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J. Crew anuncia mudanças no design de suas gravatas

Troy Patterson

26/10/2016 18h17

Escondida na página 86 do catálogo de outubro da J. Crew, há uma frase que fará estremecer qualquer homem que tenha comprado roupas nos últimos cinco anos: "Ampliamos nossas gravatas em 6,4 milímetros para acompanhar as mudanças de proporção atuais."

É quase um aparte. Praticamente uma reflexão tardia! Mas, para um cliente fiel das gravatas da J. Crew, que vem investindo nos modelos de 6,35 centímetros desde 2011, isso indica uma mudança possivelmente radical.

É que, de forma geral, a largura das gravatas vem diminuindo desde o começo da década. Será que elas voltarão a se expandir depois de um momento demasiado breve de linhas finas e discretas? Serão esses míseros 6,4 milímetros o começo de um caminho sedoso e perigoso até que as gravatas fiquem do tamanho de uma vela mestra?

Não entre em pânico. Afrouxe o colarinho, respire fundo e absorva um pouco do contexto: o cliente da J. Crew é relativamente jovem, com pinta de garotão e um ar despreocupado que ajudou no sucesso das gravatas de 6,35 centímetros para início de conversa. Marcas mais sóbrias, como Charles Tyrwhitt e Thomas Pink, nunca estreitaram tanto seu padrão de gravata e não extrapolaram o limite mínimo de 8 centímetros.

Em segundo lugar, não se trata de uma reversão abrupta -- ainda --, apenas um indicador de mudanças futuras. A gravata de 6,35 centímetros continua sendo o modelo mais popular entre os vendidos pela Tie Bar, de acordo com a presidente da empresa, Allyson Lewis. Mas, observou ela, "no ano passado, as gravatas de 7,62 centímetros ganharam um pouco mais de impulso".

Basicamente, desde o fim dos anos 2000, o tamanho das gravatas das marcas tradicionais vem encolhendo, resultado da influência de estilistas que definem as tendências da moda atuais, como Thom Browne e Hedi Slimane, pioneiros dos ternos curtos (Browne) e das silhuetas joviais extremamente esbeltas (Slimane para Dior) nas passarelas alguns anos antes.

Quando a influência desses ternos finalmente chegou às lojas de todo o mundo, as gravatas ficaram mais estreitas para combinar com lapelas cada vez menores. Sem nem perceber, seu pai que não dá a mínima para a moda provavelmente passou a usar uma gravata mais fina do que a que ele usava 20 anos atrás.

Mas o terno skinny está aos poucos passando de moda nas passarelas, substituído por ombros suavizados no estilo italiano e por um ar geral de relaxamento. Como as lapelas dos ternos deixaram de parecer uma faca pontuda, é natural que as gravatas se afastem da coleção usada pelos "Cães de Aluguel", de Quentin Tarantino.