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Ex-anoréxica hospitalizada expõe curvas e faz campanha por "corpos normais"

A britânica Megan demorou dois anos para se recuperar da anorexia - Arquivo pessoal
A britânica Megan demorou dois anos para se recuperar da anorexia Imagem: Arquivo pessoal

17/11/2015 10h22

A britânica Megan Crabbe já foi anoréxica e chegou a pesar menos que 30 quilos. Mas hoje ela é uma ativista que usa o Instagram para celebrar as curvas femininas e uma imagem mais positiva com quase 110 mil seguidores.

Aos 14 anos, como muitas adolescentes, Megan era muito ligada ao mundo da cultura pop que enaltece corpos magros e cinturas finas.

Convivendo com imagens de modelos extremamente magras, Megan começou a fazer uma série de dietas.

Aos 15 anos, com menos de 30 quilos devido à anorexia e em estado grave, ela foi internada.

Dois anos depois, a britânica se recuperou da anorexia. Agora, aos 22 anos de idade, Megan quer convencer os seguidores de sua conta no Instagram (@bodyposipanda) que o peso de uma pessoa não é tudo.

Megan publica fotos sem retoques que exibem seu corpo como ele é: com dobras no abdome, curvas e celulite.

"Não havia muita lógica no que eu fazia (quando tinha 14 anos), eu não via o que os outros viam", disse a britânica em entrevista à rádio da BBC 5Live.

Megan afirma que a anorexia não teve origem em nenhum tipo de problema familiar.

"Minha família sempre me apoiou em tudo. Acho que a influência veio da cultura pop, na qual eu estava tão envolvida, como o resto dos meus amigos."

Fitspiration

"Na internet em geral, e no Instagram em particular, há muita informação sobre 'fitspiration' (uma expressão comum em contas de Instagram sobre fitness, que pode ser interpretada como "inspiração para entrar em forma") que, na aparência, prega a boa saúde e forma física mas, na verdade, é mais para definir o abdôme e alcançar corpos ideais", disse Megan Crabbe à BBC.

Apenas no Instagram há mais de 5,5 milhões de publicações com a hashtag #fitspiration.

"Esta comunidade afirma que você pode sobreviver com uma dieta de couve."

A britânica ficou tão obcecada com estas imagens que, apesar de ter perdido muito peso, sentia que não estava nem perto de se parecer com as mulheres que orgulhosamente exibiam os abdomes sarados.

"A realidade é que eu estava muito mais magra do que elas", afirmou.

Tratamento

De acordo com a médica Cynthia Buliki, professora de Distúrbios Alimentares no Departamento de Psiquiatria da Universidade da Carolina do Norte em Chapel Hill, Estados Unidos, as pessoas que chegam a pesar tão pouco, como no caso de Megan Crabbe, precisam de tratamento médico hospitalar.

"A restauração do peso é um primeiro passo, essencial, mas não é o único", afirmou.

Segundo a médica é preciso também uma "atenção cuidadosa aos problemas médicos e psicológicos associados com o distúrbio alimentar", disse Buliki em entrevista à BBC.

Megan, por sua vez, já não se abala mais com as imagens idealizadas na rede social.

"Agora, quando vejo estas imagens (de corpos 'ideais' no Instagram), elas me levam a enfrentar tudo isto e dizer que estas fotos não são reais, dizer que temos direito de existir como somos", disse Megan.

Para ela, a melhor forma de expor seu caso é se mostrar com roupa de baixo, como fazem as modelos, mas exibindo suas curvas.

"Tenho celulite e, sabe?, você pode ser feliz com isso, sua vida não precisa ser uma tortura constante de dietas e exercícios horríveis", afirmou.

"Você simplesmente precisa existir: pode se exercitar e comer o que quiser, não precisa se desculpar pelo que você é, só tem que aprender a ser você mesma e a se aceitar", acrescentou.