um cesárea, descobrir-se grávida em um exame de rotina... A seguir, cinco mulheres contam como foram surpreendidas pela maternidade.

Após câncer e mioma, Larissa engravidou de gêmeos

A farmacêutica e estudante de engenharia mecânica Larissa Wurthmann, 27 anos, de Mogi das Cruzes (SP) é a personificação da superação.
 
Diagnosticada com câncer de tiroide aos cinco anos, ela viu a doença voltar diversas vezes. “Tive de fazer muitos tratamentos com iodo radioativo, então, os médicos diziam que eu teria de fazer tratamento para tentar engravidar. Por conta disso nunca usei anticoncepcional.”
 
Em 2013, Larissa descobriu que o câncer tinha voltado e que, além dos nódulos malignos no pescoço, tinha um mioma de 15 centímetros no útero e um tumor benigno na coluna. “Passei por vários especialistas, e o ginecologista disse que para retirar meu mioma poderia haver hemorragia e eu teria de tirar o útero também.”
 
Em agosto daquele ano, ela passou por uma cirurgia para retirar os seis nódulos do pescoço, quatro deles malignos. “Em novembro, minha menstruação atrasou e pensei que fosse por conta do mioma ou talvez pelas medicações da cirurgia.”
 
Uma amiga a convenceu a fazer um teste gravidez de farmácia e deu positivo. “No dia seguinte, o exame de sangue deu positivo também e fiquei muito chocada, pois, até então, achava que não poderia ser mãe.”
 
O ginecologista de Larissa disse que ela não poderia levar a gravidez adiante, pois o mioma não permitiria que o bebê crescesse. “Saí muito triste da consulta, tinha acabado de receber um milagre e ele me tirou o chão.”
 
Duas semanas depois, Larissa resolveu consultar outro médico e, ao fazer a ultrassonografia, descobriu que não era apenas um bebê, mas dois, o que redobrava o risco da gravidez.
 
“Tive sangramento, fiquei de repouso a gestação toda, mas consegui levar até os sete meses. Na cesárea, tiveram de tirar o mioma e tive uma forte hemorragia, quase morri. Fui parar na UTI e recebi seis bolsas de sangue, mas, no final, tudo deu certo.”
 
Contrariando as expectativas médicas, os gêmeos Lorenzo e Luigi hoje estão com um ano e seis meses, e Larissa está saudável.
 

Edilene queria parto normal e fez uma cesárea de emergência

Em sua primeira gestação, a analista de sistemas Edilene Arruda, 32 anos, de Santo André (SP), desejava muito ter um parto normal. Praticante de ioga e corrida e adepta da alimentação natural, ela conta que se preparou mesmo antes de engravidar para isso. 

“Se pudesse escolher, não faria cirurgia alguma. No caso da cesárea, sabia que o pós-operatório poderia ser mais delicado, pensava na retirada da criança, que é muito brusca, então, não estava nos meus planos.”

Durante a gravidez, ela engordou 12 quilos, o que é considerado normal, e praticou caminhadas leves de até 4 km. “Os exames mostravam que estava tudo bem, e o próprio obstetra me dizia que tinha tudo para ser normal.”

Ao completar 35 semanas de gestação, o bebê Yan, hoje com um mês, ameaçou nascer antes da hora e Edilene precisou fazer repouso total. “Tive de me afastar do trabalho e parar totalmente os exercícios.”

Ela entrou em trabalho de parto com 39 semanas e meia de gravidez. “Comecei a sentir contrações muito fortes e fui com meu marido para a maternidade. Chegando lá, estava com apenas dois centímetros de dilatação e, 13 horas depois, não houve evolução.”

Nesse momento, a bolsa de Edilene rompeu e o líquido amniótico estava esverdeado, indicando que o bebê estava em sofrimento e havia defecado dentro da barriga.

Conhecidas como mecônio, as primeiras fezes do bebê, ao se misturarem com o líquido amniótico, podem ser aspiradas, causando falta de oxigênio do cérebro, o que causa danos irreversíveis.

“Por conta disso, precisei fazer uma cesárea urgente, mas não fiquei frustrada. Sabia que iria sair de lá com meu bebê nos braços, independentemente do tipo de parto.”

A cesárea permitiu que Yan nascesse rapidamente e sem nenhuma sequela. “Isso é o mais importante”, diz Edilene.

Vivian estava com a cesárea marcada, mas o bebê adiantou

Dizem que mãe de segunda viagem é mais preparada, afinal já tem conhecimento de causa. Mas com a paulistana Vivian Lie Hashimoto, 35 anos, não foi assim. “Estava com a cesárea marcada para o dia seguinte e, como tive uma gravidez tranquila com o meu filho mais velho, relaxei no segundo e nem me preocupava com um possível imprevisto.”

