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Invista na análise capilar e descubra o tratamento certo para sua cabeleira

Mulher analisando os cabelos com uma lupa - Thinkstock
Mulher analisando os cabelos com uma lupa Imagem: Thinkstock

Rosana Faria de Freitas

Do UOL, em São Paulo

28/06/2012 08h00

Se você não tem a menor ideia de a quantas anda a saúde do seu cabelo, mas percebe que precisa fazer alguma coisa para dar uma força à cabeleira, talvez esteja na hora de investir em um estudo mais profundo – como a análise capilar. A sondagem com ares “high tech” envolve exames de imagem, com o uso de lentes de aumento, câmeras e um aparelho chamado dermatoscópio digital, que permitem visualizar, sem retirar um fiozinho da cabeça, desde alterações externas da fibra até doenças do couro cabeludo. “É possível estimar a velocidade de crescimento e a quantidade de fios por cm². Ajuda tanto na elaboração do diagnóstico de qualquer problema como também na avaliação da evolução e dos resultados de tratamentos”, salienta Ana Carina Junqueira Bertin, dermatologista e tricologista da Clínica Adriana Vilarinho e do Centro de Cirurgia da Obesidade e Metabólica, em São Paulo. “No microscópio comum observamos se a fase é de crescimento, anágena, ou de queda, telógena. Vemos se o fio está afinado e se existem sinais de distúrbios como alopecia areata – queda – ou tricotilomania, o hábito de arrancar os fios”, completa Denise Steiner, membro das Sociedades Brasileira e Americana de Dermatologia.

Investigação à la Sherlock Holmes

Além desse exame de imagem, uma verdadeira análise capilar deve incluir um conjunto de investigações mais específicas realizadas por profissional com formação – clínico geral ou dermatologista, por exemplo. “Isso abrange, em primeiro lugar, uma avaliação detalhada da saúde geral do paciente, englobando os históricos médico e familiar. Depois, apreciação de sintomas que fornecerão subsídios para o diagnóstico exato”, diz Ana Carina. Em outras palavras, é essencial ir a fundo nos perfis hormonal e nutricional, levantando hábitos e comportamentos que, de alguma forma, têm influência no quadro. Estudar os fios externamente também é fundamental para ver textura, nível de oleosidade ou ressecamento, volume, fase de crescimento, danos químicos... “Os aparelhos com microscópios ajudam, mas o toque a olho nu não pode ser dispensado.”

Caso seja necessário, o médico pode solicitar o tricograma, um exame mais minucioso ainda feito em laboratório. Ele detecta alterações no ciclo biológico, identificando a evolução de doenças que atingem os cabelos e trazendo à luz dados como densidade e proporção de fios nas diferentes fases de desenvolvimento.

Para se chegar à análise certa de todos os dados, é imprescindível contar com a experiência do profissional. “O teste capilar fornece elementos como rugosidade e quebra, por exemplo, que devem ser interpretados corretamente porque podem ser efeito da desidratação do organismo. Muitas vezes é preciso associar informações do que é visto no consultório e no aparelho com exames laboratoriais específicos”, enfatiza Ana Carina. O custo do estudo no dermatoscópio digital varia entre R$ 200 e R$ 350 e em geral não é coberto por planos de saúde.

O que causa os problemas capilares

  • Fatores como má alimentação, fumo, poluição e estresse podem causar alterações nos fios

Talvez você esteja se perguntando até que ponto vale a pena partir para esses exames que, por enquanto, não são de rotina. A resposta é: depende do quadro capilar que apresenta. Caso seu cabelo esteja caindo sem explicação, ou seu couro cabeludo sofra com alguma doença, então é bom conversar com o dermatologista para, juntos, decidirem o que fazer. “A análise é capaz de avaliar o teor de estresse a que o fio foi submetido e a necessidade específica de reposição de nutrientes essenciais à saúde e à estética, tais como aminoácidos, proteínas e lipídeos”, destaca Eduardo R. Borba, gerente de marketing da ION Química, empresa especializada no desenvolvimento de matérias-primas para produtos capilares e cosméticos.

Fatores como cardápio desbalanceado, fumo, estresse e desordens hormonais influenciam diretamente a saúde dos fios. A falta de alguns nutrientes altera o crescimento e provoca queda e ressecamento, assim como o cigarro tem impacto negativo na circulação sanguínea, prejudicando o fornecimento de nutrientes ao bulbo capilar e enfraquecendo toda sua estrutura. “Já o sistema nervoso abalado aumenta a oleosidade do couro e altera os mecanismos de defesa. O cortisol, hormônio do estresse, acentua a queda e os hormônios femininos – estrógeno e progesterona –, que, quando reduzidos, modificam a densidade do fio, tornando-o mais fraco e propenso à quebra”, diz Borba. “Vale lembrar que fumo e estresse aceleram os processos oxidativos responsáveis pelo envelhecimento tanto da pele quanto do cabelo. Este fica seco, menos flexível e perde a cor – tornando-se branco”, completa Ana Carina.

Maior influência: alimentação

Poluição, umidade do ar, atividade física praticada em excesso e, claro, química de tinturas, descolorações e alisamentos igualmente agridem a estrutura proteica da fibra capilar. Idem para males inflamatórios e doenças auto-imunes, emocionais ou da tireóide. Mas o que mais causa problemas na cabeleira é mesmo a má alimentação. “O cabelo é composto por 98% de proteína – portanto, o menu precisa ter fontes de proteína animal e vegetal para que as melenas fiquem saudáveis”, assegura Denise Steiner.

Crescimento, hidratação, energia, elasticidade, brilho – tudo está relacionado com o que você coloca no prato. “Os nutrientes mais importantes são os aminoácidos – cistina e metionina – que estão principalmente em carnes, ovos e leite; a biotina, vitamina encontrada nos itens levedura, arroz integral, frutas, nozes, ovos, carnes e leite; zinco, em carne vermelha, aves, leite e derivados, feijão, amêndoas, amendoim e castanha de caju; silício orgânico, um oligoelemento que pode ser resposto por cápsulas de via oral; e vitaminas do complexo B, cujas fontes são carnes – especialmente fígado –, ovos, leite e derivados, germe de trigo, cereais, vegetais folhosos, brócolis, batata e tomate”, finaliza Eduardo Borba.