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Ratos em casa não! Saiba como evitar e combater esta praga urbana

Para evitar que o cheiro atraia estas pragas urbanas, o lixo deve estar bem fechado e acondicionado - Getty Images
Para evitar que o cheiro atraia estas pragas urbanas, o lixo deve estar bem fechado e acondicionado Imagem: Getty Images

Simone Sayegh

Do UOL, em São Paulo

04/05/2013 09h00

Apesar de protagonizarem inúmeros filmes e desenhos infantis, esses animaizinhos na vida real causam tanta repulsa quanto as baratas. Os ratos urbanos, aqueles que vivem pelos telhados, ruas e esgotos das cidades, podem transmitir direta e indiretamente sérias doenças aos seres humanos. Portanto, nem de longe pense em aceitar a presença desse roedor em casa: para evitar o ataque ou então combatê-los corretamente, confira as orientações dos especialistas ouvidos por UOL Casa e decoração.

A origem diz tudo 

“Quando se trata de roedores, seu controle deve começar no ambiente e terminar nos invasores propriamente ditos”, explica o veterinário sanitarista e mestre em saúde pública, Constancio de Carvalho Neto. Todo morador que encontra ratos rondando sua casa deve identificar o que está facilitando a permanência desses animais na residência e onde estão as fontes de alimento.
 
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    Algumas espécies que são ótimas nadadoras entram nas casas através da rede de esgotos

Para isso, o primeiro passo é identificar qual tipo de espécie invadiu a casa para depois saber de onde estão vindo os roedores. 
 
De modo geral, as espécies urbanas podem ser classificadas em residentes e não residentes. As espécies residentes são o camundongo, que habita o interior das edificações e faz ninhos em armários, fogões, geladeiras e até máquinas de lavar roupa, alimentando-se de frutas e alimentos armazenados; e o rato preto, encontrado nos forros das casas, na parte oca de árvores ou em sótãos.
 
A espécie não residente é a ratazana que habita os esgotos públicos ou faz tocas e túneis subterrâneos em terrenos baldios e nas encostas de córregos a céu aberto.
 
Segundo o médico veterinário especialista em entomologia de pragas urbanas, Antonio Queiroz de Almeida Sampaio, as ratazanas são ótimas nadadoras e entram nas casas através da rede de esgotos e sistemas de captação de água pluvial como os bueiros. Esta espécie sai à noite para buscar alimento, mas sempre retorna ao seu ninho original. “Podem aparecer nos ralos e vasos sanitários localizados no térreo das edificações”, completa.
 
Por sua vez, os camundongos podem entrar nas residências trazidos pelos próprios moradores, dentro de caixas de papelão com a mobília, com os eletrodomésticos ou até nas compras da feira. Uma vez dentro, procuram locais seguros para se esconderem.
 
“Antes de trazer esse tipo de embalagem para dentro de casa, vale uma bela inspeção no seu interior”, aconselha o farmacêutico bioquímico, Eduardo Joseph Sayegh. Já os ratos de telhado, atraídos pelo alimento dos animais domésticos, invadem as casas e sobem ao telhado para se abrigar.
 
De acordo com Sayegh, quando existe uma infestação, os sinais são a presença de fezes, alimentos muito roídos e até os cachorros de estimação muito agitados à noite, de uma hora para outra, devido à presença dos roedores.
 
A limpeza do ambiente e o correto manejo do lixo doméstico ajudam a evitar a presença desses infestantes. Sayegh aconselha que a colocação do lixo na rua seja feita próxima ao horário de passagem do lixeiro, para evitar que os sacos fiquem muito tempo expostos atraindo pragas urbanas. “Além disso, devem ser muito bem fechados e acondicionados”.
 
Os restos de ração não comidos por cães e gatos também funcionam como atrativos para roedores residentes ou não, por isso, é melhor não deixá-los expostos nas vasilhas durante a noite. “O ideal é retirar e lavar as vasilhas todas as noites”, orienta.
 
Receitas caseiras perigosas
 
Conforme Carvalho Neto, não existem receitas caseiras confiáveis o bastante para combater os ratos. “Vez por outra surgem certas receitas que pretendem resolver o problema, mas na verdade não conseguem ser efetivas”, diz. 
 
A mais recente foi o uso de feijão cru moído que supostamente mataria os roedores por ser tóxico. “Os ratos e camundongos não sabem disso, mas não ingerem o feijão cru de jeito nenhum, nem se ele estiver camuflado com mel, açúcar, coco ralado ou chocolate”, conta Neto.  Esses animais percebem do que se trata e não comem essa isca por puro instinto de preservação desenvolvido há milênios.  
 
Outra forma “caseira” e muito perigosa de resolver esse problema é o uso dos famosos “chumbinhos”, venenos proibidos em todo território nacional por serem extremamente tóxicos. Mesmo com todo seu poder são, em longo prazo, ineficazes contra os roedores porque agem rapidamente e levam desconfiança ao bando de ratos. 
 
“Por viverem em grupos, para cada animal observado à noite, podem existir mais dez deles naquele local”, salienta Sampaio. Matar rapidamente apenas um animal serve como alerta para os sobreviventes nunca mais encostarem naquela “comida”. 
 
Combate eficiente
 
Os raticidas encontrados em supermercados levam vantagem por serem crônicos, ou seja, demoram alguns dias para matar os roedores e não despertam a desconfiança no grupo, além de serem devidamente registrados e seguros quando utilizados corretamente. 
 
“Os critérios da escolha do raticida são o tipo de espécie invasora, o local a ser tratado e a dimensão do problema, dentre outros”, explica Sampaio. 
 
Segundo Neto, as iscas devem ser dispostas nos pontos onde os ratos foram observados ou onde há fezes visíveis. Onde a isca foi parcial ou totalmente ingerida deve-se dobrar a quantidade do raticida e repetir sua oferta a cada sete dias, até que a isca pare de ser comida. “Depois de ingerida, entre três a sete dias, o rato morrerá em qualquer lugar, portanto cuidado com crianças e animais de estimação”. 
 
As ratoeiras são alternativas conhecidas para combater a presença indesejável desses animais. Para Sayegh, estas armadilhas funcionam se forem corretamente colocadas e em quantidade suficiente, porque se apenas uma for utilizada o cheiro de um possível rato morto pode afastar as outras “vítimas” em potencial.  “São ferramentas de controle interessantes principalmente para camundongos, mas não são muito efetivas para ratazanas e ratos do telhado”, explica. 
 
Quanto aos gatos, eles até que caçam bem os camundongos, mas para enfrentar as ratazanas apenas os cachorros de grande porte são suficientemente ameaçadores. No entanto, os especialistas concordam que, para um controle efetivo, é importante contar com o trabalho de empresas coordenadas por profissionais especializados em medicina veterinária, agronomia, biologia, farmácia e química. 
 
No estado de São Paulo, a APRAG (Associação dos Controladores de Pragas Urbanas) ou a ADESP (Associação das Empresas Controladoras de Pragas do Estado de São Paulo) podem indicar empresas idôneas para realização desse controle.