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Além das fotos e dos vídeos: parto agora é transmitido ao vivo pela web

Fazer fotos e vídeo do parto é pouco: a moda é transmissão ao vivo, pela internet - Getty Images
Fazer fotos e vídeo do parto é pouco: a moda é transmissão ao vivo, pela internet Imagem: Getty Images

Letícia Rós e Marina Oliveira

Colaboração para o UOL

17/01/2018 04h00

Se já parece corriqueiro, ao ter um bebê em uma maternidade particular, pais serem questionados se querem fotografar e/ou filmar o parto, maternidades começam a oferecer um outro patamar de serviço: a transmissão on-line do nascimento.

A publicitária e fotógrafa Isa Luciana, mãe de Henrique, de um ano e cinco meses, contratou o serviço para que a família de Minas Gerais, os amigos da Austrália e a filha mais velha, que estava na recepção do hospital, aguardando a chegada do irmão, acompanhassem o nascimento, que aconteceu em São Paulo. “Foi muito bom sentir a energia e o carinho que essas pessoas queridas nos passaram.”

Ela conheceu o serviço na visita à maternidade. Com a contratação de foto e vídeo do parto, a empresa responsável ofereceu a transmissão, que custa R$ 90.

“É tudo muito prático. Eles enviaram um link com uma senha, que compartilhei com as pessoas do grupo de WhatsApp que tinha criado para essa finalidade”, conta a publicitária.

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Ao vivo e em cores

Em 2017, a PubliVídeo Nascimentos, especializada em registrar partos em maternidades particulares de São Paulo, transmitiu on-line 7.500 partos.
“Foram 17.790 acessos de IP, e uma audiência estimada em torno de 53.390 familiares e amigos”, diz Henrique Ferarege diretor geral da empresa. “Usamos câmera HD e as imagens são transmitidas quando o bebê já está com a mãe. Não são mostradas cenas da cirurgia.”

No ABC Paulista, o Hospital e Maternidade Brasil, da Rede D’Or São Luiz, iniciou o serviço de transmissão on-line em dezembro. São duas opções: pelo Facebook, por meio de um evento criado apenas para convidados dos pais, e pelo site da maternidade. Não é preciso contratar cinegrafistas, e o custo é de R$ 90.

De casa para o mundo

Para o antropólogo Claudio Bertolli, o desejo de expor a vida não é novo. Apenas o meio mudou. “Conheço maridos que filmaram o parto da mulher, há duas ou três décadas, para mostrar às visitas, mesmo as não íntimas”, diz.

Há também a vantagem mais óbvia das novas tecnologias de comunicação: encurtar as distâncias. “Compartilhar o momento do parto com outros membros da família é como possibilitar que todos estejam juntos na sala”, diz o antropólogo social Jonatas Dornelles.

Seja para satisfazer um desejo de reconhecimento –da importância de um momento – ou por uma questão prática, há quem não curta a modalidade.

A assistente social Ana Paula Serrano Tomacheusk, por exemplo, que se descreve como uma pessoa discreta, nunca se entusiasmou com a ideia.

“Não fiz e não faria. Para mim, o parto é um momento muito íntimo, que deve ser dividido apenas com quem realmente é muito próximo, como o pai ou qualquer outra pessoa que traga tranquilidade, segurança e tenha uma ligação forte com a mãe e a criança que está para nascer”, diz.