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Reforma cria uma área para hóspedes em casa de campo modernista na Inglaterra

O pavilhão de hóspedes é formado por duas caixas de vidro, com quartos e banheiros idênticos - Andreas Meichsner/ The New York Times
O pavilhão de hóspedes é formado por duas caixas de vidro, com quartos e banheiros idênticos Imagem: Andreas Meichsner/ The New York Times

Caroline Ednie

Do The New York Times, em Horsmonden, Inglaterra

11/07/2012 07h20

Horsmonden, Inglaterra – “Não é uma casa grande, mas parece infinita porque você olha através dos jardins e enxerga 5 quilômetros além”, diz Remy Blumenfeld a respeito de sua casa com paredes de vidro. “É como viver no topo das árvores e dormir sob as estrelas.”

Blumenfeld, 46 anos, produtor de TV, é dono de uma casa de campo modernista desde 1999. Criada pelo arquiteto britânico Michael Manser para um membro do Parlamento, em 1969, a casa, conhecida como Solar do Cavalo, está em uma área de 23 acres (aproximadamente 9,3 hectares) nos campos da região de Kent. 

Então não é uma surpresa que Blumenfeld, embora tenha uma casa em Londres, passe muito tempo aqui ao lado de seu companheiro, Henryk Hetflaisz, um fotógrafo de 33 anos.

“Este é um lugar que gente quer compartilhar com as pessoas de quem gostamos ou que queremos conhecer melhor,” diz Blumenfeld. “Em Londres, a gente conhece as pessoas geralmente em almoços ou jantares, mas não dá para realmente conhecê-las assim. Você consegue fazer amigos ao convidá-los para passar um final de semana em casa”.

A casa, entretanto, possuía um grande defeito: seu tamanho.

“A casa é muito pessoal para que a gente a divida com pessoas que conhecemos pouco”.  

  • Andreas Meichsner/ The New York Times

    No quarto do casal, a chaise longue de 1971 de Verner Panton

A solução, Blumenfeld decidiu, foi uma área de convidados, “algo que ecoasse a casa original, mas que não a copiasse”.

Ewan Cameron, o arquiteto escocês contratado para fazer o projeto, criou uma estrutura simples dividida ao meio por duas paredes de concreto que formam uma passagem estreita. Em ambos os lados há um quarto e um banheiro contidos em caixas de vidro idênticas.

“O instinto foi criar algo leve e que concordasse com a construção de Michael Manser”, disse Cameron, que esteve trabalhando no Oriente e “ficou admirado com os templos e jardins de Kioto, no Japão, e com os jardins Suzhou da China”.

 “Há um nível de consideração com o design dos jardins e a arquitetura que eu nunca havia visto antes, uma sutileza e uma suavidade nessa relação, assim como uma atenção incrivelmente rigorosa aos detalhes e materiais”, descreve Cameron. “Esta foi a inspiração por trás do design do telhado e a relação entre os decks externos e os jardins.”

O pavilhão levou oitos meses para ser construído. Quando ficou pronto, em setembro, por cerca de 245 mil libras (pouco mais de 770 mil reais), transformou-se no catalisador de outro projeto.

“Não queríamos ser os primos pobres enquanto nossos convidados vivem no luxo”, afirmou Blumenfeld. “Decidimos efetivamente desmontar nossa casa e instalar tecnologias atualizadas. Também acrescentamos isolamento, aquecimento no piso e um novo teto de zinco”, além de uma cozinha maior.

Durante o processo, o interior foi redecorado para refletir como a casa de dois quartos teria sido quando foi construída, no começo dos anos 1970. Entre o mobiliário estavam clássicos modernos como a mesa e cadeiras Tulipa de Eero Saarinen e uma chaise longue de 1971 de Verner Panton.

Como diz Blumenfeld, “há algo de simples e otimista nos anos 70”.

Agora que tudo está pronto, Blumenfeld tem um lugar onde trabalho e vida podem se misturar.

“Não se trata de um espaço físico”, diz. “Um lar tem muito mais a ver com o lugar que você divide com as pessoas que ama.”

E acrescentou: “De certo modo, a casa de vidro e sem paredes pode ser vista como uma metáfora: uma casa não se trata de suas paredes e sim do que você coloca dentro delas”.

Tradutor: Erika Brandão