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Casa sem tanque e outras coisas que os brasileiros estranham no exterior

Em muito países, as casas não têm lavanderia. A lavadora fica na cozinha, banheiro ou em um espaço comum do prédio - Getty Images
Em muito países, as casas não têm lavanderia. A lavadora fica na cozinha, banheiro ou em um espaço comum do prédio Imagem: Getty Images

Marcelo Testoni

Colaboração para o UOL, em São Paulo

14/06/2016 15h47

Um dos pontos altos de viajar ou morar fora do país é conhecer diferentes povos e suas formas de vida. Mas passar pela experiência de dividir o mesmo teto com pessoas de outras partes do mundo requer bom-senso: você pode até achar estranho um objeto ou hábito doméstico, mas não pode desrespeitar a cultura alheia. Veja alguns exemplos de costumes em casas australianas, chinesas e irlandesas com que você pode se deparar por aí.

Na Austrália

A pesquisadora Vivian Cannato viveu na Austrália em 2015 - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
A pesquisadora Vivian Cannato viveu na Austrália
Imagem: Arquivo pessoal
Louças e talheres
A consultora médico-científica Vivian Cannato, 32, morou na Austrália. Ela conta que lá existe um ritual para lavar a louça: primeiro a pia é preenchida com água e detergente. Nela, são mergulhados louças, utensílios e talheres sujos. A lavagem é feita nesta água, assim como o enxágue. Depois, vai tudo para o escorredor. Para que a água não fique muito engordurada e sem restos de comida, é necessário fazer a remoção da sujeira a seco. "Não parece uma técnica muito higiênica para os padrões brasileiros, mas ou é ela ou a lava-louça", afirma Vivian.

Sem desperdícios
Na Austrália, assim como em países europeus ou nos EUA, o hábito de lavar banheiros ou a cozinha jogando água com sabão é raro ou inexiste: "Não é fácil achar rodo ou pano de chão. A limpeza é feita com um esfregão molhado, o conhecido mop", afirma Vivian. No país da Oceania, os banheiros muitas vezes têm descargas antigas e, para compensar o desperdício de 12 litros por acionamento, algumas famílias mantém um balde no banheiro para reutilizar a água do banho, ação também incentivada no Brasil durante a crise hídrica de 2015. E não só isso: em épocas de estiagem, a regra é: evite a descarga, deixe o xixi no vaso sanitário.

Amigo-bicho
Insetos inofensivos geralmente não são combatidos pelos australianos. "Na casa em que morei era comum ver baratas ou aranhas de jardim entrando pelas janelas e frestas, estes bichinhos estão por todos os lugares. Basta enxotar os maiores para fora”, lembra Vivian. A consultora ainda aconselha com bom humor: "Não se assuste se na primeira semana, ao ligar o aquecedor a gás, uma variedade de insetos sair do tubo de ventilação. E se for se queixar ao dono da casa, é possível que você ainda ouça que se trata dos 'bichos de estimação'". 

Na China

A jornalista Nadia Rodrigues viajou à China em 2015 - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
A jornalista Nadia Rodrigues viajou à China
Imagem: Arquivo pessoal
No banheiro
Na China, em muitos locais, o vaso sanitário é fixado rente ao piso e para usá-lo é preciso se agachar. "A maioria dos chineses está acostumada a sentar no chão dos banheiros e eles fazem isso até mesmo nas ruas", comenta a jornalista Nadia Rodrigues, 39, que visitou Pequim em 2015 e ficou hospedada na casa de uma prima. Em shopping centers e edifícios de apartamento modernos você encontra o modelo ocidental, mas típica mesmo é a privada no chão. Os banheiros públicos, além de apertados, geralmente são mal-cheirosos e não têm papel higiênico disponível.

Limpeza tecnológica
De acordo com Nadia, no quesito faxina, esqueça a diarista. Na China, a ajuda vem dos robôs como os limpa-vidros, que são econômicos e capazes de operar em qualquer superfície de vidro plano, a exemplo das mesas de jantar, espelhos e janelas. "Para o robozinho trabalhar, um produto de limpeza é colocado na almofada descartável, que é fixada à base do aparelho", diz a jornalista. Os modelos mais modernos contam com sensores para desviar de obstáculos e detectar o tamanho do local a ser limpo.

Na Irlanda

A turismóloga Diana Marques desde 2014 mora na Irlanda - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
A turismóloga Diana Marques mora na Irlanda
Imagem: Arquivo pessoal
Saiu de moda, vai para a rua
"Na Irlanda, é comum ver móveis abandonados, encostados nos muros e nas calçadas", diz a turismóloga Diana Marques, 28, que mora em Dublin desde 2014. Com uma economia onde o salário mínimo é base para todos e não há tanta desigualdade, o consumo é acessível, mas a política de troca, reaproveitamento e reúso também vigora. Logo, ver coisas sendo passadas adiante em brechós ou antiquários é muito comum e os objetos à disposição nas ruas geralmente estão em perfeito estado e acabam sendo levados para mobiliar novas casas.

Tomada + interruptor
Diana conta que nas casas irlandesas, ao lado de cada tomada, há um interruptor: "Você pode acabar com o celular descarregado, por esquecer de acionar o botãozinho ou terminar pagando contas de energia altas caso deixe coisas ligadas na tomada", ela afirma. Por medida de segurança, os interruptores de luz dos banheiros ficam do lado de fora, ou seja, quando você for usar o sanitário, terá de acender a luz antes de entrar. "Dizem que é para manter a umidade longe dos fios e evitar curtos-circuitos", salienta Diana.

Sem tanque
Na Irlanda, como em outros países da Europa, não há tanques ou área de serviço dentro das moradias. Claro, existem exceções, mas são raras. "Se você tiver que lavar um tênis sujo de barro, terá de fazê-lo na pia do banheiro ou no boxe", diz Diana. Se não existem lavanderias nas casas e apartamentos, então, onde é que fica a máquina de lavar? "Normalmente a máquina (quase sempre o modelo é lava e seca) fica na cozinha, que costuma ser planejada. Outras vezes ela está no 'shelter', um tipo de abrigo nos fundos ou no quintal, o que poupa espaço, mas é desvantajoso no inverno", esclarece Diana.