Topo

Estilo neoclássico deixa a decoração chique, mas cuidado para não exagerar

No estar, o arquiteto João Mansur usou peças neoclássicas como a papeleira original do século 19 (à dir.) - Décio Ramirez/Divulgação
No estar, o arquiteto João Mansur usou peças neoclássicas como a papeleira original do século 19 (à dir.) Imagem: Décio Ramirez/Divulgação

Silvana Maria Rosso

Do UOL, em São Paulo

13/05/2014 16h00

O neoclássico é um estilo que renega o rebuscamento e prega a simplicidade e a discrição. Sua origem se deu no movimento neoclassicista, nascido na Europa em meados do século 18, em oposição aos excessos decorativistas e dramáticos do barroco e do rococó. É notório em edifícios públicos e palácios de governos, de grandes cidades como Paris, Londres, Berlim e Viena.

"O movimento abrangeu as artes como um todo, a partir das características estéticas do desenho greco-romano, conhecida como clássica, influenciando diretamente a arquitetura e as artes decorativas", explica o arquiteto Carlos Perrone, coordenador do curso de pós-graduação em Design, da Faap.

Em um primeiro momento, o novo estilo aponta os tempos burgueses que estavam para acontecer após a Revolução Francesa, que rompe com a realeza e se abre para a democracia. No século 19, representava o fiel retrato e a mentalidade da classe emergente.

A arquitetura e o mobiliário tornam-se mais estruturais e despidos de aplicações, marcados por simetria, formas geométricas, colunas, frontões, molduras, folhagens estilizadas e símbolos da revolução, como a lança e a seta. A decoração valoriza a intimidade e o conforto.

Os estilos que marcam o movimento

Alguns estilos de mobiliário destacam-se no movimento, como o diretório e o consulado, que surgem com o início da dominação de Napoleão Bonaparte e são a transição entre o Luís 16 e o império. Esses estilos têm decoração inspirada na Antiguidade clássica, etrusca e egípcia, e usam materiais mais baratos, aplicações com pouco entalhe; a pátina imita o bronze e a marchetaria é abandonada. As cadeiras têm espaldar vazado e pernas simples substituem as do tipo cabriolé, que possui duas curvas, como se tivesse joelho e tornozelo.

O estilo império é ligado à figura e ao gosto do imperador Napoleão. Com a expansão de seu império, o estilo influencia toda a Europa. Os mobiliários apresentam agora linhas mais rígidas e depuradas, superfícies planas. Com a dificuldade de importação, abandonam-se as madeiras exóticas em favor de espécies locais, com acabamento pintado ou dourado, proliferando-se a aplicação do bronze. Aos motivos da Antiguidade clássica juntam-se os de inspiração militar e símbolos relacionados à imperatriz e ao imperador, além de animais fantásticos.

Por fim, o estilo biedermeier surgiu na Alemanha e na Áustria em meados do século 19, como consequência da simplificação das linhas do império. Ele estabelece novos padrões da beleza e da elegância ligados a economia, a praticidade e o mínimo de ornamentação.

Neoclássico hoje

Elementos do estilo neoclássico vêm pontuando momentos da história moderna e contemporânea, sendo mais fortemente recuperado na década de 1970, como explica Carlos Perrone. Hoje, estão presentes, principalmente, na arquitetura. Nos interiores, pincelam ambientes atemporais e limpos, onde se contrapõem a móveis atuais ou compõem com peças de estilo mais rebuscado.

Ao adotar peças neoclássicas na decoração da casa, entretanto, é preciso cuidado, porque o estilo está longe de ser minimalista.

O arquiteto João Mansur diz que, por se tratar de um mobiliário de linhas menos austeras (em comparação com o design atual) e de materiais, às vezes, monocromáticos e com poucos ornamentos, é fácil coordenar o neoclássico com mobiliário e objetos de outros estilos, etnias e até mesmo com design e arte contemporâneos.

"Peças neoclássicas são muito bem-vindas na decoração moderna, elas garantem um ar sofisticado e carregam uma bagagem de história e referências do mundo", opina a arquiteta Brunete Fraccaroli que alerta, "deve-se tomar cuidado, entretanto, com peças mais elaboradas e de cores marcantes, pois podem chamar a atenção de forma negativa e apagar todo o ambiente com o seu peso visual".

Para não errar, o designer Fernando Piva aconselha: "selecione algumas peças clássicas e combine-as com outras de linhas retas, simples e modernas, de forma a obter um conjunto harmônico, onde um objeto valoriza o outro. Tons neutros, com algumas ‘pitadas’ de cores vivas também ajudam neste processo”.

A melhor fórmula é usar a intuição e bom senso sem exagerar.