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Sistemas armazenam água das chuvas para a rega dos jardins

Sobre a laje, o jardim tem um substrato com tecnologia que retém a água da chuvas - Divulgação/ Sky Garden
Sobre a laje, o jardim tem um substrato com tecnologia que retém a água da chuvas Imagem: Divulgação/ Sky Garden

Juliana Nakamura

Colaboração para o UOL, em São Paulo

13/11/2015 07h06

A necessidade de criar mais áreas verdes nos centros urbanos e de racionalizar o uso de recursos naturais vem impulsionando a procura pelos jardins “auto irrigáveis”, capazes de armazenar água das chuvas.

Empregados em amplos gramados, telhados verdes, hortas e jardins verticais, esses sistemas conseguem reduzir em até 60% o consumo de água para a manutenção da área ajardinada. Além dessa economia, esses jardins podem agregar conforto térmico para a edificação quando projetados em coberturas.

Módulos plásticos

No Brasil, umas das tecnologias que captam a água pluvial para irrigação dos jardins sem necessitar de bombeamento e de energia elétrica consiste em um sistema formado por módulos plásticos (infográfico 1). 
 
Apoiados em pedestais sobre a laje previamente impermeabilizada com manta asfáltica, o conjunto cria um vão que represa o volume das chuvas. As mantas geotêxtil e anti-raiz sobre esses módulos garantem o fluxo sem interrupções ou entupimentos.
 
A solução vem sendo empregada por grandes construtoras, principalmente nas áreas comuns de edifícios corporativos, comerciais e residenciais. Nesses casos, as plantas aproveitam-se da água retida sob a terra por capilaridade, ou seja, o sistema funciona como um lençol freático artificial garantindo a irrigação do solo de baixo para cima.
 
A capacidade de armazenamento varia de acordo com o projeto. Por exemplo, um sistema com sete cm de lâmina de água permite acumular 70 litros de volume pluvial por m². 
 
Diferentes espécies vegetais podem ser cultivadas nesses jardins, de gramíneas a árvores de pequeno porte. No caso de chuvas intensas, um dispositivo de drenagem permite o escoamento do excesso, impedindo que o solo encharque. Em épocas de estiagem prolongada, o jardim pode ser alimentado pelo abastamento de água da edificação.
 
Substrato japonês
 
Outro jardim “auto irrigável” baseia-se em um substrato leve (infográfico 2) desenvolvido no Japão com taxa de decomposição de apenas 1% ao ano, o que possibilita a construção de áreas ajardinadas duráveis.
 
O sistema é bem simples e dispensa o uso de caixas e estruturas sintéticas. O substrato é depositado sobre uma manta geodrenante que retém a água pela aeração do solo. A espessura da camada de substrato varia em função da vegetação a ser plantada, entre quatro cm (no caso de gramados) e 20 cm (quando há arbustos). 
 
Por conta de suas propriedades físico-químicas, o material cria um colchão de água entre a camada de substrato e a manta geodrenante. A água fica retida em quantidade proporcional à espessura do sistema. O de 20 cm, por exemplo, segura até 80 litros de água/m².
 
Custos
 
Ambas as tecnologias podem ser instaladas em pequenas áreas gramadas (com dois m², por exemplo) a amplos jardins. O preço varia em função da localização e complexidade do projeto. No caso do sistema baseado no substrato, o custo é aproximadamente R$ 160/m² (pronto). Já no conjunto de módulos plásticos, que requer instalação com mão de obra especializada, o preço gira em torno de R$ 250/m², de acordo com o projeto, espécies de vegetação e quantidade de água a ser reservada.
 
Cuidados extras
 
Diferente dos sistemas que captam a água pelos telhados e armazenam em cisternas, os jardins “auto irrigáveis” são construídos sobre lajes impermeabilizadas. Por isso, antes de sua construção, é necessário que haja uma avaliação da edificação, especialmente com relação à capacidade de suporte de peso da estrutura e estanqueidade.
 
Vale lembrar que nenhuma tecnologia garante o suprimento total de nutrientes das plantas, que devem ser complementados durante a manutenção da área verde. A vegetação a ser plantada também precisa ser cuidadosamente escolhida, dando preferência a espécies rústicas e nativas.
 
Fontes consultadas: Paulo Vinicius Jubilut, sócio-diretor da Remaster; Ricardo Cardim, botânico da Sky Garden; Juliana Lahóz, arquiteta e paisagista; Lucia Manzano, arquiteta e paisagista.