Topo

Descoberta 'cidade subterrânea' que abrigava imigrantes ilegais em Moscou

Oleg Antonenko

Do Serviço Russo da BBC

15/04/2011 07h09

A polícia de Moscou descobriu uma "cidade subterrânea" que abrigava imigrantes ilegais na zona oeste da capital russa.

Segundo autoridades, trata-se de um abrigo antibombas que foi transformado em alojamento por donos de uma fábrica ilegal.

A descoberta foi feita por policiais e agentes do Serviço Federal de Segurança (FSB, sigla em russo) e do Serviço Federal de Imigração. Segundo as autoridades, a "cidade" é habitada por imigrantes ilegais da Ásia central.

"Cento e dez homens e mulheres foram encontrados vivendo na área subterrânea, que era resguardada por um muro de concreto de 4 metros de altura e arame farpado", disse Andrei Mishel, porta-voz do Ministério do Interior russo.

"As áreas habitadas possuíam banheiros, quartos e até salas para oração", afirmou o porta-voz.

De acordo com autoridades, as pessoas que viviam no local trabalhavam na produção de agulhas e lâminas para máquinas de costura.

O porta-voz do Ministério do Interior afirma que a entrada para o alojamento foi encontrada dentro das instalações de uma fábrica abandonada.

A região abriga ainda, além desta fábrica, uma indústria de tecnologia militar que produz sistemas para mísseis S-300 e S-400.

A maioria dos moradores irregulares corre o risco de ser deportado. Dezesseis deles, assim como o dono da fábrica, deverão ser processados por atividade criminosa.

Outras “cidades subterrâneas”

Alojamentos semelhantes foram descobertos em fevereiro, embaixo da estação de trem Kievsky, também em Moscou. Os ocupantes do local também eram imigrantes ilegais.

Relatos dão conta de que eles trabalhavam para uma empresa responsável por limpar a área da estação. Como resultado disto, mais de 30 casos de violações administrativas foram impostos à firma.

Em março, o Serviço Federal de Migração também descobriu uma fábrica de salsichas subterrânea, onde trabalhavam mais de 30 imigrantes do Tadjiquistão e da Moldávia.

Os trabalhadores não estavam registrados oficialmente em Moscou e viviam na própria fábrica, dormindo em camas de madeira feitas por eles mesmos.

Segundo o prefeito de Moscou, Sergei Sobyanin, a capital russa tem cerca de 250 mil imigrantes legalizados, além de milhões de ilegais.

No ano passado, depois de uma série de processos judiciais, cerca de 10 mil imigrantes ilegais foram deportados pelo governo russo.

Opiniões divididas

A questão da imigração ilegal continua dividindo fortemente as opiniões em Moscou.

Em março, o prefeito da cidade anunciou que, ao contratarem empregados, as empresas devem dar prioridade a moscovitas e russos, para só depois abrir espaço aos estrangeiros.

O Departamento Central de Assuntos Internos de Moscou afirma que imigrantes são responsáveis por cerca de 70% dos crimes cometidos na cidade.

No entanto, o porta-voz do Serviço Federal de Migração, Mikhail Tyurkin, disse que de acordo com estatísticas oficiais os estrangeiros são culpados por apenas 3,5% dos crimes cometidos na Rússia.

Recentemente, o representante do Comitê de Investigação da Rússia Aleksandr Bastrykin disse que estes índices de criminalidade se devem às condições em que vivem os imigrantes.