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5 histórias de quem passou por "ghosting", o pé na bunda sem satisfação

Ghosting é o novo "saiu para comprar cigarro e nunca voltou" - Remains/ iStock
Ghosting é o novo "saiu para comprar cigarro e nunca voltou" Imagem: Remains/ iStock

Do UOL

22/08/2017 04h00

Em uma eventual pesquisa no Google, o termo ghosting puxa quase 40 milhões de resultados. Talvez você nunca tenha ouvido falar na palavra e nem lido nada sobre ela, mas existem grandes chances de ter vivido o que ela significa: o abrupto corte de todo e qualquer contato de alguém com quem você -- achava que -- se relacionava, digamos, amorosamente.

Para ter sofrido um autêntico ghosting, tem que ser assim, pé na bunda no pior estilo “saiu para comprar cigarros e nunca voltou”. Ghosting vem do inglês e é uma derivação de ghost, fantasma. Em 2015, a popularidade do termo o fez uma das palavras do ano pelo dicionário britânico Collins.

Encerrar um relacionamento da noite para o dia, cortando todo tipo de comunicação, não é novo. Fato. Mas é preciso observar: em um mundo onde a internet é plataforma constante para as nossas interações, essa prática fica cada vez mais fácil de replicar.

Ghosting por WhatsApp não te parece ~ quase ~ indolor?! 

Reunimos aqui as piores melhores histórias de ghosting já ouvidas em uma apuração de pauta. 

  • Às vezes fico em dúvida se ela realmente existiu

    "Conheci A. em uma boate. Nos esbarramos por alguns noites no lugar, o que fez com que eu já estivesse apaixonada antes do nosso primeiro oi. Foram quatro meses até que a gente começou a se pegar. Ela dormia comigo a semana toda, e eu amava a presença dela. Um dia, A. saiu de casa antes do almoço pra resolver uma questão de cartório. Aproveitei pra fazer um bolo pra quando ela chegasse. Às 17h, o bolo já esfriava e nada dela. Às 17h30, eu quis mandar um WhatsApp perguntando se estava a caminho. Resposta nenhuma. Aliás, ela nem havia recebido a mensagem -- e eu sabia disso porque aqueles dois sinaizinhos de mensagem recebida não apareceram. Bateu um desespero. Liguei pra uma amiga nossa, que disse que também não conseguia falar com A. Até que, 12 horas depois de A. ter saído da minha casa, recebi um WhatsApp de um amigo dela que dizia: A. não vai voltar e pede que você não a procure mais. Custei a acreditar. Um ano depois a vi na rua. Ela também me viu, mas fez que não me conhecia." S., 27 anos, redatora publicitária.

  • Ghosting também é sobre relações de poder

    "No começo do ano passado, passei por um momento de speed-dating: conhecia algumas pessoas, saía em um encontro ou outro, e partia pra próxima. Lembro de uma garota que eu havia gostado muito; tínhamos a mesma idade e bateu uma sintonia no instante que nos conhecemos. Fomos pro shopping, para um show, e nesses poucos encontros já havíamos feito planos para mais uns seis. Um dia ela foi demorando a responder e ficando monossilábica. Entendi o recado. Relacionamentos estão complicados, muita gente parece ter medo de demonstrar sentimento. Tem gente que se aproxima e se afasta sem explicação, tem gente que gosta de manter por perto quem não lhe interessa só pra enaltecer o ego. Daí, quando acaba, preferem fazer silêncio. Isso acaba criando uma sensação de insegurança generalizada. Hoje, acho que o ghosting não tem a ver apenas com falta de interesse, mas com relações de poder." Rodrigo Orge, 28 anos, professor.

  • Entendi que sofri ghosting quando fui bloqueado

    "A verdade dói: já passei por muitos ghostings. Como um gay que transita pelo Grindr e Hornet, me parece até inevitável experiências assim. Mas houve um episódio que me marcou. Conheci um cara através de um desses apps e marcamos um date. O encontro foi bom e a noite acabou indo minha casa adentro. Quando levantamos na manhã seguinte, ele sugeriu um almoço. No caminho, paramos pra comprar um cigarro e, ao chegarmos na porta do restaurante, ele quis fumar. Como não fumo, disse que ia dar uma olhada na loja ao lado. Em poucos minutos, saí e não o encontrei. Caminhei até a esquina procurando. Voltei pra loja pra me certificar que ninguém tivesse ido me procurar. Tudo sem sucesso. Quando peguei meu celular pra mandar um WhatsApp, minha surpresa: a foto de perfil do meu date tinha sumido porque eu havia sido bloqueado. Indignado e ao mesmo tempo sem acreditar, tentei ligar várias vezes. Todas as chamadas foram ignoradas. Já com o estômago embrulhado, tomei um táxi de volta pra casa. Pelo caminho, comecei a rir." Guilherme Takahashi, 30 anos, jornalista.

  • Depois de 12 anos juntos, parou de me atender

    "Estivemos em união estável por 12 anos. Um dia, depois de uma pequena discussão, ele parou de me atender definitivamente. Parece inacreditável, e é assim mesmo. Mandei e-mail, mensagem, liguei na casa e no trabalho dele, deixei recado e nada. Ele simplesmente cortou o contato comigo sem nem ao menos avisar, sem nem ao menos me dar uma explicação.Os primeiros meses foram muito difíceis. Me senti a pior pessoa do mundo, alguém que não era digna de uma resposta. Tentando entender o sumiço dele, comecei até a me culpar. Um ano depois recebi uma ligação da secretária dele. Ele me chamou pra conversar e disse que quem tinha o abandonado era eu." B., 35 anos, figurinista.

  • Nunca mais tive notícias dele

    "Estava morando na Itália e, num fim de semana de fevereiro, decidi encontrar umas amigas que foram passar as férias em Madri. Cheguei na cidade antes delas e estava há um tempo conversando com um cara que tinha sido apresentado por uma amiga em comum. Quando cheguei no hotel, mandei a localização para ele, que disse que iria me encontrar. Ele chegou, tomamos uns drinks e começamos a ficar. Nós transamos e tudo foi muito rápido. Mesmo. O ato levou alguns segundos. Então ele levantou e foi ao banheiro. Voltou alguns minutos depois com as costas avermelhadas e cheias de bolinhas e me disse que estava com uma alergia. Então me perguntou onde tinha uma farmácia. Eu, que não conhecia a região, liguei na recepção do hotel e lá me informaram onde era a farmácia. Quando desliguei, dei as instruções para ele, que desceu para comprar o remédio e nunca mais apareceu." C.T., 28 anos, estudante.