Comunicação, tecnologia, transportes: como o design vai facilitar nosso dia-a-dia

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A autora aponta o iPad como paradigma para produtos de comunicação, mas desafia designers a desenvolverem melhores soluções para reprodução de conteúdo impresso em meio digital Imagem: Divulgação

ALICE RAWSTHORN

International Herald Tribune

30/01/2011 10h00

Depois de exibir Star Wars para seus alunos, um professor do MIT (Massachussetts Institute of Technology) apontou para um “remote”-como os andróides ou robôs são chamados no filme- com quem Luke Skywalker vinha treinando suas habilidades com o sabre de luz, e disse: “quero que vocês construam um desses para mim.”

Os alunos realizaram o projeto e três de seus andróides estão agora orbitando a Terra na Estação Espacial Internacional. Conhecidos como Synchronized Position, Hold, Engage and Reorient Experimental Satellites -Spheres para encurtar-, eles têm quase o mesmo tamanho de bolas de boliche e estão sendo usados para testar como os astronautas que trabalham na Estação Espacial conseguem fazer acoplagens entre espaçonaves, realizar a manutenção de satélites e conduzir reparos de emergência na gravidade zero.

As lições aprendidas com os Spheres e todas as outras pesquisas realizadas na Estação Espacial, programadas para continuar acontecendo até o final deste ano, serão usadas para desenvolver novas tecnologias, materiais e outros avanços que vão manter os designers ocupados durante as próximas décadas. Os próprios Spheres serão celebrados em “Talk to Me”, uma exibição que será aberta em julho no Museu de Arte Moderna de Nova York que vai explorar o modo como nos comunicamos com os objetos. Entre as mostras vai haver visualização de dados, interfaces digitais, sistemas de sinalização e inovações modestas, porém úteis, como o Cubo de Rubik (conhecido no Brasil como Cubo Mágico) desenvolvido para pessoas com problemas de visão, e no qual os lados giratórios são identificados por símbolos em Braille no lugar de cores.

Atacar um dos assuntos mais atuais no universo do design faz de “Talk to Me” uma forte concorrente a uma das exposições mais memoráveis de 2011. Seu tema subjacente, o impacto da tecnologia no dia-a-dia, será perceptível em todas as áreas do design ao longo do ano.

No campo do design da comunicação, haverá mais avanços na visualização de dados, com novas formas de imagens que vêm rapidamente substituindo tabelas, gráficos e mapas tradicionais como um meio mais limpo e preciso para exibir informações complexas e que mudam rapidamente. Veremos também uma abundância de aparelhos digitais com design de 2011 à medida que os concorrentes da Apple apresentarem suas respostas para o iPad. Tomara que alguns deles sejam mais do que clones pouco inspirados do original.    

Outro desafio será desenvolver aplicativos interessantes para estes aparelhos, bem como para o iPad e para o iPhone, particularmente em áreas como a de publicações, que até agora têm desapontado pela falta de coragem em versões da mídia impressa, como livros e revistas. Os designers podem encontrar também maneiras mais eficientes de nos ajudar a editar a onda de conteúdo digital e resolver os problemas de segurança que ele criar.

Os transportes também serão uma área do design igualmente dinâmica. Algumas das maiores empresas automotivas devem lançar novos veículos elétricos este ano. A Ford e a BMW planejam começar a vender pequenos sedans elétricos, o Focus Electric e o ActiveE, respectivamente. E a Renault vai começar a produzir versões elétricas do seu sedan Fluence e da van Kangoo.

Eficiência energética à parte, estes carros elétricos serão bastante convencionais em termos de conceito e estilo. Um desenvolvimento mais audacioso será a introdução do pequeno Twizy Renault, que deve estar à venda na Europa no final de 2011. Com somente dois assentos, um na frente do outro, o Twizzy vai ter apenas 2,32 m de comprimento, 1,19 m de largura e 1,46 m de altura. A Renault planeja vendê-lo como se fosse um triciclo e não um carro. 

Conforme os veículos elétricos forem alcançando as estradas, haverá pressão em cima dos governos locais e federais para instalar sistemas de recarga eficientes e convenientemente localizados. Isso vai fornecer oportunidades intrigantes para os designers, tanto para criar novas redes de recarga quanto para adaptar a infraestrutura elétrica já existente, como postes de rua e cabines telefônicas.

Outro ponto na inovação dos transportes será o das estradas de ferro, à medida que mais países criarem linhas para trens de alta velocidade de menor consumo. O Automotrice à Grande Vitesse – nome e sobrenome do AGV – o trem de altíssima velocidade desenvolvido pela Alstom na França como o sucessor do Train à Grande Vitesse, o TGV- vai começar a funcionar comercialmente na Itália no próximo outono. Um trem com autoacionamento, com um motor entre cada um dos carros, o AGV atingirá uma velocidade de 360 km/h. Estima-se que ele vai percorrer os 475 km que separam Roma de Milão em cerca de três horas.

Além de ser veloz como poucos tipos de transporte, o AGV foi projetado para ser excepcionalmente econômico no consumo de energia. Usa 15% menos de energia que um trem convenciona e 98% do material empregado na sua fabricação –incluindo alumínio, aço, cobre e vidro– é reciclável. Ele também gera eletricidade a partir do motor e do sistema de frenagem, que devolve a energia ao trem conforme diminui a velocidade.

A eficiência no uso de energia também será um importante ponto na inovação do design doméstico. Teremos também outras melhoras nos sistemas digitais, o que nos permitirá controlar os serviços de casa e, como resultado, usar a energia de modo mais eficiente. A iluminação também vai mudar, posto que as lâmpadas incandescentes começam a desaparecer -a Ikea (loja especializada em mobiliário, decoração e implementos para a casa) parou de vendê-las nos Estados Unidos no dia 1º de janeiro- e surgem experimentos de designers com as mais recentes versões de fontes de energia, como os LEDs (minúsculos e intensos pontos de luz) e os OLEDs (finas tiras de luz).

Como em qualquer outra área do design, a questão crucial é: será que os designers vão aproveitar a oportunidade para desenvolver tipos completamente diferentes de iluminação ou vão somente acrescentar fontes de luz energeticamente eficientes às já existentes?  

O designer israelense Ron Gilad estabeleceu um precedente encorajador ao desenvolver para a empresa italiana Flos uma série impressionante de luzes LED que lavam as paredes com cores vivas. Elas estiveram entre os maiores sucessos da Feira Internacional de Móveis de Milão no ano passado e a nova onda de inovações usando LED e OLED deve ser um dos pontos altos da Feira de 2011 se -e somente se- seus designers forem corajosos e criativos.

Tradutor: Erika Brandão

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