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Aprenda como atrair pequenos animais para o seu jardim

Pássaros, borboletas e outros bichinhos ajudam a equilibrar a vida no jardim. Aprenda a atraí-los - Getty Images
Pássaros, borboletas e outros bichinhos ajudam a equilibrar a vida no jardim. Aprenda a atraí-los Imagem: Getty Images

Juliana Nakamura

Do UOL, em São Paulo

14/02/2012 13h24

Um jardim ganha cor, vida e alegria quando é visitado por pássaros e borboletas. Esses pequenos bichinhos voadores costumam aparecer naturalmente em locais de flora exuberante. Mas, quando o jardim está em meio ao concreto das grandes cidades, pode ser preciso lançar mão de táticas especiais para atraí-los.

São vários os benefícios proporcionados por essa relação mais próxima e harmoniosa entre homem e natureza. Para os animais, há a oferta de água e alimento frescos, bem como de um local aprazível para descansar e viver. Os jardins ganham com a polinização de plantas, enquanto seus usuários lucram com o convívio lúdico com esses animais.

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    Arborizar o jardim garante abrigo para os pássaros. Ofereça casinhas para espécies como a corruíra

“Atrair aves pode ser uma atividade agradável para pessoas idosas e também uma ótima oportunidade para a educação ambiental das crianças”, salienta Luiz Fernando de Andrade Figueiredo, do Centro de Estudos Ornitológicos. “É possível admirar e manter os passarinhos perto, sem aprisioná-los em gaiolas. Basta tornarmos o lugar em que vivemos mais seguro e agradável para esses animais”, acrescenta o especialista.

Passarinhos

As estratégias para atrair pássaros para um jardim se baseiam principalmente na oferta de água, alimento e locais seguros para reprodução e permanência.

A prática mais utilizada é a instalação de comedouros com grãos, sementes e frutas. Há uma infinidade de modelos, de cerâmica, madeira e até de aço forjado. Muitos, inclusive, podem ser feitos em casa, aproveitando materiais que seriam descartados, como garrafas pet e embalagens longa vida.

Para compor o comedouro, vale usar quirela de milho, sementes de girassol, painço (cereal) e rações comerciais para aves. Frutas como laranja, abacate, banana e, principalmente, mamão, também são muito apreciadas.

No hemisfério norte, uma forma de alimentar os pássaros largamente difundida é o biscoito de sementes pendurado em galhos de árvores. Feito de forma caseira, ele é preparado a partir de uma mistura de sementes envoltas por gelatina sem sabor, que ajuda a dar forma sólida ao biscoito.

Porém, há quem veja esse modelo de atrativo com ressalvas. Figueiredo, do Centro de Estudos Ornitológicos, lembra que é importante que o comedouro não impeça as aves de retirarem as cascas das sementes se assim desejarem. Isso porque há espécies que passam mal ao comerem sementes com casca. “As granívoras sabem tirar as cascas das sementes antes de comê-las. Entretanto, se as sementes estiverem envolvidas por gelatina, que é úmida, a retirada da casca será dificultada”,afirma.

Limpeza é fundamental

Mas, não basta criar um depósito de comida. É importante manter o comedouro constantemente limpo para evitar que apareçam moscas e outros insetos. O mesmo cuidado deve ser aplicado aos recipientes de água, que precisam ser bem limpos e escovados pelo menos a cada cinco dias para evitar que se transformem em lugares de reprodução do mosquito transmissor da dengue. No caso de pequenos lagos, recomenda-se a manutenção de pequenos peixes capazes de comer eventuais larvas.

Atualmente, o uso das tradicionais garrafinhas com água açucarada é questionado, pois poderia ser prejudicial para os beija-flores. Mas, segundo Figueiredo, a utilização é admitida, desde que alguns cuidados sejam tomados: “Primeiro, deve-se adotar a proporção adequada de água e açúcar (uma medida de açúcar, de preferência cristal, para quatro medidas de água). Além disso, a solução deve ser trocada e o bebedouro bem lavado diariamente ou, no máximo, a cada dois dias”, recomenda.

