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Puberdade indica que o corpo está pronto para o sexo, mas só isso não basta

A maturidade emocional varia muito de um adolescente para o outro, de acordo com o ambiente e os estímulos - Getty Images
A maturidade emocional varia muito de um adolescente para o outro, de acordo com o ambiente e os estímulos Imagem: Getty Images

Do UOL

14/09/2016 07h05

É uma preocupação comum dos pais evitar que o filho inicie a vida sexual precocemente. Mas quando e como reconhecer que o adolescente já tem maturidade suficiente para transar? O primeiro ponto é reconhecer que o corpo e a cabeça do jovem não estão necessariamente em sintonia.

“O corpo está pronto para o sexo logo após a puberdade, tanto que meninos e meninas por volta dos 13 ou 14 anos são capazes de se reproduzirem. No entanto, é preciso considerar também a maturidade emocional, que varia muito de um adolescente para outro, de acordo com o ambiente, os estímulos que o jovem recebe e as experiências vividas”, declara a educadora sexual e enfermeira Maria Helena Vilela, diretora do Instituto Kaplan, organização não governamental que se dedica a estudar a sexualidade humana.

O pediatra Mauro Fisberg, que atua no Centro de Atendimento e Apoio ao Adolescente, do Departamento de Pediatria da USP (Universidade Federal de São Paulo), concorda com Maria Helena.

“A primeira menstruação da menina e o primeiro jorro de esperma do menino, consciente ou inconscientemente, indicam que o corpo está pronto para a iniciação sexual, mas é preciso perceber se há preparação psicológica para dar esse passo no desenvolvimento”, diz Fisberg.

 

A Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar 2015, divulgada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), mostrou que 27,5% de estudantes que cursavam o nono ano do ensino fundamental, no ano passado, já haviam tido relação sexual. Em média, um aluno dessa série tem 14 anos.

Desse total, 39% não usaram preservativo na primeira vez e 33,8% não utilizaram na última relação sexual. “Falta de prevenção é um dos riscos da vida sexual precoce. Isso causa doenças sexualmente transmissíveis e gravidez indesejada, que vão atrapalhar a formação desse jovem”, diz o infectologista Ricardo Vasconcelos, do Hospital das Clínicas da USP.

Papel dos pais é orientar

Para muitos pais –que em sua grande maioria não tiveram educação sexual em casa--, o principal desafio é driblar eventuais tabus e conversar francamente e sem sermões com o adolescente, mesmo que o filho não esteja em uma relação estável. Afinal, há jovens que lidam bem com um relacionamento afetivo sem sexo, enquanto outros escolhem parceiros sexuais com os quais não possuem qualquer tipo de vínculo.

“Para os pais, pode não ser uma tarefa das mais fáceis, pois muitos não tiveram essa conversa em casa quando estavam na puberdade. Também é comum que os pais tenham receio de expor a própria sexualidade”, afirma a psicóloga Maria Cristina Romualdo Galati, terapeuta sexual no Hospital São Paulo da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).

De qualquer forma, é essencial dar o primeiro passo. “Os pais devem encarar como um treino. Quanto mais falarem sobre o assunto com os filhos, mais fácil ficará a conversa e a interação”, diz. “Os pais nem sempre precisam falar, mas é importante que os filhos saibam que podem perguntar e dividir suas angústias, se quiserem”, fala a psicóloga.

Sinais de que seu filho está pronto

Para Maria Helena Vilela, se não há uma idade cronológica adequada para o sexo, há uma condição psicológica ideal, que pode ser medida por diversos elementos, da motivação do jovem às consequências que ele consegue atribuir à experiência.

A seguir, elencamos alguns fatores que ajudam a reconhecer se o seu filho está ou não preparado para o sexo:

* O desejo de iniciar a vida sexual é fruto de uma decisão consciente do jovem. Ele não está cedendo às pressões da turma nem recebe qualquer tipo de intimidação do par.

* O adolescente mostra que está agindo de acordo com os valores que acredita --e que não necessariamente são os mesmos dos pais.

* Está informado sobre doenças sexualmente transmissíveis e sobre os impactos da gravidez na adolescência.

* Conhece os principais métodos contraceptivos e sabe utilizá-los.

* Passa por consultas médicas regulares, a cada seis meses, para acompanhar o desenvolvimento físico.