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Médico alerta: retirar gordura da bochecha, febre entre famosas, tem riscos

Denise de Almeida

Do UOL

27/03/2017 22h10

Cada vez mais popular entre as famosas, a bichectomia pode trazer riscos. Com a promessa de deixar o rosto mais fino, muita gente aderiu à cirurgia para retirar parte da bochecha, que já é moda entre celebridades pelo mundo.

"Me preocupa o excesso de pacientes que têm feito sem a real indicação, que vão acabar desenvolvendo uma fisionomia cadavérica, além do risco de ficar com uma depressão na região lateral do rosto", afirma Luciano Chaves, presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica. "Temos que alertar a população sobre o risco da banalização da bichectomia", analisa.

Não é para todos

A indicação para passar pela faca é ter um volume maior no rosto. "Mas o profissional tem que avaliar. Muitos pacientes também têm esse volume sem ser da bolsa gordurosa, e sim por conta da hipertrofia de um músculo chamado masseter, que é o responsável pela mastigação".

"Quando nós temos um paciente com boa indicação, o resultado estético é vantajoso. É um procedimento que tem que ter critério, como todos os outros procedimentos cirúrgicos", ressalta o cirurgião plástico.

Riscos

Luciano explica que a bichectomia não está isenta de riscos e complicações. "Este procedimento exige muita perícia cirúrgica e um profundo conhecimento da anatomia". Ele conta que nessa região da boca passa um ramo bem fino do nervo facial, chamado nervo bucal, que é responsável pelo movimento do canto da boca, que você mexe ao bocejar.

Se algo na cirurgia sair errado, o paciente pode ter uma paralisia como sequela. "Isso pode ser reversível ou pode deixar parte com sequela. Aí esse paciente vai ter que se submeter a fisioterapia e tratamento medicamentoso", explica o cirurgião.

O médico alerta para outro risco de complicação: durante a cirurgia, o canal que leva saliva à boca pode ser lesionado, deixando o paciente com boca seca, como sequela.

Como funciona?

A bichectomia é a retirada de parte da gordura que todas as pessoas têm na bochecha, em uma área chamada Bolsa de Bichat. Feito por dentro da boca, o procedimento não deixa cicatrizes visíveis e dura até 40 minutos. Ele pode ser feito com anestesia local por cirurgiões plásticos ou cirurgiões dentistas.

Segundo o Conselho Federal de Odontologia, embora os cirurgiões dentistas possam legalmente realizar bichectomias, nem todos eles estão aptos a fazer o procedimento. "Há cursos e treinamentos específicos que capacitam os profissionais para a realização do procedimento", informa a entidade.

A cirurgia surgiu como alternativa para quem tinha a Bolsa de Bichat em abundância e acabava mordendo as bochechas com frequência, involuntariamente. Hoje, Luciano explica que a quase a totalidade dos procedimentos são adotados para fins estéticos.

No pós-operatório, o paciente deve evitar alimentos muitos sólidos nos primeiros cinco dias, além de usar antissépticos bucais e anti-inflamatórios. Alguns médicos podem receitar também o uso de antibióticos.