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    Ofereça alimentos adequados aos pássaros. Os comedouros devem ser periodicamente higienizados, evitando assim a proliferação de insetos e a contaminação por microrganismos

O problema, segundo o veterinário especializado em aves Eduardo Reinert Barros, do Consultório das Aves, é que, assim como o açúcar refinado é nocivo para humanos, pode também fazer mal aos passarinhos. “O ideal seria usar produtos próprios para este fim, como o néctar para beija-flor”, sugere o veterinário, completando que algumas marcas disponíveis no mercado contêm em sua formulação outros nutrientes importantes para a saúde da ave.

“Devemos tomar cuidado para não viciar o passarinho nestes bebedouros. O beija-flor, por exemplo, precisa buscar fonte de proteína ingerindo pequenos insetos que encontra na natureza. Se ele ficar muito acostumado com o bebedouro pode deixar de procurar estes insetos e sua dieta ficará desbalanceada”, afirma Barros.

Quem não dispõe de um amplo jardim não precisa se privar da alegria dos pássaros. Mesmo pequenos espaços podem receber comedouros. Porém, em qualquer dos casos, é preciso ter cuidado para não transformar esse atrativo em um chamariz para pombos domésticos, causadores de diversos problemas de higiene e saúde. “Uma tela que permita a passagem de aves menores e impeça a entrada do pombo pode ser uma solução”, sugere Figueiredo.

Em áreas urbanas, um grande predador dos pássaros são os gatos. Portanto, não faz sentido atrair aves para lugares onde ficarão mais sujeitas a ataques de felinos. Além disso, segundo o pesquisador do Centro de Estudos Ornitológicos, é importante observar se há vidros nas áreas para onde as aves são atraídas. Se houver, eles devem ser disfarçados com a colocação de adesivos, telas, etc., para evitar riscos de colisões.

Comida não é tudo

Além de comida, as aves buscam lugares onde elas possam se esconder e pernoitar. Por isso, arborizar ao máximo o local ou plantar espécies arbustivas são maneiras de fornecer abrigos aos animaizinhos.

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    Aposte em composições vistosas para atrair borboletas, mesmo em jardins pequenos e floreiras

Algumas espécies que se aproveitam de cavidades para fazerem seus ninhos tendem a ser atraídas, também, por caixas feitas de madeira ou outros materiais. Esse é o caso da corruíra, do periquito-verde e dos pica-paus.

Borboletas

Para quem prefere atrair borboletas, a dica é cultivar flores que oferecem néctar. Até mesmo em varandas ou pequenas sacadas é possível criar mecanismos “para a sedução” desses insetos coloridos. Basta ter algum espaço para cultivar flores.

“Em sacadas muito pequenas, deve-se privilegiar o plantio de uma única espécie que possa ficar com uma floração bem densa”, recomenda Relindes Fonseca, do Borboletário Shangrilah.

Assim como ocorre com os pássaros, frutas como melão, melancia e banana madura também chamam a atenção de borboletas, que tendem a aparecer em dias ensolarados.

Mas, se o objetivo é fazer com que as borboletas fixem residência no jardim, a saída é mesclar espécies de plantas com néctar e espécies hospedeiras, onde os insetos poderão depositar seus ovos. “As plantas podem ser agrupadas por cores, fazendo touceiras da mesma espécie para dar volume ao jardim”, explica Relindes Fonseca.

Entre as preferências das borboletas estão espécies como hibisco (Hibiscus rosa-sinensis), duranta (Duranta repens áurea), maria-sem-vergonha (Impatiens walleriana), lavanda (Lavandula sp) e margarida (Chrysanthemum leucanthemum). “As trepadeiras também são ótimas, assim como a madressilva (Lonicera japonica), a margarida-mexicana (Tithonia rotundifolia) e o maracujá (Passiflora sp), que são excelentes hospedeiros”, cita Fonseca.

Nada de veneno, nem captura

Um grande equívoco quando se pretende atrair animais para o jardim é empregar agrotóxicos. Afinal, insetos e passarinhos são muito sensíveis aos malefícios de produtos químicos altamente tóxicos. “No caso das borboletas, muitos erram ao não reconhecer as lagartas como parte do processo de metamorfose, tratando-as como uma praga que precisa ser eliminada”, alerta Fonseca.

Vale lembrar que é crime capturar uma borboleta em plena natureza e levá-la para casa, mesmo que seja para soltá-la no jardim. “O melhor mesmo é atraí-las com as plantas e deixar a natureza seguir seu curso”, conclui Fonseca.