A surpresa, no caso, foi entrar em trabalho de parto. “Sempre ouvi dizer que uma vez cesárea, sempre cesárea, e fiquei muito surpresa ao acordar, em pleno domingo de Carnaval sentindo dores.”

Pensando ser apenas ansiedade pela cirurgia do dia seguinte, Vivian manteve sua rotina normal. “Fui à banca de jornal, à padaria, dirigi, cuidei do meu filho mais velho, trabalhei e as dores foram aumentando, mas não sabia que estava em trabalho de parto.”

Foi a sogra de Vivian quem percebeu que Dalton, hoje com três anos, estava apressado para nascer e pediu a ela que ligasse para o médico com urgência.

“Ao saber que as contrações aumentavam e os intervalos entre elas diminuíam, meu médico pediu que fôssemos ao hospital para fazer exames. O jeito foi correr para arrumar a mala nos intervalos das contrações.”

Já no pronto-socorro da maternidade, ao ser examinada pelo obstetra, ela descobriu que estava com sete centímetros de dilatação e que o bebê nasceria de parto normal. 

“Apenas duas horas e vinte minutos depois de ter pego a ficha, meu filho nascia para surpresa de todos. O parto normal, segundo Vivian, foi muito mais fácil do que ela imaginava.

Renata descobriu gravidez em ultrassom de rotina

Com o diagnóstico de síndrome dos ovários policísticos, distúrbio endócrino que interfere na ovulação e pode causar infertilidade, a supervisora de conteúdo Renata Nunes, 33 anos, de São Paulo, estava apenas fazendo uma ultrassonografia de rotina quando descobriu que estava grávida de 16 semanas.

“Por ser gordinha, não percebi a gravidez, apesar de ter ganho quatro quilos. Acho que devo ter esquecido de tomar o anticoncepcional algum dia, mas realmente nunca imaginei que ficaria grávida, nem estava nos meus planos.”

Namorando havia apenas sete meses e com uma viagem marcada para o Canadá, Renata levou um susto quando a ultrassonografista mostrou que havia um bebê dentro dela.

“Comecei a chorar e só me acalmei quando ela me deixou ouvir os batimentos cardíacos do bebê.”

Ela contou ao namorado e depois aos pais. “Fiquei surpresa com a reação deles. Lembro que meu pai me abraçou e disse que, aos 27 anos, já era uma mulher independente e só faltava um filho para me completar."

Com o bebê a caminho, o jeito foi cancelar a viagem e investir nos preparativos para sua chegada. “Não esperava morar junto com meu namorado na época, mas montamos uma casa e fizemos um quarto para o bebê. Foi uma fase bastante prazerosa.”

Após o nascimento de Vinícius, hoje com seis anos, Renata teve dificuldades para se adaptar à nova rotina. “Confesso que, embora tenha tido todo o apoio da minha mãe, sogra e namorado, foi um exercício muito difícil para mim, pois dependia muito dos horários do bebê para tudo.”

Hoje, as dificuldades estão superadas. “Eu me separei, mas minha relação com meu filho e com o pai dele é ótima. Vinícius é minha prioridade, fazemos natação juntos, viajamos e nos divertimos bastante. Somos, de fato, parceiros”, conta.

Luyze foi do rosa ao azul em um piscar de olhos

A estudante de direito Luyze Gomes dos Santos, 30 anos, de Ubaíra (BA), estava noiva quando descobriu a gravidez de nove semanas. “Não queria ser mãe, fazia faculdade e já tinha até conseguido uma bolsa de intercâmbio para estudar nos Estados Unidos. Eu me casei e vi meus sonhos se desmoronarem.” 

Ao saberem da gestação, Luyze e o marido começaram a desejar que fosse uma menina. “No primeiro exame, com 16 semanas, não deu para ver o sexo, mas tínhamos certeza de que era uma menina e compramos tudo rosa.”

No segundo exame, veio a surpresa com um gostinho de decepção. “O médico disse que era menino. Meu marido reagiu muito mal. Ficou até sem conversar comigo e dormimos em quartos separados.”

Para tentar convencê-lo de que seria bom ter um filho, Luyze comprou bolas, fez cartazes sobre futebol e trocou todo o enxoval para a cor azul, mas o marido continuava impassível. 

Não bastassem essas surpresas, Luyze teve hipertensão e passou por uma gestação de risco. Somente no nascimento do filho, Bernardo, hoje com oito meses, o coração do pai amoleceu.