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Segurança para o casamento real é desafio para a polícia de Londres

Detalhe da fachada norte da abadia de Westminster, em Londres; a igreja, considerada a mais importante de Londres, é onde acontece a coroação do monarca do país - REUTERS/Suzanne Plunkett
Detalhe da fachada norte da abadia de Westminster, em Londres; a igreja, considerada a mais importante de Londres, é onde acontece a coroação do monarca do país Imagem: REUTERS/Suzanne Plunkett

Tom Symonds

Da BBC News

21/04/2011 17h28

A polícia britânica finaliza os preparativos para garantir que não ocorrerá nenhuma falha na segurança em Londres durante o casamento do príncipe William e Kate Middleton, no dia 29 de abril.

 
O trajeto de 2.140 metros entre a Abadia de Westminster e o Palácio de Buckingham, que será percorrido pelos recém-casados e seu cortejo, representa um grande desafio para os cerca de 5 mil policiais, na ativa ou reservistas, que vão trabalhar no evento.
 
O risco de algum incidente não é fácil de ser calculado. A polícia precisa levar em conta não apenas a probabilidade de algo ocorrer, mas também o impacto disso, caso aconteça.
 
Por exemplo, a chance de alguém na multidão trazer uma arma de fogo e usá-la é considerada pequena. Mas a polícia tem que considerar seriamente a possibilidade.
 
E se algum antimonarquista tentar jogar uma bomba de tinta na carruagem real? Não causaria ferimentos (a não ser na reputação da polícia), mas é bem mais possível de acontecer.
 
A polícia também analisa a ameaça de possíveis ataques de radicais islâmicos. Desde os atentados de 2005 em Londres, a Grã-Bretanha passou por alguns alertas, com a tentativa de explosão no aeroporto de Glasgow em 2007 a que mais perto chegou de ser concretizada.
 
A recente descoberta de bomba na Irlanda do Norte, que levou o governo a elevar a ameaça de ataque de dissidentes irlandeses de moderada para substancial, também é motivo para preocupação.
 
Com isso em mente, a polícia vem fazendo buscas sistemáticas em bueiros, postes de luz, semáforos e outros itens do mobiliário urbano. Uma vez checados, um adesivo é colado sobre qualquer porta ou cobertura onde uma bomba poderia ser plantada.
 
Cães e franco atiradores 
A rota do cortejo real é bastante conhecida da polícia. Tem sido usada inúmeras vezes em cerimônias reais e praticamente cada prédio no caminho é do governo. Seria difícil para alguém armado ou com uma bomba ter acesso a eles.
 
Franco-atiradores vão ser posicionados em telhados, e um helicóptero com uma câmera que pode enfocar rostos em multidões patrulhará o espaço aéreo. Cães farejadores vão estar com antecedência na rota e na abadia.
 
A polícia negou o pedido do grupo Muçulmanos contra as Cruzadas de fazer uma passeata na frente da Abadia de Westminster, embora as discussões prossigam e um protesto estático não possa ser proibido.
 
Após a recente onda de manifestações contra o aumento das taxas do ensino superior no país (durante as quais até o carro do príncipe Charles e de sua mulher foi atacado), há o temor de que algum grupo radical possa tentar chegar perto de veículos de membros da família real.
 
Para conter isso, a polícia cogita deter com antecedência alguns ativistas conhecidos se suspeitar que eles planejam algo. Cerca de 60 deles foram proibidos de entrar na área próxima do Parlamento.
 
No dia do casamento, é possível que objetos sejam arremessados em direção ao cortejo. Há evidências de que manifestantes nos protestos de 26 de março fizeram bombas caseiras.
 
A principal tarefa policial é então monitorar a multidão, estando preparada para qualquer eventualidade. A superintendente Elaine Van-Order, responsável pela área do Mall (avenida que leva ao Palácio de Buckingham) no dia, disse que a polícia estará pronta para agir.
 
“Seremos rápidos ao tomar ações decisivas. Temos um plano de policiamento robusto, não vai ter brincadeira. Este é um evento de comemoração, as pessoas querem ver o casal real no balcão e não manifestações”, disse ela.
 
Encrenqueiros 
A polícia acredita que qualquer manifestante ao longo da rota será cercado de pessoas a favor do evento que podem se sentir compelidos a imobilizar o responsável por um eventual ataque.
 
O ex-responsável pela proteção da família real Ken Wharfe disse que pelo menos um homem armado deve estar em uma carruagem do cortejo, como foi o caso em 1981, durante o casamento de Charles com a princesa Diana. Mas disparar uma arma, apenas em último caso, devido ao risco para as outras pessoas. 
 
A polícia vai se concentrar em procurar possíveis encrenqueiros. Uma equipe vem identificando pessoas com um interesse considerado “pouco saudável” na família real e, em alguns casos, visitando-os. A polícia pode ainda revistar qualquer pessoa considerada suspeita e pedir para que mascarados mostrem o rosto. 
 
Foram aplicadas regras semelhantes para garantir a segurança durante a visita do papa à Londres, em setembro passado. Para a polícia, a possibilidade de alguém atacar a família real em um evento assistido por um bilhão de pessoas é algo a ser evitado a todo custo.