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Saiba como é procedimento que implanta pelos pubianos e custa US$ 10 mil

Getty Images
Imagem: Getty Images

Denise de Almeida

Do UOL

05/05/2017 23h09

Embora o Brasil seja referência em depilação feminina nas áreas íntimas – o que levou, há alguns anos, a popularizar o termo brazilian wax nos Estados Unidos para designar a conhecida "virilha cavada", uma brasileira tem feito o procedimento contrário na terra do Tio Sam. Alessandra Juliano, dermatologista e tricologista, acaba de realizar um implante de pelos pubianos na Califórnia.

Em entrevista ao UOL, a especialista contou que a técnica, que pode custar até US$ 10 mil, é procurada principalmente por mulheres de origem asiática ou italiana, na fase pós-menopausa. Segundo ela, na cultura desses países ostentar pelos pubianos é um dos sinais de beleza e jovialidade. Então, como os pelos vão rareando com o passar dos anos, muitas recorrem ao implante capilar na região pubiana.

"Infelizmente, por ser uma área íntima, é muito difícil quantificar o número de transplantes pubianos feitos atualmente no mundo. Muitos deles nem são reportados", revela. A médica conta que muitas mulheres transgênero também adotam o procedimento, após a cirurgia de redesignação.

Como funciona a técnica?

Alessandra explica que tudo é feito com anestesia local e não há necessidade de um centro cirúrgico, já que é um procedimento subcutâneo. É bem parecido com o implante capilar chamado popularmente de "fio a fio".

A equipe médica seleciona pelos de outra parte do corpo, geralmente cabelos, e implanta fio por fio na área desejada. No procedimento feito recentemente por Alessandra em uma senhora asiática de 62 anos, foram retirados cabelos da parte de trás do couro cabeludo, em uma técnica chamada FUE, que em inglês significa "unidade de extração folicular". Tudo feito com auxílio de lupas.

Tudo é tão pequeno que a lâmina usada para os cortes tem diâmetro de 0.8 milímetro. "Pensa em uma lapiseira 0.8. Com ela, a gente remove cabelo por cabelo da região de trás do couro cabeludo. Nos homens, a gente pode tirar cabelos também da região da barba ou das axilas, apesar da cirurgia ficar um pouco mais complicada, nesses casos", explica.

Como os cabelos geralmente têm diâmetro um pouco menor do que os pelos pubianos, os especialistas transportam as unidades foliculares como em grupos. "O resultado final fica bastante natural, uma vez que a técnica é muito delicada", garante Alessandra.

Ela conta que os cabelos da parte posterior são escolhidos justamente por não sofrerem ação de hormônios durante o envelhecimento. "Esses cabelos vão ficar lá para sempre, vão crescer para sempre", afirma.

"A questão é que o cabelo da região pubiana tem uma velocidade de crescimento diferente do cabelo no couro cabeludo. Então, às vezes, você vai ter que aparar o pelo com uma frequência maior, porque eles crescem bastante", alerta a especialista.

Seis horas de cirurgia

Como é muito artesanal, essa cirurgia é bastante trabalhosa e requer uma equipe maior para realiza-la. A tricologista conta que o procedimento que realizou durou seis horas e teve cinco profissionais envolvidos.

"A gente tira fio por fio, depois trata fio por fio sobre microscopia e depois implanta fio por fio. Então estamos falando, para cada cirurgia, de em torno de 1.500 unidades foliculares. O que representa, em média, cinco mil movimentos. É por isso que a gente precisa de uma equipe bem treinada para fazer o procedimento", explica.

Segundo a médica, o mais difícil deste tipo transplante é esse trabalho artesanal. O procedimento requer ainda atenção às particularidades da região pubiana. "Tem que seguir a anatomia da distribuição dos pelos pubianos, para ficar bastante natural. Geralmente, a região pubiana tem a pele um pouco mais elástica, mais maleável. Durante a implantação isso dificulta um pouquinho mais do que quando se faz transplante na região do couro cabeludo", conta Alessandra.

Depois de todo o processo realizado, a paciente ainda deverá ter cuidados especiais no pós-operatório. Além de manter tudo muito limpo e trocar os curativos diariamente, são necessários cinco dias sem usar roupas íntimas após a cirurgia. "Requer realmente um cuidado especial. O maior risco de não sucesso do procedimento é realmente uma infecção pós-operatória, já que é uma região bastante colonizada com bactérias", orienta a médica.