Topo

Marca de cosméticos está se renovando para atender às mulheres muçulmanas

A influenciadora muçulmana Dina Tokio - Reprodução/Instagram/dinatokio
A influenciadora muçulmana Dina Tokio Imagem: Reprodução/Instagram/dinatokio

Sterling Wong e Lisa Du

Bloomberg

19/09/2017 16h40

A maior fabricante de cosméticos da Coreia do Sul está renovando seus produtos para se adequar às mulheres muçulmanas e de pele mais escura no Sudeste Asiático e tentar recuperar os negócios perdidos devido a tensões políticas com a China em relação a um sistema de defesa antimíssil.

A "Amorepacific" está avançando com mais força na Indonésia, em Cingapura, na Malásia, na Tailândia e no Vietnã com uma linha que considera os distintos tons de pele, a umidade da região e a necessidade das mulheres muçulmanas de lavar o rosto cinco vezes por dia antes das orações. Isso marca uma mudança significativa para a empresa com sede em Seul, que gerou cerca de 90% de sua receita no ano passado na Coreia do Sul e na China - onde muitas mulheres são de pele mais clara e o clima é mais variável.

"A diversidade do Sudeste Asiático foi um desafio", disse Robin Na, chefe de operações da "Amorepacific". "A região é um caldeirão de raças em comparação com a China e a Coreia."

O Sudeste Asiático gerou apenas 150 bilhões de wons (US$ 133 milhões) em vendas para a "Amorepacific" no ano passado, menos de 3% do total. A empresa quer triplicar esse número, dado que o mercado de cosméticos e produtos de beleza da região deverá atingir US$ 9,6 bilhões em vendas até 2020, de acordo com a Euromonitor.

A decisão foi estimulada em parte pelas tensões com a China porque a Coreia do Sul abriga o sistema antimíssil Thaad dos EUA, destinado a proteger o país de um ataque norte-coreano. A China é contra o sistema e, logo depois que ele foi implementado, agências de viagens deixaram de vender pacotes turísticos para a Coreia do Sul, onde os bens de consumo são muito vendidos.

Houve 2,3 milhões de turistas chineses menos no período de cinco meses finalizado em julho, em comparação com o ano anterior. Com base na média de gastos dos visitantes chineses em 2016, isso custou à Coreia do Sul pelo menos US$ 4,7 bilhões.

Isso pode ser especialmente significativo para a Amorepacific, porque a China representou 19% da receita no ano encerrado em 31 de dezembro. As ações recuaram cerca de 21% no ano até agora, em comparação com um aumento de 19% no índice de referência Kospi. A ação subiu 0,8 por cento em Seul nesta terça-feira (19).

"O recente conflito político entre a China e a Coreia do Sul representa uma séria ameaça para os negócios dos exportadores sul-coreanos de produtos de beleza", disse Sunny Um, analista de pesquisa da Euromonitor, com sede em Singapura. "Ao mesmo tempo, os mercados do Sudeste Asiático têm crescido com força nos últimos cinco anos."

A participação da "Amorepacific" no mercado de cosméticos da região Ásia-Pacífico dobrou entre 2011 e 2016, para 6%, ultrapassando a Estée Lauder Companies, de acordo com a Euromonitor.

Agora, a empresa está concentrando os esforços no Sudeste Asiático, principalmente através de cinco marcas: "Laneige", "Innisfree", "Etude House", "Sulwhasoo" e "Mamonde". A "Amorepacific" tem cerca de 250 lojas gerenciadas diretamente na região e planeja abrir mais 150 para atingir sua meta de receita de 2020, disse Na.