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Restaurante brasileiro ganha prêmio de design da revista "Wallpaper"

Da Redação

15/01/2010 22h38

Foram anunciados nesta sexta-feira (14) os vencedores do Design Awards 2010, premiação promovida pela revista britânica "Wallpaper" que destaca trabalhos de profissionais das áreas de arquitetura, decoração e design em 66 categorias. No site da publicação você pode conferir a lista dos vencedores.

  • Divulgação/Tadeu Brunelli

    Na movimentada Avenida Juscelino Kubitscheck, em São Paulo, o Kaá foi projetado para ser como um oásis para todos os sentidos

Nesta edição do Design Awards, dois arquitetos brasileiros foram reconhecidos: Arthur Casas e Marcio Kogan. O primeiro pelo restaurante paulistano Kaá, que levou o título "Best new restaurant" (melhor restaurante novo) de 2010, deixando para trás projetos no Porto (Portugal), Seul, Buenos Aires e Chicago (EUA). Já Kogan venceu na categoria "Best new private house" (melhor casa nova privativa), com uma residência na Costa Verde, em Paraty, no Rio de Janeiro.

Localizado em São Paulo, na Vila Olímpia, o restaurante projetado por Casas, foi eleito por um júri composto pelo estilista britânico Jonh Galliano, o cineasta espanhol Pedro Almodóvar, o artista plástico belga Carsten Höller, o CEO da News Corp James Murdoch, a designer de interiores Kelly Wearstler e um nomes mais expressivos da arquitetura atual, Steven Holl. O prêmio recebido pelo Kaá soma-se a outros três: o Restaurant Design Award 2009, promovido pelo AIA/LA (American Institute of Architects); Melhor Ambiente 2009, organizado pela revista "Época São Paulo", e Melhor Projeto 2009 na categoria Restaurantes pela revista "Arquitetura e Construção".

Em meio à movimentada Avenida Juscelino Kubitschek, a casa dos empresários Paulo Barroso de Barros, Daniel Sahagoff, Paulo Roberto e Paulo Ricardo Kress Moreira, Edson Cerreti e Luis Antonio Almeida, foi idealizada para ser uma espécie de oásis em meio à selva de pedra paulistana. "Quando me chamaram para fazer esse projeto,  achei o lugar horrível, estreito e comprido, num ponto da Juscelino de tráfego intenso e uma proporção de terreno muito ruim. Mas acredito que os melhores projetos acabam acontecendo em situações difíceis e extremas, e foi exatamente esse o caso do Kaá", conta Casas.

O projeto de Arthur Casas foi inspirado nas residências abertas e arejadas de localidades como Ibiza, Miami e Algarve e possui três ambientes: um lounge, um bar e o restaurante. Nos 700 metros quadrados do salão de pé-direito alto, o arquiteto incluiu um espelho d’água e um teto retrátil. O jardim vertical executado pela paisagista Gica Mesiara reúne sete mil plantas de espécies típicas da Mata Atlântica, como avencas, begônias, orquídeas e samambaias que cobrem totalmente uma das paredes do restaurante. "Essa foi a primeira coisa que pensei: criar um muro verde para eliminar o contato com a cidade, abafar o som externo e remover as pessoas da avenida", diz o arquiteto.

No centro do salão, emoldurado por uma grande estante decorada com objetos indígenas e livros antigos, Casas instalou o bar. No andar de cima, um lounge com vista para toda o espaço tem isolamento acústico e foi desenhado para receber eventos e comemorações. Na área do restaurante, o teto retrátil traz claridade às mesas na hora do almoço. "Percebi que faltava um lugar com área ao ar livre, mas sem contato com a rua, para comer na região, por isso optei por esse tipo de cobertura e muito verde, trazendo a luz do dia para dentro", descreve.

O arquiteto também foi responsável pela criação dos móveis e pela decoração do ambiente. A ideia era levar aconchego para o amplo espaço com tapetes, luminárias e materiais naturais. "Esse é o ponto principal: criar essa sensação de conforto, pois a rua [do restaurante] não é agradavel, nem arborizada", explica o arquiteto.

Modesto, Arthur Casas duvidava que ganharia o prêmio. Contudo, mais uma vez seu talento foi reconhecido, em mais uma demonstração da qualidade da arquitetura nacional.