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Saúde

Sintomas, prevenção e tratamentos para uma vida melhor


Sintomas de febre amarela são parecidos com os da dengue; saiba identificar

Vacinação contra febre amarela na UBS Horto Florestal, em São Paulo - Newton Menezes/Futura Press/Estadão Conteúdo
Vacinação contra febre amarela na UBS Horto Florestal, em São Paulo Imagem: Newton Menezes/Futura Press/Estadão Conteúdo

Por Gabriela Guimarães e Rita Trevisan

Colaboração para UOL

26/10/2017 12h51

O medo de febre amarela silvestre na capital paulista e casos recentes no interior fizeram com que as filas dos postos de saúde dobrassem de tamanho. A Secretaria Estadual de Saúde pretende vacinar 1 milhão de pessoas que vivem no entorno dos parques da Cantareira e Horto Florestal, na zona norte de São Paulo, região onde foram encontrados macacos infectados. Mas, apesar dos inúmeros boatos que circulam pelas ruas, a população ainda tem dúvidas sobre os sintomas da doença, que aparenta voltar a ser transmitida nos centros urbanos --atualmente, todos os casos relatados no país são da forma silvestre, ou seja, estão restritos a áreas onde há mata abundante e suas vizinhanças.

Além dos mosquitos transmissores da doença (Aedes aegypti e Aedes albopictus), a febre amarela tem em comum com a dengue a maior parte dos sintomas, confundindo pacientes e até mesmo médicos.

Febre, dores e mal-estar são sintomas iniciais

“Na fase aguda, é comum ocorrer febre, dor de cabeça, dor muscular e mal-estar geral. São, portanto, sintomas bem inespecíficos. Atualmente, o que chama atenção é a pessoa ter passado recentemente por um local onde está ocorrendo surto”, explica Plínio Trabasso, professor associado e chefe da disciplina de infectologia da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas).

No exame físico, em casos mais graves, pode-se notar icterícia --quando as mucosas ficam amarelas-- e o fígado com um volume maior. “Essa primeira fase dura de três a quatro dias e, em seguida, a doença entra em remissão”, diz Plínio. Muitas pessoas se curam nesse momento, porém, há as que entram num segundo estágio, que os médicos chamam de tóxico. É nessa fase que ocorrem as principais complicações da doença, como vômitos, dor abdominal intensa, arritmias cardíacas, convulsões, queda de pressão arterial e sangramentos espontâneos.

Se o paciente sobreviver a esse período, fica completamente curado e imune. A recuperação total pode demorar de três a quatro semanas, mas, ao final dos primeiros 10 dias, há uma significativa melhora. A questão é que, ao contrário da dengue, o risco de morte por febre amarela é altíssimo. “Estima-se que a dengue seja letal em menos de 5% dos casos diagnosticados. Já a febre amarela pode produzir manifestações clínicas graves e matar até 50% dos indivíduos acometidos pela doença”, afirma Marcelo de Carvalho Ramos, professor da disciplina de infectologia do departamento de clínica médica da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas).

Aedes aegypti - James Gathany/Centers for Disease Control and Prevention via AP - James Gathany/Centers for Disease Control and Prevention via AP
Aedes aegypti também transmite a doença
Imagem: James Gathany/Centers for Disease Control and Prevention via AP

Doença não tem tratamento

A suspeita de febre amarela pode ser confirmada por um teste laboratorial, diz Maurício Lacerda Nogueira, presidente da Sociedade Brasileira de Virologia. Trata-se de um exame de sangue que pesquisa partes do RNA viral ou os anticorpos que estão sendo produzidos em resposta à infecção. O exame, de baixa procura, é feito em apenas dois laboratórios do país, para onde são encaminhadas as amostras colhidas em hospitais e prontos socorros.

No entanto, mesmo após a confirmação do diagnóstico, não há tratamento para a doença. A terapêutica adotada visa apenas aliviar os sintomas. “Não existe tratamento específico para febre amarela. Mas podemos dar suporte ao paciente, como adotar medidas para manter a pressão arterial sob controle, fazer a reposição com sangue ou soro, por exemplo, de acordo com a evolução do quadro”, afirma Plínio.

Fila para vacinação contra febre amarela na UBS Jardim Peri, próximo ao Horto Florestal, na zona Norte de São Paulo, na manhã desta terça-feira (24) - Newton Menezes/Futura Press/Estadão Conteúdo - Newton Menezes/Futura Press/Estadão Conteúdo
Fila para vacinação contra febre amarela na UBS Jardim Peri, na zona Norte de São Paulo
Imagem: Newton Menezes/Futura Press/Estadão Conteúdo

Vacina previne, mas indicação é apenas para áreas de risco

Repelente, telas nas janelas e roupas que cobrem braços e pernas ajudam a minimizar os riscos de contrair febre amarela. Mas a maneira mais eficiente de se proteger é a vacina. No entanto, até o momento, a indicação dos médicos é que recebam a imunização apenas as pessoas que residem ou que transitoriamente precisem atravessar regiões onde já há casos diagnosticados.

A vacina é feita com vírus vivo, atenuado. A aplicação é intramuscular e uma única dose é suficiente para imunizar pelo resto da vida. “Os efeitos adversos são raros”, afirma Nogueira.

Não podem receber a vacina pessoas com baixa imunidade --em tratamento de câncer ou transplantados, por exemplo--, crianças com menos de seis meses, mulheres grávidas e alérgicos a ovos. “Pessoas acima de 65 anos só devem receber a vacina com indicação médica”, finaliza Plínio.