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Laser para pele negra? Entenda os riscos antes de optar pelo tratamento

A pele negra tem tendência a manchar quando o tratamento a laser não é corretamente recomendado e efetuado; por isso, todo cuidado é pouco ao optar pelo procedimento - Thinkstock
A pele negra tem tendência a manchar quando o tratamento a laser não é corretamente recomendado e efetuado; por isso, todo cuidado é pouco ao optar pelo procedimento Imagem: Thinkstock

Isabela Leal

Do UOL, em São Paulo

12/04/2013 08h00

Todo cuidado é pouco com os aparelhos a laser, quando se tem a pele negra. O motivo? A pele escura possui maior quantidade de melanina, sendo, portanto, mais sensível, já que a energia de alguns lasers age diretamente nessa proteína da pele. As consequências são, sobretudo, a formação de manchas, por conta de um estímulo exagerado, e o risco de queimaduras. “O laser produz calor, então, esse aquecimento, quando intenso e não controlado, pode “queimar” qualquer pele, e mais ainda a negra, por conta da afinidade com os melanócitos. Além disso, as sequelas com manchas, brancas ou escuras, de difícil tratamento, são muito comuns”, explica o dermatologista José Carlos Greco, de São Paulo, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia.

Sendo assim, o ideal é que tratamento de manchas na pele negra siga um protocolo “distante” do laser, afinal é um problema que se resolve com alternativas eficazes. “O peeling de cristal com máscaras clareadoras uniformizam o tom da pele com eficiência. Mas para garantir os resultados é preciso usar regularmente filtro solar, com fator de proteção 15, no mínimo”, argumenta a dermatologista Katleen Conceição, chefe do ambulatório de pele negra da Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro. “Além dos peelings, que são, de fato, apropriados, alguns tipos de laser em fluências mais baixas, são seguras, como as utilizadas na pele clara para tratamento de manchas”, completa a dermatologista Maria Fernanda Tembra, de São Paulo, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia.

Para rejuvenescer
Para tratar rugas e flacidez sem riscos vai depender do tipo de laser utilizado e de uma fluência (nível de energia emitida e concentrada na pele) segura. “Hoje temos aparelhos que usam a água como agente foco, como o laser fracionado de CO2, e assim provocam uma “evaporação” rápida, que permite a desorganização das células cutâneas; e a resposta do organismo para reorganizar esses tecidos é o estímulo da formação de colágeno, que melhora a firmeza e o aspecto das rugas”, explica Greco. “Os lasers de Érbium e YAG 1320 não atingem a epiderme, onde fica a melanina, e não são ablativos, isto é, ocorre o estímulo do surgimento de células novas, sem a destruição das anteriores”, esclarece, com detalhes, o médico.

Depilação sem dramas

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Em relação à retirada dos pelos, o laser já se mostra um método mais seguro, pois a direção da energia é bem pontual, no caso, o bulbo (poro onde nasce o pelo). “De novo, menciono o laser de YAG, que, para depilação é usado no comprimento de onda 1064, que o torna mais rápido. Dessa forma segue o pelo como guia e distribui pouco calor na superfície da pele, preservando a melanina. O laser de Diodo também é indicado, já que possui um sistema de segurança especifico para a pele negra com um tempo de relaxamento térmico longo e ponteiras resfriadas, focando somente o pelo e preservando a pele escura ao seu redor”, descreve José Carlos Greco. Já, Maria Fernanda Tembra, cita o laser de alexandrita: “Pode ser usado em baixa energia e confere alta proteção para peles negras. O aparelho vem com um sistema de refrigeração, o spray criógeno, que protege a camada mais superficial, evitando queimaduras”, justifica a médica, que é a favor do método e explica por quê: “Como a pele negra tem mais tendência à foliculite, é melhor fazer depilação a laser, para prevenir a hipercromia pós-inflamatória e a formação de cicatrizes”.

O caminho certo
A seguir, especialistas dão dicas do que é preciso observar antes de optar por um tratamento a laser.
- Procure um médico e uma clínica que sejam indicados por pessoas confiáveis e exigentes com a saúde e certifique-se de que o procedimento será feito por um médico, o único profissional habilitado para realizá-lo.
- Informe-se sobre todas as sensações e efeitos que envolvem o procedimento: como é a sessão, quais as reações indesejáveis e suas consequências, além é claro, de perguntar sobre os benefícios, em quanto tempo aparecem, como o equipamento age e os cuidados necessários antes e depois.
- Na maioria das vezes, as manchas podem ser tratadas com peelings – em alguns casos, o efeito do laser não vale o risco.
- Independentemente das orientações, garanta resultados seguros: interrompa o uso de ácidos pelo menos uma semana antes do procedimento, não se exponha ao sol também por pelo menos sete dias antes e nunca se submeta a um tratamento com laser se a pele estiver bronzeada.
- No período pós-procedimento aumente o rigor e não deixe de usar protetor solar nem hidratantes.
- Se formar casquinhas no local tratado nunca as remova antecipadamente.
- Fuja de anúncios e promoções de jornais, revistas e sites de compras coletivas, para evitar o risco de um profissional que não seja médico realizar o procedimento.