No Vietnã, casa com telhado de palha e varanda é refúgio urbano
Para Peter Arts e Hedwig Pira não parece fazer tanto tempo que deixaram uma existência confortável na Bélgica para assumir a fantástica tarefa de construir um negócio, uma casa e uma vida em outro país.
Agora, mais de uma década depois, Arts, 51 anos, é o diretor da Saigon River Factory Vietnam, uma fábrica que emprega mais de cem pessoas que criam móveis, pisos e azulejos cerâmicos feitos à mão, com distribuição no mundo todo, enquanto sua esposa, também de 51 anos, é a designer e diretora de arte.
Com uma mudança tão radical e ambiciosa, o objetivo dos dois quanto a um lar era - contudo - modesto: tudo o que eles queriam, lembra Pira, era “um oásis na vida agitada do Vietnã”.
A construção da casa demorou menos que quatro meses - em 2009 -, embora o casal tenha continuado a acrescentar detalhes por mais um ano. O custo total da obra chegou a apenas US$ 75 mil (cifra justificada por Pira como “construir no Vietnã é bastante barato”), mas requer um gasto extra mensal: US$ 1.500, pelo arrendamento do terreno, já que estrangeiros são proibidos de comprar terras no país.
O refúgio
Abrigada em um reduto na periferia da cidade, a casa é, realmente, um refúgio em relação à tumultuada vida urbana do Vietnã, onde as ruas estão quase sempre congestionadas por um mar de motos. Depois de atravessar o modesto portão de metal que funciona como entrada principal, o visitante se depara com um universo alternativo.
A casa com 297 m² se distribui em redor de um pátio tranquilo e a varanda que dá para o jardim não é feita para “repelir” os fenômenos atmosféricos. Isso significa que os moradores da casa – o casal; o filho Simon, de 17 anos; Louis XIV, um Phu Quoc Ridgeback - uma incomum raça de cachorro nativo das ilhas vietnamitas com o mesmo nome - e vários pássaros de estimação, além de outros selvagens e ocasionais, circulam pelos ambientes sem barreiras, livremente.
De quase todos os pontos de observação da casa, incluindo a banheira que fica no banheiro semifechado, pode-se avistar as palmeiras e o “skyline” da cidade.
“Na época das chuvas”, conta Pira, “a gente se entretém com as pancadas diárias.” No verão, a arquitetura da casa, toda aberta, torna o ar-condicionado desnecessário (embora para fugir dos pernilongos à noite a família tenha que dormir sob mosquiteiros).
O elemento mais impressionante da casa é seu telhado de palha. Uma lona à prova d’água entre duas camadas de folhas de palmeiras mantém a chuva e os cocos do lado de fora, embora não ajude muito na questão do isolamento acústico. Certa vez, um visitante acordou no meio da noite com o som de um baque. Era um coco que havia caído sobre o telhado.
Detalhes “próprios”
Persianas prestam homenagem ao passado colonial francês do país, assim como as portas de madeira escura com intrincados entalhes florais que se abrem para o quarto do casal.
Os moradores também contribuíram com trabalhos próprios, é claro. Os azulejos cerâmicos que cobrem uma parede externa e o piso verde-mar que reveste o chão do terraço foram produzidos pela empresa deles.
Tudo isso dá certa qualidade e valor únicos ao interior da residência. Para um casal que desejava viajar meio mundo para construir um lar, tal característica é uma vantagem.
Como Pira gosta de reafirmar, estes ambientes nunca foram pensados com a intenção de serem imaculados. Como a vida fora de sua terra natal, pondera, “eles indulgenciam um pouco de bagunça.”
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