Topo

Saiba como lidar e prevenir manchas escuras em joelhos, axilas e virilhas

Thinkstock
Imagem: Thinkstock

Ciça Vallerio

Do UOL, em São Paulo

02/12/2013 08h00

Axila, virilha, parte interna das coxas, cotovelo e joelhos são as regiões mais suscetíveis a escurecimento da pele. Isso ocorre por estarem constantemente submetidas ao atrito, à umidade e ao calor local, explica a dermatologista Ligia Kogos. “Para se proteger dessas agressões, o organismo usa mão de melanócitos, que são as células produtoras de melanina, responsáveis pela pigmentação da pele”, diz a médica. “Esse processo favorece a hiperpigmentação, que causa o escurecimento da área.”

Quando apresentam tais características, esse escurecimento pode ser amenizado ou até eliminado por meio de cremes com agentes específicos para clareamento, mas não deixa de se tornar um incômodo entre homens e, especialmente, mulheres, que são sempre as mais preocupadas com a aparência. De acordo com a dermatologista Apolonia Sales, os joelhos são os campeões de queixas femininas justamente porque ficam mais expostos.

Mas as axilas não ficam atrás. Uma pesquisa encomendada por Dove e realizada pela consultoria TNS, em 2012, verificou o comportamento feminino em relação a essa parte do corpo. Entre as 1.605 mulheres entrevistadas em todas as regiões do Brasil e em outros países da América Latina, 95% delas disseram se preocupar com a aparência dessa parte do corpo, e mais de dois terços afirmaram que estar confiantes com relação a essa área faz com que se sintam mais seguras e atraentes fisicamente.

As mais suscetíveis
As negras e morenas são as que mais sofrem com manchas em áreas do corpo. “A intensidade desse escurecimento também depende das características da pele”, salienta Apolonia. “As células de negras e morenas produzem mais melanina, por isso estão mais sujeitas à hiperpigmentação. Apesar de as pessoas mais claras produzirem menos melanina, as regiões que sofrem atrito e irritações constantes também podem escurecer.” Outro fator que potencializa o aparecimento de manchas é o excesso de peso, pois o maior depósito de gordura em regiões de movimento, como na parte interna das coxas, promove maior atrito.

Como o atrito é a principal causa de manchas nas virilhas, coxas, cotovelos e joelhos, a hidratação caprichada e uso de óleos nessas áreas servem como prevenção. De acordo com os médicos, tais recursos reduzem a fricção na pele e, consequentemente, o escurecimento. O problema desses produtos, como observa Ligia Kogos, seria o risco de sujar a roupa e aumentar a umidade local. Para ela, a melhor opção é o uso de talco diário nas áreas que sofrem mais atrito. O dermatologista Adriano Almeida, diretor da Sociedade Brasileira de Dermatologia Clínico Cirúrgica e professor da Associação Pele Saudável,  recomenda ainda a utilização de peças íntimas mais longas, parecidas com shortinho, para proteger as coxas.  

Fatores externos também têm influência no surgimento do problema. Roupas justas, especialmente de tecidos grossos e ásperos, são um risco a mais para quem já tem propensão ao escurecimento da pele, pois funcionam como uma lixa agressiva, explica a dermatologista Ligia. E irritação frequente em determinada área também está relacionada ao escurecimento da pele, uma vez que o organismo tenta repará-la com melanina.

“Razão pela qual a axila tende a ficar mais escura quando a depilação com cera é realizada de uma maneira que machuque a pele frequentemente, criando um processo inflamatório”, diz Ligia. “Ou ainda ao passar lâminas sem o auxílio de cremes ou sabonetes que fazem com que elas deslizem suavemente, evitando que ‘arranquem’ uma camada fina de células superficiais.”

Segundo Ligia Kogos, qualquer trauma na pele pode causar o seu escurecimento por desencadear o processo de regeneração cutânea, envolvendo descarga de melanina no local:  “Assim, alergias a desodorantes, pelos encravados, apoio dos cotovelos em superfícies duras, joelhos constantemente solicitados em atividades físicas ou em trabalhos domésticos são também responsáveis pelo problema.”

Erros comuns
É comum acreditar que tomar sol disfarça a mancha, mas esse é um grande equívoco, apontam os médicos.  Na verdade, os raios solares intensificam o problema. “A exposição por si só já promove o aumento da produção de melanina, portanto, tende a escurecer ainda mais as manchas”, afirma a dermatologista Apolonia.  Outro risco é usar mão de receitas caseiras para clarear áreas escurecidas, conforme observa o médico Adriano Almeida: “Elas podem promover queimaduras ou esfoliação exagerada, que aumenta a hipercromia [escurecimento]”.

Cremes clareadores
Existem no mercado produtos capazes de amenizar as manchas, cuja fórmula leva ureia, ácidos lático, glicólico, salicílico, retinoico e alfa-hidroxiácidos (AHA), entre outros. No entanto, a maioria deles tem baixa concentração de clareadores. “O ideal é que o caso seja avaliado por um dermatologista para que possa ser indicado o produto ideal”, recomenda Apolonia. Há ainda a opção de cremes manipulados, que contêm concentrações mais potentes e, portanto, mais eficientes, além de serem prescritos para cada caso.

Para o dermatologista Almeida, esses tipos de cremes devem ser usados sempre sob orientação médica, pois podem promover o clareamento exagerado da área, substituindo a mancha escura por uma clara ou até branca. “Nesse caso, a mancha pode se tornar eterna se houver intoxicação e morte de melanócitos, que são as células que dão cor à pele”, adverte. “Quando a mancha estiver em área de muito atrito, não é aconselhável usar ácidos potentes,  pois afinará a pele, o que pode gerar um ferimento e piorar o escurecimento.”
Esse tipo de problema requer muito cuidado.  Afinal, nem todas as manchas são iguais e alguns componentes podem funcionar em um tipo, mas não em outras. “Existem as particularidades de cada pele”, observa Apolonia. “Certas substâncias têm maior chance de causar efeitos colaterais dependendo da raça e do tipo de pele, por isso são contraindicadas.”

De acordo com Ligia, virilha e axila se dão melhor com ácidos suaves como os de frutas (AHA) e o glicólico, aliados a corticoides fracos e cicatrizantes. “Joelhos e cotovelos suportam ativos mais potentes e de maior penetração, e necessitam de produtos com consistência cremosa e mais lubrificante por serem áreas muito secas”, orienta a dermatologista. “Soluções líquidas são ideais para clarear nádegas, e cremes suaves adaptam-se melhor às zonas sensíveis entre coxas, axilas e virilhas.”

Peeling e laser
Nunca se deve realizar peeling profundo nos casos de manchas escuras no corpo, alertam os médicos. Mas os do tipo superficiais são indicados, desde que sejam realizados por quem entenda muito do procedimento, uma vez que há grande risco de, se mal aplicado, agravar o problema.  “Os peelings de resorcina são perfeitos para as nádegas e não têm efeito rebote [reaparecimento]”, avisa Ligia. “Já os de ácido salicílico e retinoico moderados podem ser usados em zonas de atrito, desde que bem indicados e realizados.”  

A utilização de laser para tratar escurecimento corporal é raro, pois o perigo de agravar o problema nas zonas de atrito é considerável. Segundo Apolonia, os cremes geralmente já são suficientes para melhorar o problema. No entanto, Ligia explica que, em casos de manchas resistentes, o laser Starlux pode ser mais uma solução, desde que sejam realizados testes prévios. Para Adriano Almeida, o tipo CO2 em potências brandas também seria uma opção na guerra contra o escurecimento de áreas do corpo.