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Em NY, decoração de apê de US$ 2 milhões inclui esqueleto de caiaque e objetos curiosos

Quarto de hóspedes da cobertura, em Nova York, tem pintura que retrata o Duque de Wellington - Trevor Tondro/The New York Times
Quarto de hóspedes da cobertura, em Nova York, tem pintura que retrata o Duque de Wellington Imagem: Trevor Tondro/The New York Times

EMILY WEINSTEIN

The New York Times

30/12/2011 07h00

Nova York - Hollister e Porter Hovey são irmãs e blogueiras conhecidas em Nova York por seu senso de estilo: o loft que decoraram, no Brooklyn, foi criado a partir de elementos que remetem a retratos de lojas vintage e uma espécie de “memento mori”, ou seja, algo que valoriza a vida, por lembrar sua efemeridade. O projeto atraiu inúmeros admiradores virtuais. Antes dele, porém, as irmãs não haviam decorado qualquer outra casa.

Hollister é diretora sênior de uma empresa de comunicação que presta serviços a planos de saúde. Enquanto Porter, até pouco tempo, trabalhava como relações públicas na indústria musical (ela também é fotógrafa e produziu as imagens para um livro de decoração que será publicado em 2013 pela editora Rizzoli).

Apesar de terem ponderado sobre a ideia de abrir um escritório de design de interiores por anos, o projeto só saiu do papel quando Peter Jenkins as convidou para decorar a cobertura no Brooklyn, em uma das torres do condomínio de luxo beira-mar, Edge. Nascia o Hovey Design.

O espaço

Jenkins bancou o risco que o gosto pouco convencional da irmãs oferecia e, assim, assegurou-se de que a decoração de sua casa norte-americana seria tudo, menos genérica. Ele, executivo de um consultora e cofundador da gravadora independente Stranger Records, se divide entre duas residências principais em Dubai e Hong Kong e passa muito tempo em quartos de hotel.

Quando adquiriu a cobertura de cerca de 195 m², em julho, por US$ 2,15 milhões, Jenkins procurava algo que “tivesse um pouco mais de mim mesmo”, conta. “Eu não queria um lugar que se assemelhasse a um quarto do Ritz-Carlton ou do Fairmont ou do W.”, explica, cintando hotéis onde costuma se hospedar.

O executivo conheceu Porter na empresa que gerencia – ela havia trabalhado como assistente lá, até o último ano – e quando ele pediu a ela uma sugestão de um decorador para seu novo apartamento, Porter rapidamente ofereceu os serviços das “irmãs Hovey”.

  • Trevor Tondro/The New York Times

    Esqueleto de caiaque com seis metros é um dos destaques da decoração do apartamento em NY

Em busca do tempo perdido

Jenkins fez poucas exigências: nada de tecidos florais, nada de taxidermias. E pediu que os autofalantes estéreo fossem posicionados a distâncias determinadas e longe cerca de 9 cm das janelas. Isso, em particular, não era negociável, pois Jenkins é fanático pela boa acústica. ("Como comumente acontece, o espaço é ótimo para Bach", ele diz, "mas não tão bom para Lana Del Rey", a cantora indie que lançou seu primeiro single “Blue Jeans” pela gravadora de Jenkins, a Stranger Records).

As irmãs Hoveys buscaram uma abordagem proustiana para decoração, enchendo o apartamento com objetos que, esperavam, evocassem memórias. As escolhas foram baseadas nas informações que elas conseguiram através de um questionário respondido por Jenkins sobre assuntos que abordavam seus filmes e brinquedos favoritos, por exemplo. Essa técnica caracterizou o cliente como “um pouco desajeitado”, como conta o próprio Jenkins, “mas acabou por me trazer coisas que genuinamente me interessam”, conclui.

O resultado é um interior pontuado por detalhes inesperados, como um gerador de sinais de radiofrequência da época da Segunda Guerra Mundial instalado no quarto principal da cobertura. Jenkins, que se formou em engenharia pela Universidade de Cambridge, diz que, quando criança, tinha fascinação por descobrir como as coisas funcionavam: “eu costumava amar os rádios”.

Saiba como usar

Na casa também está um caiaque Klepper, que as Hoveys acreditam datar dos anos 1950, e que remete a um planador de madeira de baixa densidade construído por Jenkins quando ele era um adolescente.

O caiaque foi desmontado e dividido em dois pacotes na Dickinson’s Antiques em Beacon, Nova York. Lá, onde as irmãs fizeram grande parte das compras, o dono da loja não soube precisar as dimensões do barquinho. A resposta exata – pouco mais de seis metros – só foi descoberta quando o esqueleto estrutural se mostrou curto o suficiente para ser afixado verticalmente em uma coluna sem atingir o teto.

Jenkins diz que admira não só a habilidade das irmãs Hovey em encontrar objetos vintage incomuns, como também a forma como elas os empregam na decoração.

O caiaque é “genial”, ele diz. “Eu adoraria ter imaginação para pensar em algo assim”. Como Hollister determinou, durante a instalação do esqueleto,  “é como definir a ereção de um homem”.  Então, próximo do fim da suspensão do objeto, Porter assinalou, “isto poderia se tornar um impressionante lustre”.

*Tradução: Daiana Dalfi